O LOUCO, O DIFERENTE E O MELHOR
Caminhando com a tranqüilidade de quem é normal, por uma rua movimentada de Campinas, ia um rapaz com cabelos penteados para cima, tinto com faixas coloridas: Laranja, azul e vermelho. Mais diferente de todos seria quase impossível, mas um brinco, tipo argola de torturar escravo, na orelha e outro brinco com correntinha no nariz, não deixava dúvida: ali estava um exemplar de ser humano diferente.
Num manicômio público havia um interno muito antigo. Ninguém sabia ao certo quando ele por lá apareceu. Não era violento, sorria com facilidade e até demonstrava certa coerência no que falava. Andava solto, quase não sofria tratamento ou tomava remédios. Era mais um hóspede do que um paciente. Devido a liberdade que desfrutava chegava a manter uma conversa, cheia de sentido, com alguns visitantes. Mas tinha uma mania: Assim que conseguia a confiança ou um mínimo de amizade, procurava mostrar ao interlocutor um pequeno caroço que trazia no alto da cabeça. Era algo parecido com um pequeno cisto sebáceo, duro e fixo, mas coberto por um pouco de pele. Ele dizia ser um prego, que ele mesmo pregara bem no meio da cabeça. Entre risos disfarçados e expressões de simpatia, surgia a certeza de um desperdício irreparável: Um homem sem o perfeito uso da razão.
O tempo foi passando, a história do louco sendo contada e um dia a morte por causa natural acabou com a existência de alguém que quase nada produzira na vida, a não ser a história absurda do prego pregado por ele mesmo na cabeça.
Como de praxe foi feita a autópsia no corpo do velho louco. E os médicos, incrédulos e surpresos, encontraram fincado entre os dois hemisférios cerebrais, um prego de quase 5 centímetros. Milagrosamente não afetara nenhuma ramificação nervosa vital ou de importância. O organismo se incumbiu de isolar o corpo estranho e a vida foi preservada, junto com a história inacreditável.
Há algo em comum entre o louco e o diferente, de cabelos coloridos e brincos extravagantes: Ambos procuraram fazer algo que ninguém, em perfeita sanidade mental, faria. E aí está o sentimento impulsionador: A vontade de se destacar. Parece que todos os outros seres humanos se tornaram tijolinhos de uma construção banal chamada, sociedade, e eles, o louco e o diferente não são quadrados como os demais.
Mas uma construção exige tijolos adequados, perfeitos e quadrados. Você, jovem, que está batendo de frente com o “sistema”, conhecendo um pouco da dor na sociedade que lhe espera, pode se tornar apenas o melhor. Um tijolinho de arestas bem definidas, de superfície lisa e perfeita, uma peça confiável, o melhor entre os bons e o único entre os ideais.
O louco é destacado pela sua loucura. O diferente é destacado pela sua ridícula forma de ser. O melhor é destacado por ser perfeito e útil. Pinte os seus cabelos, fure seu nariz, pregue um prego na cabeça ou, estude muito para ser o melhor. Em qualquer um dos casos você será um destaque. Pense nisso!
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Eliseu M. Magalhães
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