Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Blogueiros Ludvig Hambro, Frida Ottesen e Anniken Jorgensen, nas ruas de Phnom Penh   (Reprodução) 

Um reality show onde três blogueiros de moda foram levados ao Camboja para conhecer as condições de trabalho das indústrias de fast fashion repercutiu essa semana nas principais rede sociais do mundo todo. Chamado  de “Sweatshop” , termo pejorativo para condições de trabalho desumanas, o programa exibido na internet chamou a atenção para algo que já nos é familiar (eu mesma já escrevi vários posts por aqui a respeito, veja os links abaixo), mas que normalmente varremos para debaixo do tapete das injustiças sociais com as quais estamos acostumados a conviver. 

Sejamos sinceros: deixamos de comprar roupas de alguma marca autuada aqui mesmo no Brasil por trabalho escravo? No ano passado, no mesmo dia em que noticiaram a descoberta de uma oficina com trabalho análogo a escravidão ligada a Zara, as lojas da marca estavam com fila.

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Oficina que prestava serviço à Zara flagrada com trabalho escravo. (Foto Bianca Pyl)

Se o que os olhos não veem o coração não sente, a série “Sweatshop- Dead Cheap Fashion” pretende mostrar. Impossível não se impactar com as condições de trabalho de onde saem grande parte da produção de gigantes da fast fashion mundial: jornadas de  12 horas por dia, 7 dias por semana com salários de 130 dólares/mês. A peça tecida por 1 dólar chega a nós por 100.  

Acostumados a uma rotina rodeada de glamour e closets abarrotados, os blogueiros noruegueses que começaram a gravação em festa saíram realmente abalados — e com promessa de vestir a camisa da causa. Graças a seus looks e estilo de vida luxuosos, muitos blogueiros foram alçados à categoria de celebridades e influenciadores de opinião. Tanto que vem substituindo modelos em capas de revista: aqui no Brasil, por exemplo, duas blogueiras, Thassia Naves e Camila Coelho, estampam as novas capas das revistas Glamour e Women´s Health, respectivamente.   

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Capas revistas: Glamour (Fevereiro/2015) e Women’s Health (Janeiro/2015)- Reprodução

Se a moda não é só glamour, está longe também de ser futilidade. É feita de muita gente séria, que trabalha corretamente para atender a nossa demanda de ” não apenas cobrir nossa nudez mas vestir nossa autoestima”, como bem disse Colin McDowell. Só aqui no Brasil gera cerca de 1, 6 milhões de empregos e 5,7 % da receita de toda indústria local, segundo dados do IEMI (Instituto de Estudos ¨Marketing Industrial). 

A realidade cruel por detrás da fabricação das roupas feitas nos países asiáticos revelada pelas lentes do diretor norueguês Joakin Kleven já começou a promover mudanças — e não apenas na mente dos blogueiros que desconheciam a procedência das roupas das marcas que usavam: a indústria têxtil asiática virou um tema a ser discutido no parlamento da Noruega. 

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Que tipo de trabalho é esse?’, questiona a blogueira Anniken Jorgensen

Mas as sanções não precisam vir apenas dos governos para promoverem mudança: na moda, o poder de escolha está em nossas mãos. Se informar sobre a procedência do que se usa; olhar a etiqueta; boicotar empresas ligadas a trabalho análogo a escravidão; preferir qualidade a quantidade e não embarcar em qualquer modismo são atitudes que podem promover mudanças. Afinal, a gente deseja sim comprar roupas acessíveis mas, se elas vem manchadas de sangue, como mostrou “Sweashop”, elas não tem nada de barato. São caras demais…

P.S. A série está disponível online com legendas em inglês. Assista no link

Instagram @daniferrazmoda

https://br.mulher.yahoo.com/blogs/ta-na-moda/sweatshop-o-lado-cruel...

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Respostas a este tópico

A QUESTÃO É:" OS TERCEIROS QUE DEVERIAM SER PUNIDOS, POIS SÃO ELES QUE PASSAM SEUS EXCEDENTES DE PRODUÇÃO PARA OS QUE TRABALHAM SEM CONDIÇÕES DIGNAS."

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