Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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"Hora de aprender e errar"

O estágio pode ser só uma etapa da graduação. Tem quem o resuma à mão de obra barata.

Ganha quem vê o estágio como o momento de aprender a trabalhar. 

É quando o estudante entende o que é um ambiente corporativo, experimenta carreiras, desenvolve fluxos e processos, conhece pessoas. E cresce.  

Como qualquer etapa de desenvolvimento, começar não é fácil. Ainda mais quando a estreia é no bicho de sete cabeças do mercado de trabalho. Um rito de passagem pra todo mundo. Você também já deve ter sido estagiário.

Neste especial sobre o estágio, a Agência de Notícias da Indústria vai mostrar os vários lados do estágio - de estudantes, gestores, ex-estagiários e recrutadores - pra explorar como essa etapa profissional pode ser transformadora.  

A MESTRE DO ESTÁGIO

“Quando a gente fala em ter coragem, lembro muito do processo de troca de curso. Assumir que direito não era pra mim não era e não foi fácil. Fiquei três anos no curso, fiz muitos estágios na área. Só no meio da pandemia criei coragem pra seguir meu sonho: a psicologia”, afirma a estudante.  

De lá pra cá, Beatriz aproveitou todas as oportunidades. Fez estágio em escolas, em órgão público, em clínicas de psicologia. Pela confiança e postura, conversar com ela, invariavelmente, implica em questionar se ela é mesmo estágiária.  

Perguntada se estava nervosa pra entrevista, ela despista. Faz sentido. Entrevista é o job dela. Seu atual estágio, na empresa Audaces, uma indústria de software e máquinas para moda, ela é a responsável pelo recrutamento de novos funcionários. Então, entrevistas são 90% do seu trabalho. 

“Faço de tudo um pouco, tô desde o momento que a pessoa manda currículo até o acompanhamento de trinta dias. A parte mais legal é, com certeza, ver o processo das pessoas. Quando encontro alguém que tem uma impressão positiva ou, quando não, prospectiva, é um sentimento bem massa”, afirma a estagiária.    

Pra ela, tanta experiencia deixou um legado positivo de entender limites, diferenciar um ambiente saudável de um tóxico e não se sobrecarregar. “Temos uma cultura, aqui, de incentivar as pessoas a pedir ajuda. Falar quando não está dando conta não é visto como algo ruim, pelo contrário. Isso abre muito espaço pro respeito e sinceridade”, afirma Beatriz.   

AS (REVIRA)VOLTAS DA VIDA: DO ESTÁGIO À LIDERANÇA


“Se as pessoas conhecessem minha história, soubessem de onde vim, diriam que tudo era desfavorável. Eu sabia que, por conta disso, minha régua era maior, precisava dar mais, entregar mais”, acredita Afonso Almeida, gerente de Negócios do IEL-BA.   

Nascido na periferia de Salvador (BA), o psicólogo de 33 anos representa muitos brasileiros: jovens que precisam encontrar um emprego logo depois ou durante os estudos. “Terminei o ensino médio e já comecei a trabalhar. Foram cinco anos até entrar na faculdade, aos 21 anos”, afirma.   

Afonso enxergou as possibilidades para um estudante de psicologia além da área clínica. No estágio, conheceu a área organizacional da psicologia.   

Sempre com espírito alegre, Afonso relembra o início da jornada profissional. Como estagiário no IEL Bahia, além de se apaixonar pelo trabalho, se deu conta do papel da curiosidade para o crescimento profissional. "Eu explorava, me comprometia, queria conhecer como funcionavam outros setores e entender os processos. Eu tinha em mim essa vontade de crescer, de aprender mais", reflete. 

Contratado depois de formado, após dois anos de estágio, em 2017, ele assumiu a coordenação de carreiras do IEL em 2021 e, em 2024, foi novamente promovido e assumiu o cargo atual. 

“Precisei ter muita resiliência. Mostrar que não estava no cargo para assumir uma posição de privilégios. Queria ser parceiro, contribuir com a carreira do time e colocá-los na direção correta para o crescimento deles e da empresa”, relembra. Hoje, comanda uma equipe de mais de 31 pessoas, com 16 estagiários no time. 

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O ERRO DE AGORA É O ACERTO DE AMANHÃ


Dificilmente Aglaia Souza, 25 anos, tira o sorriso do rosto. Durante a entrevista, a graduanda em psicologia e em recursos humanos estava animada para responder às perguntas. Mas, ao contar uma experiência marcante do último estágio, na Continental Pneus, a expressão mudou.

Quando chegou à empresa, na área de recrutamento e seleção, os gestores avisaram que deslizes aconteceriam e seriam aprendizados valiosos. Mesmo assim, o primeiro erro teve um grande impacto. 

Com cerca de dois meses no cargo, Aglaia estava conduzindo um processo para uma vaga de jovem aprendiz. Cabia a ela informar aos candidatos que uma das etapas era presencial. 

Aqueles que não compareceram foram informados da reprovação. Uma das candidatas se manifestou, questionando a decisão, alegando não ter sido informada a respeito da etapa presencial. Ao verificar, Aglaia percebeu que não havia enviado os detalhes para essa participante. 

“Por causa da idade da candidata, ela não poderia participar de outros processos seletivos de jovem aprendiz. Eu me senti muito culpada. Para muitas pessoas, essa seria a oportunidade de mudar de vida. Fiquei mal porque um simples erro de atenção tirou a chance de ela ingressar em uma grande empresa, com bom salário, plano de saúde e vale-alimentação”, relembra Aglaia. 

Aglaia fez o que pôde e pediu desculpas à candidata. “Lembro de ter chorado muito. Fui acolhida por muitos colegas, que me disseram que erros são naturais e que isso iria transformar meu perfil profissional”, recorda. 

“O bom de tudo isso é que você se importa”, ouviu de um colega. O ato de se importar é torna um processo seletivo mais humanizado. 

Depois da entrevista à Agência de Notícias da Indústria, Aglaia saiu do estágio da Continental para assumir o cargo de analista de recursos humanos na Prosegur. Levou consigo valores aprendidos ao longo dos estágios: empatia, colaboração e, acima de tudo, a humanização. 

A DIFERENÇA QUE UM GESTOR PODE FAZER


Um dos desafios ao lidar com estagiário é a falta de maturidade técnica e emocional. O gestor, nesse processo, assume múltiplos papéis: mentor, coach, professor e, às vezes, até uma figura paterna, que guia o estagiário em seu crescimento.  

“Os estagiários vêm verdinhos, pra muita gente isso pode ser algo negativo. Na minha visão, podemos desenvolver aquele profissional e crescer junto dele”, avalia Felipe Yamashita, 31 anos, engenheiro químico, gestor de relações humanas e coordenador de Aquisição e Gestão de Talentos da Continental Pneus. 

Outro desafio é ajudar o estagiário a evitar erros e "armadilhas" que o próprio gestor já enfrentou. “Podemos aproveitar essa experiência para melhorar a geração de novos profissionais, tornando o processo mais leve”, afirma o gestor. 

UMA PORTA FECHADA, MIL JANELAS ABERTAS (NUMA DELAS TINHA UM PRÊMIO)


Se fosse responder àquela pergunta clássica da infância, Salomão Gondim, 24 anos, diria que queria ser veterinário quando crescesse. Só que quando o vestibular chegou, ele não conseguiu a nota para cursar medicina veterinária em uma universidade federal.

Decidido a começar a educação superior, ao invés de entrar para um cursinho, Salomão entrou para uma faculdade particular de direito, influenciado por uma dificuldade comum a muitos estudantes no Brasil: custo. Foi difícil não seguir na veterinária.

Mas com a ajuda de uma bolsa estudos parcial e uma mensalidade que cabia no bolso – as faculdades nas áreas da saúde costumam ser bem mais caras –, ele resolveu abraçar o curso na Pontíficia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

No estágio, ele descobriu que o mundo do direito era, sim, pra ele. Depois de passar pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ele foi selecionado no Programa de Estágio Trainee, promovido por três escritórios de advocacia GMPR Advogados, Lara Martins Advogados e Advocacia Arthur Rios. A iniciativa inovadora tem o IEL como parceiro e permite que os estudantes tenham experiências profissionais em cada um deles.

“Foi uma experiência legal, atuava nos três escritórios de forma rotativa e conheci todas as atividades, desde a recepção até o acompanhamento de sócios das empresas”, relembra Salomão.

Dois anos depois, Salomão foi promovido a estagiário fixo da GMPR Advogados. Lá, ele criou o projeto “Oficina de Comunicação” para aprimorar as habilidades de comunicação em público, problema enfrentado por vários colegas de faculdade. Após sucesso de execução, o projeto foi inscrito no Prêmio IEL de Talentos de Goiás na modalidade “Estagiário Inovador - Empresa de Micro/Pequeno Porte”, na qual conquistou o primeiro lugar. Agora, ele está entre os finalistas do Prêmio IEL de Talentos, a etapa nacional.

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Os desdobramentos mostraram pra ele que escolher fazer direito foi a decisão certa e que cada profissão oferece muito mais possibilidades do que imaginamos inicialmente. “Não esperava o primeiro lugar. É muito bom perceber que nossas ideias têm valor e são ouvidas. Tudo isso só foi possível graças às pessoas que apoiam novas ideias. O reconhecimento traz a sensação de estar no caminho certo, é como um norte”, expressa.

VOCÊ ACEITA SER MINHA EFETIVADA?
(ELA DISSE "SIM")


Dá pra dizer, tranquilamente, que o IEL foi palco de momentos profissionais e pessoais bem importantes na vida de Ivana Lopes, 25 anos. A funcionária do IEL Bahia chegou ali em 2021, por meio de um estágio na área de recrutamento e seleção. A dica para procurar o IEL foi do namorado, que também buscava oportunidades.

“Tenho uma foto minha chorando depois de saber que eu tinha conseguido o estágio. Eu registrei porque foi realmente marcante”, relembra.

O namoro com Maicon Sousa virou noivado ao mesmo tempo em que o estágio virou emprego. Noiva e formada em recursos humanos, veio uma outra proposta: integrar o quadro do IEL, desta vez como profissional.

O casamento aconteceu numa sexta-feira. Na segunda-feira seguinte, Ivana passou a catraca do IEL Bahia como a mais nova assitente de recursos humanos.

A CLT DE HOJE FOI A ESTAGI DE ONTEM


Todas as empresas enfrentam o desafio de desenvolver e reter talentos. É aquela máxima que circula no LinkedIn: o processo seletivo mais caro é aquele que vai substituir alguém que poderia ter ficado.

Em muitos casos, a lapidação do estagiário dá tão certo que a empresa faz de tudo para manter o talento dentro de casa. E o IEL sabe disso muito bem. A Carla Mendonça, 28 anos, hoje é analista organizacional do IEL de Santa Catarina. Só que ela chegou ali como estagiária do núcleo de projetos do Inova Talentos.

Foi um caminho longo até lá. Paraibana e graduada em engenharia de alimentos pela Universidade Federal da Paraíba, Carla passou por São Paulo e Paraná antes de descer um pouco mais, até se estabelecer em Florianópolis para cursar o doutorado.

Na universidade, soube das oportunidades de estágio no próprio IEL, ajudando na seleção e preparação de bolsistas do Inova Talentos. Seis meses depois, recebeu a proposta de efetivação e se tornou analista organizacional, passando a auxiliar outros estagiários.

“A sensação de reconhecimento pelo trabalho e pela dedicação ao longo do estágio me motivou ainda mais a continuar contribuindo e desenvolvendo. Me lembro bem das expectativas e desafios de quando era estagiária. Poder ajudar novos talentos a encontrar boas oportunidades é como fechar um ciclo”, afirma a profissional.

HORA DE QUESTIONAR E AMADURECER


O final do ensino médio traz muitas incertezas. Dúvidas sobre qual área seguir, se vale mais a pena ir direto para o trabalho ou investir numa formação superior, e qual curso escolher. No meio desse furacão, Marcos Tortato, 26 anos, ouviu dos colegas que o curso de administração era uma formação “coringa”, permitindo atuar em vários setores. 

O estudante decidiu seguir a sugestão e ingressou no curso de administração. Com alguns atrasos, agravados pela chegada da pandemia, ele teve a oportunidade de realizar vários estágios. Ao todo, foram quatro, nos quais atuou em setores financeiros, com rotinas mais "quadradas". 

“Demorei muito tempo para me encontrar dentro do curso, passei por altos e baixos, e me questionei bastante: ‘Será que é isso que eu quero para a minha vida? Trabalhar nesse tipo de área?’. Cheguei a pensar em trocar de curso, mas no meu quarto estágio, tinha que fazer ligações para fornecedores e comecei a gostar daquilo. Achei que seria uma área melhor para mim. Hoje, me vejo como uma pessoa com perfil mais comunicativo, com soft skills voltadas para o comercial”, explica Marcos. 

Marcos descobriu, por meio do LinkedIn, a Asksuite, uma startup de serviços e produtos voltados para a hotelaria. Ele conquistou a vaga, e no quinto estágio tornou-se o mais novo membro da equipe de pré-vendas, formada exclusivamente por estagiários e coordenada por Kamila Cheliga. 

Marcos Tortato ainda enfrentou algumas dificuldades, mesmo após descobrir sua vocação profissional. “Fiquei alguns meses sem bater metas. Quando, finalmente, senti que tinha me encontrado profissionalmente, veio essa ‘maré de azar’. Passei a me questionar se realmente deveria estar ali. Foi então que a Kamila entrou em ação, e se não fosse pela gestão dela, talvez eu não tivesse superado esse momento. Foi um período decisivo, que me fez crescer e amadurecer bastante”, conta. Depois disso, ele só evoluiu na empresa. Em mais de um ano e meio, começou a trabalhar com grandes clientes da empresa, e, com o bom desempenho, foi promovido de estagiário SDR 1 para estagiário SDR 2, com direito a aumento da bolsa. 

Foi quando conversas sobre a possibilidade de efetivação começaram a surgir. No próximo ano, Marcos irá assumir um novo desafio como efetivado do grupo de vendas. Kamila continuará sua chefe e, cheia de orgulho, ela afirma que estão trabalhando juntos para isso.  

"Se eles querem subir para um cargo de vendas, tenho que direcioná-los sobre o que precisam fazer para conseguir. Normalmente, a gente traça esse tipo de estratégia com o time, como é uma empresa que está crescendo, têm oportunidades para todo mundo. Isso é muito legal”, afirma a gestora. 


GEN Z: muita ansiedade e pouca proatividade


A ansiedade geracional tem sido percebida por gestores. Na visão da gerente de talentos do IEL-SC e administradora, Renata Kitamura, 35 anos, o problema afeta tanto estagiários quanto funcionários. Mesmo com pouco tempo na empresa, os colaboradores querem acelerar os processos do plano de carreira, visando cargos superiores e salários maiores. Nesse cenário, Kitamura reforça a importância da orientação e alinhamento de expectativas.  

Outro desafio enfrentado pelos líderes é a falta de proatividade da nova geração. “Muitos estagiários chegam e dizem ‘qual é a minha atividade?’, e seguem apenas com aquilo que foi demandado. Por outro lado, existem aqueles que chegam e dizem ‘como eu posso te ajudar hoje?’ ou ‘concluí minha demanda, mas acho que ficaria melhor de outra maneira’. Esses, que demonstram proatividade, se destacam por ir além e por não fazer apenas o que foi pedido”, expressa Kitamura. 

PARTIU, ESTÁGIO: UMA GUINADA NA CARREIRA


Que tipo de pessoa trocaria um cargo efetivo por um estágio? O estudante Marcos Venancio, 25 anos, é desse grupo raro. Depois de um ano na graduação de engenharia de produção, ele sentiu que aquilo não era exatamente o que ele queria e trancou a faculdade.  

Atrás de novas experiências, conseguiu uma vaga de jovem aprendiz em uma empresa de transporte e turismo, no departamento de contratos e licitações. Coisa de um ano e meio depois, foi efetivado e teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez para trabalhar com monitoramento e gestão operacional.  

Mas um antigo interesse chamava sua atenção. Ainda na época da engenharia, teve contato com a disciplina de psicologia organizacional. Então, surgiu a ideia de iniciar uma nova graduação, agora em psicologia.  

Em pouco tempo, já estava engajado com o curso, e decidiu buscar um estágio para se desenvolver. Passou em um processo seletivo na área de atração de talentos do IEL-BA e deixou um cargo efetivo.

Não faltaram perguntas e opiniões por parte da família e dos amigos. “Você vai ganhar bem?”; “vai mesmo abandonar um trabalho CLT por um estágio?"; “estágio não é certeza de nada”. Mas para tudo isso, Marcos respondia com convicção de que tinha certeza da decisão e seguiria em frente com o estágio.  

Apesar das opiniões, Marcos tinha pensado bastante antes da decisão, e tinha um bom motivo para a mudança.  

“Profissionalmente, a melhor escolha que fiz foi ter entrado no IEL. Eu saí de uma ocupação sem vínculo com meu curso e vim pra um cargo que me posiciona no mercado e na minha área de estudo. Refleti sobre o financeiro, calculei muito e vi que conseguiria conciliar tudo. Apenas decidi colocar minha carreira e minha felicidade como prioridade”, afirma.  

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Na prática, a gente se empolga

Bruno Oliveira, 23 anos, estagiário no Grupo Piracanjuba, começou o curso de engenharia de produção sem muita certeza. “Só depois que assisti ao filme Tempos Modernos me senti inspirado a continuar. Vi a diferença que um engenheiro de produção faz em um chão de fábrica." Na empresa de laticínios, na unidade de Bela Vista de Goiás, ele teve a chance de colocar a teoria na prática. 

O estagiário teve que lidar com nervosismo e teve erros no trabalho, mas vê os desafios como uma chance de aprendizado. “Uma vez, perdi o prazo de uma impressão, acabei atrasando todo o processo de venda e distribuição. Fiquei muito mal, mas meu chefe viu como uma forma de aprender a administrar melhor meu tempo. Agora deixo tudo escrito em planfetos pra ver todo dia minhas demandas”, diz Bruno. 

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No primeiro estágio, a descoberta da vocação

Durante o primeiro estágio, Larissa Martins, 23 anos, teve a confirmação de qual área de atuação deseja seguir. A estudante de engenharia sanitária e ambiental ingressou como estagiária da Novas Participações - grupo que abrange Nova Engevix, Infravix e outras instituições – para realizar atividades técnicas, mas acabou tendo uma “quedinha” por outra área.  

“Depois que tive a oportunidade de trabalhar com gestão, percebi que era a área que mais me identifico e amo. Assim, aos poucos fomos fazendo a migração para essa área de atuação, dentro do estágio. Foi algo muito natural. Hoje, vejo que precisamos entender bem os processos para nos posicionarmos. Por isso, sigo desenvolvendo o conhecimento técnico para aplicar nas atividades de gestão”, conta a estagiária.  

A EVOLUÇÃO DE UM SUPERVISOR DE ESTÁGIO


O primeiro estagiário marca a carreira de um gestor. Um bom exemplo disso é Ercidina Stumm, 50 anos, administradora e gerente de gestão de compras do Grupo Piracanjuba. Ela relembra a primeira experiência como supervisora com um sorriso no rosto e muito carinho nas palavras.   

À época, em outra empresa, acabara de ser promovida de assistente para supervisora. Com uma equipe de duas pessoas, decidiu contratar um estagiário. Logo nas primeiras semanas, o jovem precisaria viajar sozinho para a matriz da empresa, em outro estado. Ercidina estava receosa, mas discutiu a possibilidade com o diretor, que a incentivou a aprovar a viagem.   

“Essa experiência foi muito importante, principalmente para o desenvolvimento da autoconfiança dele como futuro profissional. Tenho muito orgulho desse primeiro estagiário. Hoje, ele continua na mesma empresa, em uma filial na Holanda. Ver o sucesso dele, crescendo e se destacando no mercado, para mim é uma vitória”, conta a gerente. 

De lá pra cá, Ercidina supervisionou muitos outros jovens profissionais. Uma das competências que aprimorou com o tempo foi a habilidade de dar feedbacks.  

“Quando me tornei gestora, era muito mais exigente. Errei muito porque também estava aprendendo a liderar pessoas. Porém, com a experiência que tenho hoje, percebo que consigo desenvolver melhor os elogios e as correções, tanto na parte técnica quanto na comportamental. Eles precisam entender que têm o direito de errar, por isso a correção é muito importante”, afirma.   

UNI, DUNI, TÊ! QUAL ESTAGIÁRIO É VOCÊ?


No universo do estágio, podemos encontrar diferentes tipos de contratos. Do estágio obrigatório, não obrigatório, remunerado, não remunerado, além de estágios em diversos momentos da vida: no ensino médio, superior, tecnólogo e pós-graduação. Até mesmos doutorandos e mestrandos podem ser estagiários.  

Além de encontramos diversos perfis de estudantes, como em qualquer outro “cargo” do mercado de trabalho. Desde os mais “crus” aos mais experientes, dos mais tímidos aos extrovertidos, toda vaga de estágio tem seu match perfeito!  

Estágio no começo, no meio e no fim!


Duas coisas são constantes na vida de Tarciana Nascimento, formada em marketing e gerente de Gente e Talentos do IEL-GO: sorriso no rosto e saltos nos pés. Aos 48 anos, ela comanda uma equipe de quase 50 pessoas, responsáveis pelo recrutamento e seleção de pessoas para oportunidades em empresas. Ela sabe muito bem como é ser estagiária porque esse foi o primeiro cargo dela no IEL. 

Pernambucana, de Recife, Tarciana se mudou para Goiás há 28 anos. Enquanto cursava marketing na faculdade, a oportunidade de estagiar surgiu no próprio IEL. Ela se destacou ao longo dos dois anos de experiência e, ao fim do período, foi convidada a ser funcionária da casa. 

“Depois que virei assistente administrativa, continuei me desenvolvendo porque sabia que teria novas oportunidades pela frente.” Dito e feito. Alguns anos depois, Tarciana assumiu o cargo de gerente, um grande desafio, considerando que ela substituiria uma gestora com mais de 30 anos de experiência. 

Ao longo da carreira, Tarciana entendeu a importância de se adaptar, delegar e construir relações de confiança. Como gestora de pessoas com diferentes níveis de maturidade e experiência, ela valoriza o feedback, o comprometimento e a transparência na relação entre líderes e colaboradores. 

DIPLOMA NA MÃO, E... ESTÁGIO DE NOVO?


O estágio durante o doutorado é possível, mas não é obrigatório. Então, o que faria um doutorando, em meio à toda loucura das pesquisas, se tornar estagiário de novo? Para Luiz Philipi, futuro doutor em engenharia de alimentos, o foco era manter o vínculo com o mercado e exercitar a parte mais prática da profissão. Na metade do curso, ele conquistou a vaga de estagiário do núcleo de projetos do Inova Talentos, no IEL-SC.  

“O doutorado acaba sendo muito solitário. O trabalho de pesquisa é muito teórico, e às vezes a teoria não acompanha a prática. Aí, quando temos esse contraponto com um ambiente dinâmico e mais real, é possível ter uma percepção melhor das coisas. Isso impacta até mesmo na estruturação do trabalho final, no qual podemos escrever um texto mais robusto, porque vivenciamos aquilo”, explica o profissional.  

De cara, ele percebeu ser bem diferente do estágio de graduação, com expectativas e cobranças maiores. Em alguns casos, teve que lidar com projetos de engenharias diferentes, mas foi se adaptando e sempre se esforçou para entregar bons resultados. Conseguiu o maior reconhecimento em agosto deste ano, quando após quase dois anos de estágio, foi efetivado como analista de projetos do Inova Talentos.  

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Um problema dos bons: muito emprego e muita vaga de estágio

O estado de Santa Catarina está em um cenário econômico de pleno emprego, ou seja, a população que busca se inserir no mercado tem conquistado oportunidades de trabalho em pouco tempo. Uma boa demonstração disso é que, de acordo com as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), referentes ao segundo trimestre deste ano, Santa Catarina tem o menor índice de desemprego do país.  Consequentemente, há mais vagas de estágio do que candidatos interessados. Para lidar com esse desafio, o IEL-SC tem focado em novos meios para atrair estudantes. “Uma das nossas inciativas é o novo programa chamado PROTALENT, no qual convidamos empresas a trazerem desafios para universitários resolverem. Nosso objetivo é atrair os estudantes a partir da experiência prática”, explica a gerente-executiva do IEL-SC, Eliza Coral.  

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