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Segundo o dicionário Merriam-Webster, a expressão fake news é utilizada desde o final do século XIX. Mas ela começou a ficar popular em 2016, durante a eleição presidencial dos Estados Unidos. Atualmente, as falsas informações são divulgadas, principalmente, nas redes sociais. Elas podem ser de cunho quase “inofensivo”, como manchetes sensacionalistas que atraem o público curioso para sites, gerando, assim, fluxo monetário para a empresa. Mas elas também podem ser muito mais nocivas quando são usadas para gerar boatos e reforçar mentiras, prejudicando pessoas físicas e jurídicas.
O segundo caso, infelizmente, é o que estamos observando nos últimos meses com as notícias falsas deslanchando entre um público pouco preparado para identificá-las. Se todos entendessem do processo de criação de uma notícia, teriam bons olhos para enxergar que aquela frase de efeito, com o rosto da possível pessoa que a pronunciou, sem nenhum dado ou fonte, não é verdadeira. O problema com as notícias falsas é seu poder de influenciar na decisão das pessoas e até mesmo no futuro de uma nação: vimos como elas impulsionaram a candidatura do americano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e estamos vendo esse mesmo cenário com o deputado Jair Bolsonaro e sua rede milionária de fake news aqui no Brasil.
Outro problema das fake news é que elas são altamente compartilháveis e difíceis de combater. É preciso um esforço coletivo para tapar essa fonte inesgotável de calúnias. Há poucos dias do segundo turno da eleição 2018, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se reuniu com representantes do Whatsapp, um dos aplicativos que mais movimenta e espalha esse conteúdo, para criar planos de contenção às notícias falsas ao mesmo tempo em que intimou o Facebook a derrubar links com conteúdo mentiroso. Diversos sites com conteúdo editorial confiáveis têm se esforçado em mostrar meios de ficarmos mais atentos ao que chega até nós através de blogs e mídias sociais. As agências de checagem de informação também então a todo vapor e, claro, nosso Especial de Política não poderia deixar de fazer parte desta luta.
Um dos primeiros casos mais emblemáticos da atuação das notícias falsas como alavanca de votos no Brasil foi a descoberta de uma rede de notícias falsas ligadas ao Movimento Brasil Livre, grupo que se diz apartidário, mas se posiciona junto a partidos de direita e extrema direita com o principal objetivo de espalhar informações distorcidas e caluniosas sobre partidos e políticos da oposição.
Mas logo após o Facebook fechar 33 links no seu domínio ligados à criação de notícias falsas e ao MBL, por determinação do TSE, Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro (PSL), retweetou uma informação usando uma fala de Fernando Haddad (PT) fora de contexto, responsável por alcançar milhares de pessoas e causar reboliço. No vídeo divulgado por Bolsonaro Filho, o candidato PTista afirmava que subiria a rampa do planalto acompanhado do ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dando a entender que, logo após se tornar presidente, ele soltaria o político de sua cela em Curitiba.
O vídeo, apesar de ser conteúdo verdadeiro, estava desatualizado. Ele havia sido feito em agosto, divulgado pela chapa petista antes da candidatura de Lula ser indeferida pelo TSE. Na época, Haddad ainda se apresentava como seu vice. Na página do PSL Rio de Janeiro, no Facebook, o vídeo teve 1,2 milhões de visualizações, além de 50 mil compartilhamentos, no mesmo dia da publicação da fake news. A verificação do caso foi feita por um conjunto de jornalistas do O Povo. Publicado pelo Projeto Comprova, foram pesquisados no Google os termos “Haddad”, “rampa”, “Lula”, “progressistas” e “justiça”, palavras usadas pelo candidato. O Twitter oficial de Lula, onde o vídeo foi divulgado, também foi checado.
Manuela D’ávila também é alvo constante de difamação. A deputada tem sido acusada de “converter crianças ao homossexualismo” com ideias erradas propagadas sobre o “kit gay”. Mesmo Haddad já tendo declarado que o intuito da cartilha é apenas para ensinar crianças a respeitar a comunidade LGBT+, e o TSE ter intimado Jair Bolsonaro a parar de mentir sobre essa proposta, as fake news têm atuado massivamente para a propagação da ideia de sexualização das crianças nas escolas públicas.
Como no caso do vídeo fora de contexto usado por Bolsonaro Filho, as fake news podem ser criadas a partir da distorção de uma informação e compartilhada por uma pessoa pública com muitos seguidores. Porém, a indústria das fake news, como qualquer outra indústria, é movida a (muito) dinheiro.
Na semana passada, a reportagem da jornalista Patricia Campos Mello, na Folha de São Paulo, ligou o investimento de R$ 12 milhões de reais por parte de empresários à campanha de Jair Bolsonaro e ao pagamento de serviços de disparo de fake news via WhatsApp com mensagens anti-PT. O Partido dos Trabalhadores precisou criar um núcleo de checagem, denúncia e combate às notícias falsas para tentar conter, pelo menos em partes, os danos desses conteúdos. Segundo estudo da Folha, ainda no 1º turno, 97% das notícias compartilhadas por apoiadores de Bolsonaro eram falsas.
Tais conteúdos mentirosos já chegaram a atacar a justiça eleitoral: muito material tem alegado sobre a manipulação da urna eletrônica para os resultados do 2º turno. Para lutar contra a desmoralização do poder público, o TSE chegou a se encontrar com representantes do WhatsApp, no último dia 16, para propor ferramentas de checagem de fake news.
O WhatsApp afirmou, na reunião, ter dificuldades em aplicar mecanismos de checagens, como é feito em outras plataformas como Facebook e Google. No encontro, a ONG Safernet, uma das participantes do conselho consultivo do TSE, divulgou um documento com propostas para a empresa, que conta com regras já aplicadas em países como a Índia, como a redução de encaminhamento de mensagens, sendo cinco destinatários o número máximo.
A ONG também pediu ao WhatsApp que adote um sistema de verificação de conteúdo e de indicação de mensagens falsas, já checadas por agências, limitando o compartilhamento em massa. Ainda não foi detalhado quais sistemas o tribunal terá acesso e nem a eficaz do direito de resposta diantes da divulgação das notícias falsas, mas a presidente do TSE, Rosa Weber pediu aos presidenciáveis, no último dia 17, que tomassem três medidas para combater as fake news: defendam a integridade da Justiça Eleitoral, declarem que não apoiam a disseminação de fake news e evitem discursos violentos.
Na reunião, Gustavo Bebbiano, braço-direito de Bolsonaro e coordenador de sua campanha, não compareceu. No lugar, vieram três advogados do candidato. Já o coordenador da campanha de Haddad, Emídio de Souza, foi ao encontro acompanhado por advogados do PT. A equipe de Bolsonaro afirmou que ele não pode ser responsabilizado por ataques feitos de apoiadores e que o candidato não incita o ódio em seus eleitores. Já o PT afirmou que entende como violência a frase sobre “fuzilar a petralhada” dita pelo candidato em evento no Acre.
Outra a se manifestar contra a propagação das notícias mentirosas foi a procuradora-geral eleitoral e da República, Raquel Dogde. No último dia 11, ela editou instruções para os 27 procuradores regionais da federação, para a apuração e responsabilização de autores de ilícitos eleitorais. O intuito das ações é combater as situações de violência e ódio que têm se espalhando pelo país, além de conter a propagação das fake news. Os episódios de agressão que vêm acontecendo por causa da polarização de eleitores dos dois partidos também estão sendo estudados.
As medidas enumeradas, que devem ser tomadas, inclusive na esfera judicial, servem para alcançar quatro objetivos: “resguardar a livre manifestação de pensamento e convicções políticas por parte dos cidadãos”; “promover a responsabilização por ato de propaganda irregular”; “promover a persecução de ilícitos que comprometam a integridade do processo eleitoral e de condutas criminosas” e “assegurar a duração razoável dos processos”.
Deve ser coibido, por exemplo, aqueles que fizerem apologia à guerra e a processos violentos ou estimularem e praticarem preconceitos de raça, orientação sexual, gênero e crença religiosa. Ilícitos eleitores que serão apurados e combatidos incluem, também, atos que configurem abuso de poder político, econômico e dos meios de comunicação, compra de votos, arrecadação e gastos lícitos de campanha e práticas que comprometam a integridade do processo eleitoral.
No último dia 11, o TSE lançou uma página para esclarecer o eleitor sobre as fake news que estava colocando à prova a credibilidade da urna eletrônica.
Na primeira parte do nosso Especial sobre Política, falamos de uma agência de fact-checking no Brasil, a Agência Lupa. Alguns portais de notícias também criaram este tipo de serviço para checar a veracidade de notícias suspeitas, falas e boatos disseminados por pessoas de influência, como políticos, e empresas. São eles: Aos Fatos, Truco, UOL Confere, Boatos.org, E-farsas.
Em entrevista ao Estadão, a editora executiva da agência de checagem Aos Fatos, Tai Nalon, reforça que o combate efetivo contra fake news só irá acontecer quando tivermos uma política pública com foco na análise crítica da mídia. A mudança cultural só virá com a educação da massa da sociedade.
Como identificar uma fake news?
1. Duvide
A primeira dica é sempre duvidar da informação. Busque mais de um veículo de confiança para ler sobre um determinado assunto. Busque aqueles que, ao longo dos anos, se mostraram profissionais e pouco opinativos. Forme você sua opinião.
2. Vá além do Título
Muitos leitores acreditam que o título é um resumo fiel do que se diz no corpo do texto e descartam o aprofundamento do assunto. Muitas vezes, o erro começa nessa preguiça: títulos são feitos para atrair leitores para a página e tem como ferramenta principal o apelo. Eles podem não refletir, ou exagerar, a verdade contida no texto.
3. Fique de olho no autor
Quem escreveu aquelas informações? A notícia foi feita por alguém que você nunca ouviu falar? Se esta pessoa, ainda que desconhecida, estiver assinalada como repórter, o site já demonstra a responsabilidade de entregar um conteúdo de qualidade.
4. Preste atenção no site
O local onde a notícia foi divulgada é muito importante. Navegar pelo site e observar o tipo de publicação é feita ali te dará uma ideia mais concreta do nível de veracidade ou de sensacionalismo que o veículo possui. Confira o “Quem Somos”, os telefones, endereços e as cabeças por trás daquela empresa. É importante checar o endereço do site também, tendo em vista que muitos grupos pequenos utilizam de nomes de veículos importantes, alterando letras, número ou símbolos gráficos e acabam passando despercebidos pelo usuário.
5. Confira a data da publicação
Muitas vezes, o texto está fora de contexto. A notícia pode ser verdadeira, mas acaba se tornando “mentirosa” por ser velha, como aconteceu no caso do Haddad e do ex-presidente Lula.
6. Observe a qualidade do texto
É imprescindível o rigor com a qualidade do texto jornalístico em uma empresa séria. É muito comum ver erros ortográficos em sites com fake news ou mensagens divulgadas em WhatsApp. A quantidade de adjetivo, advérbio é outro ponto que denuncia o texto amador: logo no primeiro semestre de jornalismo, o estudante aprende a escrever textos sem qualificar os fatos, para evitar de dar sua opinião sobre o assunto.
7. Não se informe apenas por redes sociais
A busca de informações por mais de um canal é imprescindível para entender todos os lados da notícia e, então, formar sua opinião sobre o assunto. Encontre empresas com histórico confiável, não se acomode apenas com o que chega pelo celular.
Jornalista, feminista, fotógrafa, escritora, trilingue e 1/3. Acredita fielmente na força do jornalismo que preza pelos direitos humanos, no positivismo e na fé. Já descrita como um cinnamon roll recheado de wasabi, faz perguntas aleatórias sobre tudo e pode passar horas falando sobre J-pop e K-pop.
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