Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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‘A conta não fecha’, diz presidente da Unica sobre crise sucroenergética

‘A conta não fecha’, diz presidente da Unica sobre crise sucroenergética


Fonte: Brasilagro



Deputados criaram frente parlamentar em defesa do etanol nesta quinta (3). Comissão política foi confirmada após movimentos no interior de SP.
As usinas de processamento de cana-de-açúcar estão no vermelho e precisam de incentivos do governo federal para sair de uma crise que se agravou em cinco anos, afirmou nesta quinta-feira (3) a presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), Elizabeth Farina. No mesmo dia, a Unica e outras entidades ligadas à produção de etanol e açúcar participaram da criação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, formada por deputados de diferentes partidos na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Sem retorno financeiro das operações com etanol e sem a abertura de novas usinas, indústrias metalúrgicas e cooperativas de produtores também reclamam de dificuldades econômicas.
A comissão parlamentar foi mobilizada após ações organizadas por associações do segmento em Sertãozinho (SP) e Piracicaba (SP), duas das principais regiões produtoras de cana de São Paulo, que concentra 60% do plantio no país. Os deputados se prontificaram a interceder, junto ao governo federal, por políticas fiscais de longo prazo que estabilizem o preço do etanol, bem como suas condições de comercialização em território nacional.
“Este ano vivemos uma situação paradoxal. Temos a maior safra colhida da história e ao mesmo tempo uma pressão de custos e uma estagnação de receita. Quanto mais se produz, mais se perde. Com os custos crescentes, o preço do etanol gera uma receita abaixo da registrada dois anos atrás. A conta não fecha”, afirma Elizabeth, sem revelar quanto isso representa.
A crise no setor sucroenergético - que representou o fim de 44 usinas nos últimos cinco anos, mais dez em processo de fechamento e um saldo de cem mil vagas de trabalho perdidas em dois anos - teve suas bases em 2009, após a recessão econômica internacional. Cem usinas que se instalavam no país na época foram pegas de surpresa em meio a um acúmulo de recursos financiados e tiveram investimentos em produtividade comprometidos, explica a presidente. Três anos de safras comprometidas por questões climáticas, novos endividamentos ocasionados pela mecanização da colheita e políticas de isenção sobre o preço da gasolina agravaram esse quadro nas 400 plantas de processamento de cana em funcionamento no país, segundo Elizabeth.
Mesmo com a recente desoneração do PIS/COFINS do etanol – R$ 0,12 a menos por litro pago pelas usinas –, a Unica espera, com a concretização da Frente Parlamentar, a aprovação de duas medidas de longo prazo: a criação de regras claras para a formação dos preços dos combustíveis; e uma tributação pelo impacto ambiental causado pela gasolina, de acordo com a presidente. “É um reconhecimento positivo da energia verde [etanol].”
Reflexos na indústria
A crise do setor representa menor demanda nas indústrias que fornecem equipamentos para as usinas, explica o diretor executivo do Centro das Indústrias do Setor Energético (Ceise Br), Sebastião Macedo. As unidades de produção de peças chegam a operar com até 60% de sua capacidade instalada em razão de uma queda de até 50% nas encomendas. “Sem instalação de novas plantas em 2011, não houve pedidos. Isso reduziu bastante a gama de serviços para o setor. Fora isso, com o impacto da crise mundial no mercado interno de etanol, houve redução de investimento no campo e consequentemente nas indústrias”, afirma Macedo.
Segundo Macedo, a crise instalada no setor repercutiu tanto no fechamento de indústrias de pequeno porte, que tinham sido abertas quando a demanda das usinas ainda era crescente, quanto na diversificação das fábricas, que passaram a produzir equipamentos para a exploração petroleira e de gás natural. “A característica dessas empresas permite a elas poder atender facilmente, com um pouco de inovação, outros mercados como petróleo e gás, papel e celulose, alimentos, não só cana.”
Os efeitos em Sertãozinho - um dos principais polos sucroenergéticos do país e local em que surgiu um dos atos que inspiraram a Frente Parlamentar - , foram sentidos, por exemplo, na redução de 10% no Índice de Participação dos Municípios (IPM), bem como na queda no recolhimento do ICMS, segundo o secretário municipal de Indústria e Comércio, Carlos Roberto Liboni. As 700 indústrias do setor representam 70% do Produto Interno Bruto local, estima o secretário. "A cana tem total importância em nosso país. Faz sentido que a Assembleia Legislativa faça parte desse movimento que busca a retomada do setor", afirma, sobre a criação da Frente Parlamentar em defesa do etanol.
Prejuízo para produtores
No campo, a baixa das usinas também atinge quem depende da produção e da venda da matéria-prima como fonte de renda. De acordo com Arnaldo Bortoletto, presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), as usinas pagam atualmente de R$ 58 a R$ 60 pela tonelada de cana, diante de um custo médio de produção de R$ 70. "O produtor arca com um prejuízo que vai de R$ 10 a R$ 12 por tonelada. O desestímulo é grande e a preocupação principal é com o produtor independente, que se vê obrigado a arrendar ou vender sua propriedade", disse.
A principal reivindicação do setor, que em agosto fez protestos em Piracicaba, é que o governo federal subsidie a produção da cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil, a exemplo da medida anunciada em maio para produtores do Nordeste. “Quando a Petrobras fecha no vermelho, o governo socorre. No caso do etanol, a cadeia produtiva fica sem amparo", relata. Após o lançamento da Frente Parlamentar, os produtores anunciaram que solicitarão uma audiência com a presidente Dilma Rousseff (PT).
O número de contratações de lavradores também é diretamente atingido pela crise no segmento. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ribeirão Preto e Região – responsável por trabalhadores rurais em Luís Antônio, Guatapará, Dumont e Ribeirão – computava, até 2010, dois mil empregados na lavoura. Mas com o fechamento da Usina Galo Bravo, de Ribeirão, e a dispensa de 1,3 mil, esse número caiu para 700, segundo o presidente da entidade, Silvio Donizetti. “Eles saíram da área rural, foram para a construção civil”, diz (G1, 3/10/13)

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Comentário de petrúcio josé rodrigues em 13 outubro 2013 às 15:59

conheço bem essa história. existes muitos jão liras da  vida. tercios e outros fora da  republica das alagoas, que mamaram, mamaram, e são ávidos por  isto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! a lei do gerson, funciona neste caso.

Comentário de Romildo de Paula Leite em 13 outubro 2013 às 14:40

   Os usineiros querem voltar a mamar nas têtas dos nossos impostos.

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