Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Provavelmente você, leitor(a), deve estar vestindo uma camiseta básica de malha de algodão, talvez mesmo uma camisa formal de tecido de algodão, a qual você acha que tem um toque gostoso na pele, é fresca no verão e, não obstante, é feita de uns floquinhos brancos e singelos como são as fibras do algodão.

Provavelmente também, você deve estar usando uma calça jeans, que como todo bom jeans é feito de algodão. Tudo normal, estima-se que um terço da humanidade se vista assim. Ok. Porém, esse combo camiseta e jeans engana pela aparência e pelo senso comum, pois se trata, na verdade, de um dos maiores inimigos da nossa Mãe Natureza. Pois é, vamos aos fatos:

(1)    As fibras de algodão são provenientes de plantações que ocupam uma área de 3% do globo terrestre. O algodão representa 16% da liberação de inseticidas no mundo – mais do que qualquer outra colheita, e 10% de todos os pesticidas. Nos EUA, por exemplo, para cada 01 kg de algodão, os agricultores aplicam 300 gramas de fertilizantes químicos e pesticidas. Tantos venenos usados se justificam porque a plantação não é destinada à alimentação.

(2)    A plantações de algodão empregam 40 milhões de pessoas, em péssimas condições de trabalho, de extrema pobreza e insalubridade. A Organização Mundial da Saúde indica que há cerca de três milhões de envenenamentos por pesticida a cada ano, resultando em 20 mil mortes, na maioria entre os pobres das zonas rurais dos países em desenvolvimento.

(3)    No mundo todo, 50% das plantações de algodão são irrigadas artificialmente. Essa prática, em detrimento do uso de água da chuva e respeito aos ciclos hidrológicos, tem gerado graves consequências para o meio ambiente, como o desperdício de uma grande quantidade do líquido através da evaporação e de vazamentos. Outro agravante é o da desertificação em função dos desvios dos cursos da água, sendo o caso mais crítico o do Mar de Aral (na verdade, um lago de água salgada, localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão) que secou 90%, muito em função de suas águas serem destinadas às plantações de algodão.

(4)    Saindo das plantações e indo para a produção do tecido, é importante destacar que o setor têxtil utiliza entre cerca de 150 litros de água a aproximadamente 200 litros de água para produzir 01 Kg de tecido. Releia, é mesmo muita água.

(5)    O excessivo uso de água na produção têxtil é um problema ambiental agravado pelo grande volume de insumos químicos que ela transporta. São estimados em torno de 2.000 diferentes substâncias químicas usadas na indústria têxtil, como corantes, antiespumantes, detergente, branqueadores, equalizadores, etc. Por outro lado, as empresas têxteis têm se adequado no reaproveitamento e tratamento da água.

(6)    Em 2006, a Levi’s tornou público a Análise do Ciclo de Vida de uma calça jeans referente ao icônico modelo 501. O estudo demonstrou que um único exemplar da calça consome: 3.482 litros de água, 400.000 kW de energia, 32 kg de CO2. Conforme divulgado pela empresa, trata-se do equivalente a manter uma mangueira ligada por 106 minutos, dirigir por 125.502 km e manter ligado um computador por 556 horas.

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Curtindo a natureza, enquanto destrói a mesma sem conhecer o que coloca sobre a própria pele

Indiscutível que o combo calça jeans e camiseta de algodão é mesmo o uniforme do vilão do meio ambiente – no caso, nós, humanos. O que vestir então, se as fibras de algodão não têm nada de inocentes e, junto com as de poliéster, somam mais de 80% de todas as fibras usadas em todas as roupas no mundo?

Bem, em primeiro lugar, procurar por roupas feitas de algodão orgânico, que não utilizam venenos nas plantações. No Brasil, este algodão é produzido principalmente no Nordeste e há algumas espécies que já nascem coloridas, dispensando a água na produção têxtil. Em Belo Horizonte, é possível encontrar roupas de algodão orgânico em lojas no Mercado Central e na Praça da Savassi, dentre outros lugares.

Já a segunda alternativa é procurar pelas fibras que compõem os restantes 20% da oferta de tecidos. Dois bons exemplos são o linho e o cânhamo, ambas plantas que requerem os menores percentuais de água nas plantações e que constituem fibras altamente resistentes. Para se ter uma ideia, as fibras de algodão têm cerca de 40 a 50 cm de comprimento, enquanto as fibras de cânhamo chegam a 4,5 metros, o que permite melhor fiação e reduz drasticamente a formação de bolinhas (pilling) na roupa. Ou seja, roupas de cânhamo e de linho são mais duráveis que as de algodão, além de serem mais ecologicamente corretas. E, embora não haja plantações de cânhamo no Brasil, e as plantações de linho estejam em declínio, é possível encontrar muitos produtos com malha de linho e viscose (essa, uma fibra artificial da polpa da madeira) em lojas populares do centro de Belo Horizonte, além de roupas de cânhamo na Praça da Savassi. Por fim, o jeito é consumir menos, gerar menos demanda e trocar de roupa definitiva e literalmente, do algodão convencional para o orgânico e demais opções de fibras. Seu uniforme do cotidiano será outro, melhor para os agricultores, a sociedade e o meio ambiente.

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James Dean, grande disseminador do estilo básico e cool do blue jeans com camiseta branca, em uma época em que a preocupação ambiental inexistia.

http://modaetica.com.br/camiseta-de-algodao-calca-jeans-a-dupla-do-...

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Respostas a este tópico

   James Dean, grande disseminador do estilo básico e cool do blue jeans com camiseta branca, em uma época em que a preocupação ambiental inexistia.

Qualquer têxtil produzido utiliza água e mesmo os sintéticos necessitam de químicos na sua produção. Para plantar linho e cânhamo( mesma planta da maconha) tambèm se utiliza água e inseticidas, é que seus volumes são menores. Se plantarmos estas outras fibras no lugar do algodão a situação se inverte e elas serão más. Devemos buscar sempre o equilíbrio e a manutenção de nosso planeta, mas sem exageros e caça as bruxas. Melhorar sempre.

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