Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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10 perguntas sobre o novo IOF

O turista brasileiro passou a última semana tentando se acostumar com o novo IOF de 6,38% que passa a incidir sobre despesas internacionais no cartão de crédito. Como se sabe, para tentar diminuir o déficit na conta-turismo - ou, pelo menos, tirar uma casquinha nos sucessivos recordes de gastos dos brasileiros no exterior - o governo aumentou a alíquota em 4 pontos porcentuais (até semana passada, era de 2,38%). Os usuários de cartão de crédito, que já foram algumas vezes surpreendidos com maxidesvalorizações, desta vez vão ter de engolir uma maxitributação. Passado o baque inicial, é hora de analisar com frieza a nova situação e fazer um balanço dos prós e contras de cada meio de pagamento. O Turista Profissional responde a 10 perguntas que devem estar na sua cabeça neste momento.

1. Afinal, a partir de quando eu começo a pagar o novo IOF?

A alíquota de 6,38% vale para compras internacionais que constem de faturas fechadas a partir de 27 de abril de 2011. O dia de fechamento da fatura varia de cartão para cartão; costuma ocorrer entre cinco e dez dias antes da data de vencimento. Para saber ao certo, informe-se junto à central de atendimento do seu cartão de crédito. Gastos no exterior que constem de faturas fechadas até 26 de abril continuarão pagando 2,38% de IOF.

2. É a volta do doleiro, então?

O reflexo natural ante a medida é correr para o papel-moeda. Quando adquirida por meios oficiais, a moeda estrangeira paga apenas 0,38% de IOF. No mercado paralelo - que nunca deixou de existir -, nem isso. Mas não se deixe levar pelo raciocínio simplista de que o dólar cash estaria 6% mais barato que o dólar do cartão de crédito. Há um fator muito importante nesta conta, que é a cotação do dólar.

O dólar moeda comprado em bancos ou corretoras é vendido na cotação turismo; semana passada estava a R$ 1,72. O dólar paralelo, em São Paulo, fechou a semana em R$ 1,78. Já o dólar comercial, que serve como base para alguns cartões de crédito, estava em queda livre, vendido a R$ 1,62. Essa diferença de cotações pode atenuar ou até mesmo anular a vantagem do dólar moeda sobre o cartão de crédito.

Também vale lembrar que viajar com dinheiro vivo é perigoso, e fazer grandes pagamentos em cash não é bem-visto por muitos comerciantes. Em países em que a moeda não for corrente (por exemplo: dólar no Chile), você vai perder seu precioso tempo de viagem buscando uma casa de câmbio com boa cotação. Se você não quer mais usar cartão de crédito, é melhor migrar para os cartões de débito pré-pagos.

3. Existe ainda alguma vantagem em usar o cartão de crédito?

Dependendo da cotação usada para conversão e dos benefícios oferecidos, fazer gastos com cartão de crédito pode continuar uma boa opção. Alguns emissores, como Itaú, Caixa e Banrisul, operam com uma cotação próxima ao câmbio comercial (as faturas de março sinalizavam uma cotação de R$ 1,66 por dólar). Outros, como HSBC e Banco do Brasil, usam uma cotação intermediária (R$ 1,70 em março). E há os que praticamente acompanham a cotação turismo, como Bradesco, Santander, American Express e Diners Club (entre R$ 1,72 e R$ 1,74 em março). Neste patamar, uma diferença de R$ 0,09 entre o dólar do cartão e o dólar turismo já compensa os 6% a mais de IOF.

Viagens ao exterior configuram ótimas oportunidades de somar muitas milhas, e há cartões que conferem até 2 milhas por dólar gasto. O novo IOF encareceu essas milhas, mas se a quantidade acumulada na viagem fizer a diferença entre emitir ou não uma passagem-prêmio, valerá a pena.

4. Qual o IOF para usar o cartão do banco na função saque ou débito?

Saques internacionais em caixas automáticos e compras na função débito são caracterizadas como compra de moeda estrangeira, e por isso continuam pagando apenas 0,38% de IOF. A cotação de conversão varia de banco para banco, e normalmente acompanha a cotação da função crédito.

Fazer compras na função débito é a operação mais vantajosa de todas. Se o seu banco operar com um dólar próximo ao comercial, então este será o dólar mais barato que você vai conseguir comprar. Já na função saque incorrem taxas e tarifas que variam de banco para banco, de conta para conta e até mesmo entre as redes de caixas automáticos. Ainda assim, nos bancos que convertem pela taxa comercial as operações de saque continuam vantajosas. A pegadinha é que, na grande maioria dos bancos, o limite para saques e débitos não é igual ao saldo da sua conta corrente. Por isso é bastante difícil pagar uma viagem completa desta maneira.

5. Os cartões de débito internacional pré-pagos são então a bola da vez?

Sim. Tanto os já bem estabelecidos Visa Travel Money e Cash Passport Visa quanto os recém-lançados Cash Passport Mastercard e American Express Global Travel sofrem a incidência de apenas 0,38% de IOF. A medida do governo funciona praticamente como uma campanha de lançamento para os produtos que acabaram de entrar no mercado.

Esses cartões são vendidos por corretoras e alguns poucos bancos. A cotação-base é a do dólar turismo, e varia de corretora para corretora. Não há sobretaxas para compras - mas se o cartão for usado em país onde a moeda não for corrente (por exemplo: dólar na Europa ou na Argentina, euro nos Estados Unidos ou na Inglaterra), você vai perder um pouquinho na conversão (da mesma maneira que ocorreria caso você trocasse dinheiro vivo numa casa de câmbio). Para saques em caixa automático há uma taxa de US$ 2,50 por operação, somada eventualmente a uma tarifa de uso da rede local.

A maior vantagem é que esses cartões podem ser recarregados à distância, por internet banking - o que faz deles o melhor plano B para contornar contratempos financeiros durante a viagem (bloqueio ou estouro de limite de cartão de crédito, problemas com cartão de banco, dinheiro que acaba antes do fim da viagem). Como desvantagem, considere o fato de esse tipo de cartão não oferecer benefícios como milhas e estar atrelado tanto à moeda em que foi carregado inicialmente (se você comprar um cartão de débito em euros, só pode fazer recargas em euros) e à corretora onde foi emitido (se você quiser aproveitar a cotação melhor de uma outra corretora, vai precisar emitir outro cartão).

6. E traveller check, ainda existe?

Sim, mas está em franco desuso, substituído pelo cartão de débito pré-pago. Os travellers continuam a ser vendidos pelos bancos, na cotação turismo, incidindo apenas 0,38% de IOF. Conseguir trocá-los por dinheiro vivo, no entanto, é um problema - e estão escasseando os postos em que a troca é feita sem comissão. O melhor lugar para viajar com travellers são os Estados Unidos, onde os cheques ainda são aceitos em hotéis e grandes estabelecimentos, que inclusive dão troco em cash.

7. E no free shop, como fica?

Já há algum tempo os duty free dos aeroportos brasileiros oferecem a possibilidade de pagamento em reais, eliminando a cobrança de IOF (tanto na função crédito quanto na função débito). No exterior, evidentemente, esta possibilidade não existe.

8. O negócio agora é sair do Brasil com o máximo de despesas já pagas em reais?

A lógica diz que sim. Quanto menos gastos você precisar fazer no exterior, não importa o meio de pagamento, menos IOF você vai pagar. Na vida real, porém, convém sempre comparar os preços finais. Confira se os 6,38% da economia com IOF não são engolidos por preços inflados.

9. Tem um jeito de não sair perdendo nas operações cambiais?

Não, e isso nem é culpa no novo IOF: sempre ocorreu. Por definição, qualquer operação de câmbio acarreta perda para o cliente; só quem ganha é o banco ou o cambista. O objetivo do consumidor sempre vai ser reduzir sua perda ao mínimo.

10. Qual é a fórmula perfeita para o uso do dinheiro no exterior?

Não há mais resposta simples para esta pergunta; o meio de campo está embolado. Vai depender do banco, do cartão de crédito e da personalidade de cada consumidor. Quanta pesquisa e quantas contas você se dispõe a fazer? Quer bater perna ou não? Tente ao menos entender as diferenças, as vantagens e as pegadinhas de cada uma das modalidades para tomar uma decisão consciente - mais ou menos como você faz com seus investimentos.

Tenha em mente que a nova alíquota é recente e o mercado ainda não reagiu. A diferença entre a cotação comercial e o dólar turismo tende a ficar mais larga. Também é provável que bancos e cartões de crédito criem novas vantagens para não perder participação. Meu conselho: compare as suas alternativas antes de regredir para o tempo do dólar na cueca

 

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