Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Países que tentam conseguir o acesso isento de direitos alfandegários aos mercados dos EUA e da Europa

Fonte:|portugaltextil.com|

São diversos os países que tentam conseguir o acesso isento de direitos alfandegários aos mercados dos EUA e da Europa, como o Bangladesh ou o Camboja. A estes juntam-se a Turquia e o Paquistão que, através de lóbis, tentam exercer pressão junto dos elementos decisores.

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O valor da imaginação – Parte 2

Com a Turquia e o Paquistão prestes a exercer pressão junto dos centros de decisão norte-americano e europeu, coloca-se em causa o efeito real deste tipo de lóbis na prossecução dos interesses comerciais.

Mas com os principais mercados importadores repletos de pedidos de terceiros, até que ponto os lóbis serão a melhor forma de promover as exportações? Esta é a questão à qual Mike Flanagan, director-executivo da Clothesource Sourcing Intelligence, tenta responder.

Excesso de propostas

É fácil perceber porque razão a Turquia e o Paquistão gostariam de possuir o acesso isento de direitos aos mercados norte-americano e europeu, respectivamente. Japão, China, Austrália e Nova Zelândia começaram recentemente a permitir o livre acesso ao vestuário da maioria dos países do Sudeste Asiático.

Mas os legisladores e negociadores norte-americanos e europeus têm diversas propostas de livre acesso relacionadas com o vestuário.

Nos EUA, o Caribbean Basin Trade Partnership Act (CBTPA), a base para grande parte dos direitos de livre acesso do Haiti para os EUA, expira em Setembro. O Andean Trade Promotion and Drug Eradication Act (ATPDEA), a base para o acesso da Colômbia aos EUA, expira no final deste ano.

O presidente Obama anunciou que quer ver os acordos de livre comércio dos EUA com o Panamá, Coreia e Colômbia ratificados pelo Congresso. Muitas pessoas na Coreia e nos EUA não querem; por isso, aprovar estes tratados vai ser moroso e complicado.

Apesar do programa norte-americano AGOA, que oferece o acesso isento de direitos para a maioria dos países africanos, não expirar até 2015, a regra que possibilita a isenção de taxas alfandegárias ao vestuário que utiliza tecidos asiáticos, expira em Setembro de 2012. A menos que seja renovada em breve, os compradores poderão começar a perder a confiança na África como local de aprovisionamento. E a administração norte-americana já anunciou que quer um acordo comercial com o Trans-Pacific Partnership, um grupo que inclui Chile, Peru e Singapura, mas que os EUA indicaram poder vir a incluir o Vietname.

A EU, que quer que os seus acordos de Área de Livre Comércio (ALC) com a Coreia, Colômbia e Peru sejam ratificados, revelou que pretende concluir as negociações de comércio livre com a Índia no Outono, já iniciou o processo de negociações da ALC com o Vietname e Singapura e está a meio das negociações de ALC com a América Central. Além disso, a UE continua a afirmar que vai alterar as suas controversas regras de origem para países como o Bangladesh, um detalhe aparentemente pequeno que cria uma polémica extraordinária tanto na Europa, como nos países exportadores.

Em baixo mas não de lado

Segundo Flanagan, é fácil perceber porque a Turquia e o Paquistão podem estar a sentir-se um pouco deixados de lado.

Com a pressão para o acesso preferencial a outros países e acordos com parceiros comerciais importantes, como a Índia, os legisladores em Washington ou Bruxelas não são susceptíveis de ser animados com a ideia de ajudar as indústrias do algodão, fiação e tecelagem na Turquia e no Paquistão, comprometendo ainda mais a UE e os concorrentes americanos. Além do mais, isso ajuda as empresas a fazerem algo por si próprias, em vez de pagarem a alguém para fazer os governos estrangeiros ajudá-las. No algodão orgânico, por exemplo, a procura cresceu 20% no ano passado, mas a Índia tem agora 70% do mercado mundial.

Por que razão as empresas do Paquistão e da Turquia não desenvolveram tecidos que possam ser usados pelo crescente nicho da moda do mercado orgânico? Ou responder à crescente procura de uniformes escolares orgânicos? Por que não estão estas indústrias têxteis a responder ao crescente interesse na sustentabilidade?

A Wal-Mart e a Marks & Spencer anunciaram recentemente que o vestuário é fundamental para as suas metas de sustentabilidade extraordinariamente ambiciosas para 2015, a apenas algumas semanas depois da Nike anunciar um programa de sustentabilidade pormenorizado. Os três salientaram como este novo pensamento é necessário tanto para os produtores de vestuário como para as empresas de tecidos.

Oportunidade dourada

Desde que as quotas foram levantadas em 2005, países como o Paquistão e a Turquia não conseguiram obter qualquer dinâmica por possuírem amplas capacidades de fiação e tecelagem em paralelo com confecções. Países como Bangladesh e Vietname viram as suas empresas de vestuário crescer, apesar de (ou, se calhar, por causa) de não possuírem matéria-prima local e a China é o maior importador mundial de matérias-primas.

Mas quando os maiores compradores de vestuário do mundo dizem querer tecidos diferentes, eles estão a distribuir uma vantagem competitiva dourada para países com capacidades grandes e imaginativas de fios e tecidos.

O Paquistão e a Turquia têm certamente recursos substanciais. Mas será que têm a imaginação para aproveitar a oportunidade? Ou é simplesmente mais fácil continuar com o velho hábito de lamentar eternamente em relação aos governantes?

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