Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Roupas pra quem? – Aguinaldo Diniz - Presidente da ABIT

Fonte:|ojornalweb.com|

A indústria têxtil e de confecção brasileira tem batido recordes de investimentos. Somente em 2010, foram mais de US$ 2 bilhões. Assim, o setor multiplica empregos e contribui para o crescimento sustentado, bem como amplia e garante sua capacidade de atender à demanda doméstica e à exportação. Ou seja, são infundadas informações que vêm sendo difundidas quanto a um eventual risco de desabastecimento do mercado interno.

Tal alarmismo soa como reação aos sinais de nosso novo governo de que adotará medidas para conter as importações provenientes da Ásia. Ser contrário às providências defensivas e, como se não bastasse, reivindicar a redução das taxas de importação são atitudes conspiratórias contra a saúde da economia brasileira, tamanho o dano para a indústria, a balança comercial do País e os consumidores. Ficaríamos todos reféns do dólar e de fornecedores que não se pautam pelas leis de mercado e normas civilizadas quanto à qualidade e salubridade do que e de como produzem.

Assim, ao invés de escancarar definitivamente nossos portos, é premente implementar medidas que aumentem a competitividade sistêmica do Brasil. Precisamos reduzir os encargos trabalhistas, isentar os investimentos de tributos e desonerar as exportações (e não as importações…). No setor de têxteis e vestuário tais providências são essenciais, assim como em numerosos outros segmentos da indústria de transformação. Não é prudente repudiar medidas que atendem aos interesses maiores desta nação, devido ao mero oportunismo representado pela fortuita possibilidade de se beneficiar dos ganhos propiciados pelo câmbio sobrevalorizado.

A incongruência é ainda mais evidente quando se observa que aqueles que estão aproveitando uma circunstância conjuntural para maximizar lucros não têm repassado os ganhos ao consumidor brasileiro. Seria justo conceder-lhes imposto menor? Não há razão concreta para isso, pois nossas fábricas de têxteis e confecção estão capacitadas a suprir o mercado interno, apesar das dificuldades relativas aos preços dos insumos e matérias-primas e da concorrência desigual com empresas estrangeiras.

Prova de que, apesar de todos os problemas enfrentados, a indústria têxtil e de confecção do Brasil tem capacidade de suprir o consumo interno é o fato de que já abastece 95% do mercado nacional. As próprias empresas varejistas do setor informaram recentemente o governo que 90% do que vendem são constituídos por produtos nacionais. Ademais, o segmento do vestuário, com ociosidade atual de 17%, pode ampliar bastante sua produção, se houver demanda.

Portanto, é inconsequente preconizar mais facilidades para a importação. A Fiesp acaba de mostrar que, em 2010, registrou-se o déficit recorde de US$ 70,9 bilhões na balança comercial da indústria brasileira. Se continuarmos estimulando indefinidamente esse rombo, de nada adiantará importar roupas, pois não teremos a quem vendê-las, já que estaremos criando empregos e renda apenas do outro lado do mundo.

Sobre o autor:

Aguinaldo Diniz Filho – Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)

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Comentário de Tadeu Bastos Gonçalves em 3 abril 2011 às 10:24

Sr. Aguinaldo.

Seu otimismo é uma injeção de ânimo. A indústria do vestuário brasileira é isto tudo que o senhor citou e com pequena ajuda oficial, andará com as próprias pernas. Do  ponto de vista econômico ao menos. E na área produtiva, como ficamos? Vamos ter costureiras para operar todo esse investimento? A média de idade das costureiras está próxima de 40 anos. Os jovens não se interessam por esta profissão e os poucos que entram para este mercado profissional são mal preparados. A ABIT precisa capitanear um trabalho para formação de novos operadores de grupos de costura.

Comentário de Sam de Mattos em 2 abril 2011 às 20:16

Que dizer? O que tinha de ser dito foi feito, com palavras ponderadas e precisas do Dr. Diniz. Mas enquanto o importado (especificamente Chinês) estiver muito barato, o povo continuará a comprá-lo - igualzinho em todos os países do mundo: Com qualidades idênticas fica-se com o mais barato. Ha inúmeros problemas que causam esse Custo Brasil: A infra-estrutura brasileira, estocagem de mercadoria, corrupção e portos. Dez por cento de nossa soja colhida se "perde" do produtor ao porto. Perto disso é a perda de outros grãos estocados. O nosso transporte caríssimo há assaltos frequentes nas estradas, não temos malha ferroviária,  portos obsoletos e sem transporte marítimo... Não da para competir assim, esse é o fato. Essa e a CRUX do problema.  Mas de tudo o dito o pior e o seguinte: Se a Dona Dilma cuidar desses problemas DE CERNE, se ela investir no âmago da questão, seu “IBOPE” cairá e ela não será re-eleita. Aqui somos, na maioria, um povo amante de botecos, de bundas, de BAPHO e coçação de saco; somos deseducados e dirigidos por uma maioria de corruptos. Somo uma nação de recipientes de cestas básicas: as físicas e as mentais. E o pior de tudo, nós pensamos ser “os bons”. Aproveito para uma complementação final de um ponto que o Dr. Diniz colocou tão sutilmente e com tanta fineza que um “pé- duro” como eu, quase deixou passar despercebido. Quase, mas vi e falo rasgado: Querem realmente fazer bom dinheiro? Um amazonas de grana? Peça empréstimos a 3.5 % a 4 % no exterior e re-emprestem o dinheiro ao nosso povo a 20% anuais. Sejamos uma nação de banqueiros... rsrsrs


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