Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O futuro está aqui: a era espacial

A era espacial aconteceu na moda nos anos 1960. André Courrèges e Paco Rabanne, mais do que criar o look do futuro, criaram 

novas formas de se fazer o processo de construção da moda.

Vestido de placas de plástico e aros de metal de Paco Rabanne, de 1967: a moda entra na onda futurista. Foto: V&A

 

Foi no dia 20 de julho de 1969 que a humanidade pisou na Lua pela primeira vez - mais especificamente o norte-americano Louis Armstrong a bordo da Apolo 11. Porém, durante toda a década de 1960, a corrida espacial entre EUA e URSS e seus conflitos tecnológicos (e ideológicos) fizeram do "homem chegar ao espaço" o sonho e a obsessão do momento. A cultura pop e a moda abraçaram esse sonho.

 

Os filmes de Hollywood refletiram bem esse período - Maroc 7 (1967); o icônico Barbarella (1968), no qual Jane Fonda é a sensual guerreira de um futuro distante; e 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick, assim como a série de televisão Star Trek (1966-1969).

Jane Fonda como a Barbarella vestida por Paco Rabanne. Foto: imdb

Na moda, a tradicional alta-costura parisiense estava vendo novos nomes surgirem. Um deles, André Courrèges, definiu os contornos da Era Espacial na moda e fez dela sua marca registrada. Outro é Paco Rabanne, com seus vestidos sem tecido nem costura igualmente futuristas - ele é responsável pelo figurino de Barbarella

 

Depois de ter trabalhado com Cristóbal Balenciaga, Courrèges fundou sua casa em 1961. Engenheiro civil de formação não concluída, Courrèges foi chamado à época de o Le Corbusier da moda. Suas criações não necessariamente respeitavam as curvas do corpo humano, e, mais do que isso, criavam novas curvas, novas formas de elegância - lição esta aprendida com Balenciaga.

 

Foi em 1964, com sua coleção de primavera-verão "Era Espacial" que Courrèges inaugurou a mania futurista. Fizeram parte dela vestidos de corte limpo e sem detalhes, jaquetas com corte impecável e botas de pelica até a panturrilha, sem saltos. O branco é a cor predominante e, segundo o estilista, "a cor da juventude".

Vestido de Courrèges de seda, organza e algodão: linhas limpas, branco e . Foto: V&A

Os materiais mesclavam-se, com a tradicional seda ao lado de tecidos sintéticos. Courrèges também era inovador com o processo de confecção: detalhes como casas de botão, alinhavos e debruns eram feitos à máquina, e não à mão, o que era mais rápido, mas um incômodo aos couturiers tradicionais. Ele também apresentou, ao mesmo tempo, três coleções de processos distintos: uma de alta-costura, outra de prêt-à-porter e ainda outra de malharia. Não era usual fazer isso, numa época em que os mercados da confecção industrial e da alta-costura não se conversavam.

 

As coleções seguintes continuaram na mesma linha, tanto que Courrèges não se adaptou bem à moda dos anos posteriores que, a partir do final dos anos 1960, passou a exigir formas mais fluidas e mais doces, quase nostálgicas.

Paco Rabanne, nascido na Espanha e formado em arquitetura em Paris, começou desenhando bijuterias com plástico e metal. Em 1965, criou seu primeiro vestido de plástico - no ano seguinte, abriu sua própria marca, embora só conseguisse entrar na Câmara Sindical da Alta-Costura nos anos 1970, com o sucesso de seus perfumes. As "bijuterias vestíveis" de Rabanne eram produzidas com aros e argolas unidas a placas de metal, além de outros materiais em algumas coleções, como as plumas. O prata e o transparente - futuristas eram suas cores mais usadas.

 

O que Courrèges e Rabanne tiveram em comum, além do look espacial, foi a pesquisa e inovação em materiais. Se antes a moda dominada pela alta-costura não pensava em custos nem em processo, apenas na estética de sua criação, com esses estilistas a moda passou a ser "design" e se preocupar também com esses fatores. Eles sabiam que a consumidora que ficava horas em ateliês fazendo provas de roupa e ajustes estava em extinção. A alta moda entrava em uma realidade industrial. 

 

O que os dois estilistas tiveram em comum, além do look espacial, foi a pesquisa e inovação em materiais.

 

Depois de Courrèges e Rabanne, outros estilistas seguiram outros que entenderam essa nova forma de pensar a criação de moda: Pierre Cardin, Emmanuel Ungaro (também bebendo na fonte da era espacial) e Yves-Saint Laurent entre eles. Depois dos anos 1960, a moda nunca mais foi a mesma - hoje, os princípios desses primeiros "designers" de moda se tornaram essenciais na criação e desenvolvimento de produto.

 

Vivian Berto

Tendere - Pesquisa de Tendências e Consultoria para Moda, Beleza e Design

www.tendere.com.br

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