A Obramax, que pertence ao grupo francês Adeo, tem seis lojas em funcionamento no país e vai abrir mais três ainda neste mês. Para o ano que vem, são esperadas de oito a dez novas lojas, e outras dez em 2026, afirma Reins. “Temos de três a quatro anos pela frente nesse ritmo, para atingir a população que percebemos que podemos atingir”.
Obstáculos em São Paulo
A presença na capital paulista, onde está a sede da Obramax, não é pequena de propósito. “Gostaria muito de investir em São Paulo”, afirma Reins.
O problema é a regulação urbanística da cidade. Desde a revisão da Lei de Zoneamento, que ocorreu neste ano, para fazer empreendimentos em lotes com mais de 20 mil metros quadrados, é preciso bancar contrapartidas, como doar áreas verdes.
Uma loja da Obramax demanda 35 mil metros quadrados de terreno, afirma Reins. Ali, a empresa constrói o galpão de 18 mil metros, composto pela área de exposição e também de delivery de produtos, focado em itens mais pesados.
Por isso, a empresa “nem tenta” mais a cidade. “Essa regra criou um oligopólio, uma situação onde a concorrência não está mais perturbada por novos entrantes”, afirma o executivo, ponderando que há motivações urbanísticas para a regra.
A rede tem dois públicos-alvos: o pequeno e médio profissional da construção e o consumidor final de classe C, D e E, o que a diferencia da “prima” Leroy, explica Reins, que busca principalmente o cliente A e B.
“Brasil é um pouco grande para nós, ‘europeuzinhos’”
Ele explica, assim, o plano de expansão da Obramax: um eixo que vai de Brasília até Salvador e de Brasília até Porto Alegre. “Chegaremos mais para o Norte, mas é questão de esforço, o Brasil é um pouco grande para nós, ‘europeuzinhos’”, diz o CEO, que também é francês, mas já tem 20 anos de Brasil.
A empresa atua em todas as fases de uma nova loja, da prospecção de terrenos à construção. Cada novo ponto exige um investimento de cerca de R$ 140 milhões e emprega de 150 a 200 pessoas, conta Reins.
Os desafios para a expansão são conseguir prefeituras que colaborem com a celeridade que o grupo quer dar para a abertura dos projetos — ele conta que já ficaram “anos” esperando a aprovação de um projeto —, além de obter a mão de obra necessária.
Oportunidades de aquisição
A Obramax também está aberta a oportunidades de aquisição de lojas de concorrentes, afirma o executivo. “Não compramos ainda, mas temos algumas discussões em andamento”, diz Michael Reins.
A rede chegou a analisar lojas da Telhanorte, rede de material de construção da Saint-Gobain, também um grupo francês, e que estaria à venda há alguns anos. No ano passado, o presidente do grupo na América Latina, Javier Gimeno, negou ao Valor que estivesse vendendo a marca. No entanto, o tipo de unidade daquela rede não se enquadra nos requisitos estruturais da Obramax, por ser menor do que o necessário, afirma Reins.
Crescimento do faturamento
O crescimento expressivo de faturamento está ligado à expansão das lojas do grupo. Mas o executivo afirma que mesmo o indicador de venda nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) tem se mantido acima de dois dígitos ao ano.
Isso vai na contramão do setor varejista de materiais, que, no ano passado, teve queda de 2,8% no faturamento, segundo o índice da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), enquanto a Obramax teve alta de mais de 20%, para cerca de R$ 1,2 bilhão. Para 2024, a rede francesa espera atingir R$ 1,7 bilhão em faturamento e se aproximar dos R$ 3 bilhões em 2025.
O setor como um todo está um pouco mais otimista agora. A Anamaco prevê alta de 1,5% no faturamento em 2024. A indústria de materiais, representada pela Associação Brasileira da Indústria de Materias de Construção (Abramat), revisou sua projeção de aumento do faturamento no ano, de 3% para 4,5%, após uma queda de 2,1% em 2023.
Por Ana Luiza Tieghi
Fonte: Valor Econômico
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