Ah Velho Itajaí, hoje lhe navego em sonhos,
Na barca tristeza do Dr. Blumenau procurando,
Confuso, entre brumas e memórias desbotadas
De Ouro Preto de outrora,
Das noitadas alegres na casa da Dona Santita,
Embebidas em sonhos e poesias, escutando o longo dedilhar de violões
Seresteiros do João Bosco e do Vinícius,
A procura
Da nota exata, do acorde perfeito, de um arranjo original,
Enquanto nós estudantes sonhávamos com o amor,
Serestando bossa-nova e sambas-canções.
Mas perdido
Em meus devaneios de guri,
Revivendo a boemia da Escola de Minas,
E da Republica Pureza, não vi o tempo voar e agora,
Em meu ultimo comando, embarco no Blumenau II,
Levando a Zezé, o Vinícius, o Bosco, a Evelyn,
O Beto, e Newton Esculacho - agora reaparecido,
E mais os amores que tive,
Que vivi e que perdi
Por todo este mundo afora, em portos, boates e zonas,
Navegando perdulário pelos Sete Mares para finalmente,
Nesta viajem de ilusão pelo Itajaí, cansado arribei,
A barca-sonho e temeroso de procurar a luz justifico-me,
Mostrando-lhe as minhas varias cicatrizes por flertar com a Chama,
E qual mariposa perdida ao sol, agora busco aconchego
Nas noites frias do Vale do Itajaí.
Abandono a barca-sonho,
Abdico meu ultimo timão, depois
De navegar os Setes Mares, andar cinco continentes a
Enfrentar tempestades de paixões angustiantes,
E hoje, sem compasso e leme
Flutuo em brisas, pelas ruas nuas, no nevoeiro,
Do Blu e Blues, uma brisa solitária acariciando rostos vazios,
A solidão me oprime e me aperta o peito
E eu aperto o passo, em busca da luz negra,
Do aconchego e do calor humano
Na penumbra amiga, do santuário da Casa da Sete.
Sam de Mattos
Spartamburgo, Otubro de 2007
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