A tendência ecológica que se sente na indústria da moda está a pôr novamente Berlim no centro das atenções. A somar às apresentações na Semana de Moda da capital alemã estão eventos paralelos que mostram o que melhor se faz em termos de vestuário ecológico e que ditam tendências para um futuro sustentável.
O «glamour verde» está a levar de novo a Semana de Moda de Berlim para o mapa das capitais da moda, numa altura em que os consumidores estão a voltar-se para tudo o que é “eco-friendly”.
Dois grandes eventos ecológicos marcaram a Semana de Moda de Berlim, que terminou na passada sexta-feira. Ambos foram recentemente comprados pela Messe Frankfurt, líder mundial em feiras profissionais na área de moda e tecnologia têxtil, dando sinais positivos para os produtos sustentáveis no sector da moda. «A sustentabilidade não é uma tendência a curto prazo mas um óptimo novo paradigma», considera Detlef Braun, director-executivo da Messe Frankfurt, acrescentando que é um novo estilo de vida, que afecta tudo, desde a produção ao retalho. Nos últimos dois anos, os têxteis e a moda ecológicos «experienciaram um grande passo em frente, entrando nas capitais mundiais da moda», afirma Braun.
Uma tendência que é também boa para o negócio. «As marcas perceberam que já não podem ficar à margem do assunto, sobretudo numa altura em que os consumidores estão cada vez mais conscientes da sustentabilidade dos produtos que compram», acredita Friederike von Wedel, do instituto de moda internacional Esmod de Berlim. «Berlim está a tornar-se numa localização ainda mais importante para a moda ecológica com marcas internacionais a entrarem no mercado europeu», acrescenta Von Wedel, que dirige o primeiro grande programa de moda sustentável.
Os eleitores alemães recentemente enviaram fortes sinais de apoio a uma política ecológica. O partido Os Verdes cresceu, passando de um pequeno partido para um partido de massas que no início deste ano ganhou controlo sobre o estado influente de Baden-Wuerttemberg, um reduto conservador durante mais de cinco décadas.
Os Verdes também beneficiaram da política inconstante de Berlim em relação à energia nuclear e viram a sua popularidade aumentar após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em Março. «O Japão tornou-se mesmo um mercado em crescimento para a moda “amiga do ambiente” desde Fukushima», aponta Jana Keller, co-fundadora do GREENShowroom, uma das feiras ecológicas que tiveram lugar em Berlim na semana passada.
A Semana de Moda de Berlim foi ficando afastada da cena internacional, mas tem sido capaz de ganhar a confiança de algumas marcas e merecer os holofotes internacionais. E o nicho ecológico ajuda nesta tendência, sobretudo tendo em conta os esforços da cidade para se tornar num ponto central de criatividade. «Berlim é actualmente a localização mais importante para a moda ecológica», indica Kati Drescher, que dirige um showroom de moda ecológica em paralelo com a Semana de Moda, acrescentando que «a cidade é uma trendsetter em termos mundiais».
«A moda ecológica posicionou Berlim a par com outras capitais de moda», refere Christoph Lang da parceira de produção da Semana de Moda de Berlim, a Berlin GmbH, para quem este é um sector em crescimento com grande potencial de futuro.
O GREENShowroom, juntamente com o Ethical Show em Paris, um dos eventos que a Messe Frankfurt também comprou, tem registado um forte desenvolvimento da tendência de moda sustentável num curto período de tempo. «Desde o nosso primeiro evento em 2009 com 16 expositores, aumentamos para mais de 30», explica Jana Keller do GREENShowroom, revelando ainda que há cerca de 500 empresas em todo o mundo que reflectem a sua visão e conceito.
A sustentabilidade e a consciência ecológica também encontraram uma forma de chegar às massas, com muitos retalhistas a oferecerem linhas com algodão orgânico. Embora apenas os mais rigorosos projectos estejam à altura dos padrões de Jana Keller para serem convidados a expor na sua feira, há projectos mais abrangentes de empresas mundiais ainda encorajam a produção em algodão sustentável, segundo Keller.
A iniciativa da produtora de denim Levi’s para diminuir o consumo de água ilustra a crescente consciência ecológica na moda de massas, com a empresa a reduzir em cerca de 28% a quantidade de água gasta nos seus jeans num processo que habitualmente envolve 42 litros. Na feira Bread&Butter em Berlim, o stand da Levi’s usou garrafas de água vazias para ilustrar o consumo de água na produção de jeans e encorajar os consumidores a agir de forma ecológica em casa, lavando menos os seus jeans para pouparem água.
Fonte: Reuters
Por: Portugal Têxtil
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