Cerca de 10 anos depois de ter atravessado graves dificuldades financeiras, a Repetto é hoje todo um símbolo do luxo, que gera 40 milhões de euros. O seu maior trunfo tem sido a aposta na produção no seu país de origem, a França, numa fábrica de onde saem diariamente 2.300 pares de sabrinas, o bestseller da marca.
Por ocasião da recente inauguração de mais uma loja em França, precisamente em Bordéus, Jean-Marc Gaucher, presidente da Repetto anunciou a criação de 150 novos postos de trabalho na fábrica de Saint-Médard-d'Excideuil (Dordonha) até 2015, o que duplicará praticamente o efectivo, que ascende actualmente a 160 trabalhadores.
Uma aposta longe de estar ganha quando Gaucher, antigo vice-presidente da Reebok, comprou em 1999 a fábrica de calçado de onde saíam, segundo o próprio, «sapatos para velhas senhoras com pés delicados». A empresa apresentava, na altura, dívidas no valor de 15 milhões e o novo dono viu-se, por isso, obrigado a separar-se de uma boa parte dos seus 80 trabalhadores.
Jean-Marc Gaucher decidiu, então, dar uma volta de 180º à empresa que, desde a sua fundação em 1947 por Rose Repetto, era essencialmente uma marca de calçado para dança. «Pensava que à partida que seria fácil, mas enganei-me. Quase perdi tudo», revela o presidente que, zangado com os números, é hoje incapaz de dizer quantas lojas tem através do mundo.
O seu objectivo foi, assim, posicionar a marca no universo do luxo e oferecer produtos exclusivos. Para desempoeirar a imagem, recorreu a estilistas consagrados, como Issey Miyake, Yohji Yamamoto ou ainda Rei Kawakubo, que renovaram a emblemática sabrina da qual Brigitte Bardot foi a primeira incondicional. Em paralelo, Gaucher decidiu explorar melhor a fábrica e transformar esta num trunfo para a marca. Deste modo, passou a desenvolver múltiplas colecções para que a cada dois meses fossem lançadas novidades no mercado. «Ninguém pode produzir tão rapidamente assim quando o faz do outro lado do mundo», afirma o presidente, que se orgulha hoje de não ter qualquer dívida e possuir 100% do capital da Repetto, cujo volume de negócios foi multiplicado por 8 em 10 anos, atingindo os 40 milhões de euros.
Além disso, a marca que realiza actualmente cerca de 50% da sua facturação com a exportação soube igualmente aproveitar o know-how dos seus trabalhadores, em particular na técnica de coser cada sapato do avesso antes de virá-lo do direito. Das botas às sabrinas, passando pelas sapatilhas de ballet, todas são fabricadas segundo esta técnica, que exige muita mão-de-obra. Para conceber um par de sapatilhas de ballet é necessário uma dúzia de trabalhadores. «Nas sapatilhas de ballet, que são vendidas entre 50 e 60 euros, não ganhamos dinheiro», revela Fred Bouvier, responsável por esse departamento.
Mesmo assim, saem diariamente da fábrica cerca de 500 pares de sapatilhas de ballet cor-de-rosa, o emblemático produto que Rose Repetto começou por criar a pedido do seu filho, o célebre bailarino Roland Petit. As sabrinas estão, todavia, na linha da frente: 2.300 pares diários com nomes míticos como “bolshoi” ou “cindarela” saem da fábrica e a meta é chegar aos 6.000 pares.
De:Portugal Têxtil
Fonte: AFP
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