Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

2.o Fórum Negócios da Moda – o setor precisa investir em tecnologia, pesquisa, inovação e governança para ser mais competitivo


O segmento da moda no País teve faturamento de R$ 55 bilhões em 2014, congrega mais de 33 mil empresas de diversos tamanhos e é o segundo maior empregador da indústria de transformação no País. O evento  é uma parceria da FecomercioSP com o Estadão e conta com apoios da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e o Senac-SP.

Durante o evento, que aconteceu na sede da FecomerioSP, no dia 2 de junho, foram abordados temas como os desafios no cenário macroeconômico, as tendências de negócios e também o comportamento do consumidor no mercado digital

Outros temas importantes discutido foram o momento atual da indústria da moda e novas formas  para ajudar  o setor a  enfrentar questões como burocracia, peso tributário, relações trabalhistas, etc.

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Para debater sobre esses temas o evento foi Dividido em painéis –  Primeiro: Os desafios da moda no cenário macroeconômico;  Segundo: Tendências de negócios da moda e  Terceiro: O comportamento do consumidor no mercado digital”. 

1- Os desafios da moda no cenário macroeconômico

O painel foi composto por:

  • Fenando Pimentel da Abit
  • José Galló, Presidente da Renner
  • Paulo Borges do SPFW
  • Alexandre Birman da Arezzo
  • Luis Taniguchi do Senac
  • Moderador: Iuri Pita do Estadão

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O painel começou com um vídeo de Paulo Borges,  que não pôde estar presente, mas que passou uma mensagem realista mas motivadora. Mesmo reconhecendo o momento de turbulência econômica pelo qual passa o País, as condições  ainda são mais favoráveis do que há 30 anos, “quando era impensável organizar uma semana de moda”, disse Borges, que também falou sobre a necessidade de encontrarmos nossa posição no cenário internacional, “o Brasil é um país de vocação produtiva, com foco na criatividade e na qualidade. Não podemos competir com mercados como a China e a Índia e ter um mercado de alto design, como têm a França e a Itália. Precisamos ocupar um espaço intermediário, que é o que mais sofre intempéries e mudanças.” Paulo Borges disse ainda que “a moda é um pilar importante para o desenvolvimento econômico, principalmente de bens que geram ganhos de expressão, de identidade, de qualidade. Por isso, não pode ficar à mercê das especulações cíclicas pelas quais já passamos por várias vezes. Trata-se de um setor de inovação constante, em que há muito risco, mas também muito retorno. Estar melhor estruturado é fundamental, pois ações e lançamentos soltos não dão a dimensão do que é o nosso mercado. Estamos passando por uma crise, mas crise é igual oportunidade ”, completou Borges.

 

“Crise é igual oportunidade”- Paulo Borges

https://www.facebook.com/fecomercio/videos/vb.112017858851555/82987...

 

Já,  José Galló, presidente da Renner,  disse que “ o país está vivendo um momento de teste de competitividade. Após ter experimentado um período de forte desenvolvimento econômico, entre 2003 e 2001, agora estamos passando por um período marcado pela falta de confiança tanto dos consumidores, quanto das empresas. Para Galló, “2015 é um ano de prova de capacidade para as empresa “(pequenas, médias e grandes). Elas precisam buscar um diferencial competitivo e se aproximar dos consumidores. Caso contrário, ficarão para trás”.

Esse diferencial competitivo significa oferecer o que o consumidor gosta e do jeito que ele quer , o que pode ser diferente do que as empresas gostariam.  Para Galló a falta de capacidade prejudica a competitividade das empresas gerando problemas financeiros que muitas vezes podem comprometer seriamente uma operação. “Uma indústria pode recorrer ao crédito bancário, dando uma máquina como garantia, mas o varejo não tem essa possibilidade e isso também é um fator complicador que precisa ser revisto”, disse o executivo.  Ele destacou também a falta de preparo dos executivos, a falta de planejamento estratégico das empresas e o distanciamento entre seus dirigentes e o mercado, onde as coisas realmente acontecem.  O executivo disse ainda que “é preciso reconhecer a realidade para estabelecer melhores estratégias para resolver os problemas.

Galló falou sobre a diferença entre o que chamou de velho varejo – com suas grandes lojas de departamento que tentam adivinhar o que o consumidor quer (ao estilo Mappin e Mesbla) e que já não atendem mais as necessidades do consumidor atual –  e o novo varejo, que oferece o que o cliente quer, citando o exemplo dofast fashion, estilo adotado por redes como Zara, Forever 21 e Uniqlo. “O grande diferencial é que o fast fashionestá mais próximo do consumidor, é mais reativo, mais eficiente e com uma qualidade que o agrada .Estamos trabalhando  para seguir para esse modelo”, disse o executivo.

Galló não é otimista quanto ao cenário econômico e acredita que o segundo semestre deste ano deve ser pior do que o primeiro e que 2016 ainda será um ano difícil.

Já Alexandre Birman, presidente do Grupo Arezzo, falando da experiência de suas empresas, declarou que “sempre olhamos para o cenário externo e reconhecemos nele um papel importante, mas também olhamos para dentro da empresa para identificar oportunidades de melhorias”. Birman também falou sobre a importância da diversificação para atender ao mercado, mencionando que “as quatro marcas do grupo foram criadas para atender diferentes necessidades de cada público. O executivo falou também sobre a “Escola de Sapateiros”, centro de formação de mão-de-obra que o grupo mantém em Campo Bom (RS), sobre o e-commerce da Arezzo que deve entrar em operação em agosto deste ano e até fez uma rápida demonstração do  App de vendas mobile da Schultz, que já está disponível para dowload.

 

2- Tendências de negócios da moda

O painel foi composto por:

  • Letícia Abraham da WGSN
  • Adriana Papavero da Lectra
  • Alexandre Herchovitch
  • Moderadora: Maria Rita Alonso do Estadão

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Durante o painel foram discutidos temas como o futuro do negócio da moda, a força industrial e de design do mercado asiático, a inovação e a tecnologia como diferenciais competitivos. Foi abordado também a força e o diferencial das redes de fast fashion. Adriana Papavero mencionou pesquisa que mostra que o consumidor faz em média 17 visitas à uma loja de fast fashoin em um ano e 4 visitas à lojas de varejo tradicional.

 

As fast fashions causaram uma explosão de consumo, mas segundo Hercovitch, “o consumidor, cada vez mais conectado e informado, começa a perceber que algumas vezes é melhor investir em uma peça de design atemporal de qualidade do que na quantidade de peças”. Hercovitch falou sobre sua escolha em segmentar sua marca, oferecendo uma linha de alto luxo, mas tendo também linhas com preços mais acessíveis através de licenciamento de diversos produtos. “Um produto mais barato, também pode ter qualidade e um design bacana. As pessoas gostam de coisas bonitas, completou o estilista.”

 

Letícia Abraham falou sobre a conexão que existe hoje entre o centro e a periferia e as questões comportamentais desses dois universos que se refletem na moda atual. Perguntada pela plateia, Letícia falou sobre as tendências que estão guiando a moda no momento, destacando a influência dos anos 1970, o normcoreque se mantém  em alta com um visual mais simples e despojado. Uma novidade que chegará com o verão é a volta do neon, numa referência aos anos de 1990.

 

Os investimentos em pesquisas, tecnologia e processos associados à uma gestão pautada na governança também foram destacados como forma de tornar nossa indústria mais competitiva no mercado internacional.

Adriana destacou que grandes empresas internacionais estão bem à frente nessa questão e mencionou dois exemplos emblemáticos. A Dior, que desenvolve toda a sua coleção utilizando softwares 3D. Um trabalho a quatro mãos entre estilista e o profissional de design digital que possibilita visualizar a peça e saber como ela ficará, antes de ser produzida. O outro é o investimento de 20 milhões de euros feito pela Louis Vuitton em um equipamento de corte de couro para minimizar o desperdício e tornar a produção mais sustentável.

 

3- O comportamento do consumidor no mercado digital

O painel foi composto por:

  • Ana Isabel de Carvalho Pinto da Shop2gether
  • Coztanza Pascolato – Consultora de Moda
  • Pedro Guasti da FecomercioSP
  • Moderador: Daniel Fernandes do Estadão

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Começando o painel, Pedro Guasti, apresentou um panorama detalhado da internet e do e-commerce mundial, a influência dos devices mobile, o perfil do hábito de compra dos consumidores, o impacto da adoção das tecnologias e do e-commerce no varejo e números sobre os últimos quatro meses do segmento no e-commerce.

No primeiro quadrimestre de 2015, segundo dados da E-bit sobre o comércio eletrônico, o setor de moda aparece na sexta categoria em faturamento e  em primeiro lugar na categoria volume de pedidos. O segmento possui a maior satisfação e fidelização do que a média do mercado: 65% contra 62%, segundo o Net Promoter Score (NPS). Os produtos mais vendidos durante o período, em ordem de transações, foram: tênis, sapatos femininos, sandálias femininas, vestidos femininos e sapatos masculinos.

A apresentação de Guasti destacou o perfil de quem compra, o que compra, preferências de meios de pagamento, as motivações e fatores decisivos para a compra, mostrando também a grau de satisfação dos consumidores durante a compra online.

Outro tema destacado por Guasti foi a falta de padronização no setor de moda que eleva o volume de trocas e devoluções de compras feitas pela internet.

O executivo explicou que, apesar das inovações tecnológicas, as pessoas ainda fazem aquisições online sem conhecer totalmente o produto. Por isso, as empresa tem de pensar em logística inteligente para operações de entregas, trocas e devoluções. Em grande parte, as companhias recorrem aos Correios, que possuem um processo de logística reversa. No entanto, essas operações de troca e devoluções custam quatro vezes o valor de entrega. “É um problema que tem de ser enfrentado”, afirmou. Pedro Guasti lembrou que o varejo também tem usado companhias terceirizadas para suas entregas, trocas e devoluções, de modo a ganhar agilidade no processo, mas que para isso precisam de caixa. Em média, segundo o executivo, a devolução chega a 1% das entregas e as trocas ficam por volta de 5%.

 

As operações online e offline estão cada vez mais próximas, criando uma grande rede integrada de varejo. Essa perspectiva foi reforçada por Ana Isabel de Carvalho Pinto, diretora da Shop2gether. Para ela, “o consumidor busca informação na internet para efetuar suas compras.  O consumidor pode comprar pela internet ou numa loja física, mas muitas vezes ele já fez uma pesquisa preliminar na internet, buscando informações e referências”. “O consumidor é um só, não é on, nem off”, destacou Ana e concluiu dizendo que “o que vai definir a escolha do consumidor é o diferencial na experiência de compra que o canal proporcionará ao consumidor”.  Hoje o consumidor é omnichannel e o produto e a marca tem que estar onde o consumidor estiver, tem que estar em contato permanente com ele e isso não é fácil nem barato. Isso cria a necessidade de criar estratégias que unifiquem o varejo físico e o digital para atrair e fidelizar os consumidores. Para Ana, “uma forma de estimular o consumidor a fazer compras online é oferecer o diferencial da troca sem custo”.

 

Para Costanza Pascolato, “moda é comportamento e retrata a sociedade com seus  modelos e movimentos característicos de cada época e é isso que  precisamos  entender”. Costanza destacou também a revolução que o celular causou na maneira e na rapidez incontrolável com que as pessoas se comunicam e se informam sobre tudo hoje em dia. “Eu tive uma formação diferente e venho de uma época de revistas e indústrias e talvez isso me ajude a ter essa percepção. Talvez por isso me interesse tanto saber o que vamos fazer com tudo isso”, disse a consultora em tom bem humorado.

 

“Com a internet, o consumidor está atento”- Paulo Borges

https://www.facebook.com/fecomercio/videos/828228807230453/

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O tema do evento atraiu jornalistas e profissionais de vários setores do mercado da moda e lotou o auditório do terceiro andar da FecomercioSP.

Um telão foi colocado do lado de fora do auditório para que todos pudessem assistir aos debates.

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O Connect Media garantiu lugar e assistiu tudo bem de perto para trazer  em detalhes  todos os temas debatidos nos painéis do evento.

http://www.connectmedia.net.br/2-o-forum-negocios-da-moda-o-setor-p...


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Respostas a este tópico

  Para Costanza Pascolato, “moda é comportamento e retrata a sociedade com seus  modelos e movimentos característicos de cada época e é isso que  precisamos  entender”.

Os caras querem falar de competitividade e convidam a RENNER que simplesmente substituiu TODOS os produtos vendidos por produtos fabricados na China! É isso que me cansa na Fecomércio. Muito estalo para pouca ação concreta e objetiva! Porque não tocam no ponto fundamental que são as grandes empresas matando a cadeia produtiva nacional textil?
Leandro, concordo em genero e grau o seu comentario. Faltou chamar a C&A e Marisa para completar a lista. Fora as griffes que agora até contratam pessoal da China, lá, para garantir seu espaço na contratação de peças. Contudo, nosso governo esta olhando e espera em pouco tempo, uma solução, fechar todas nossas empresas.

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