Eis a grande “contribuição” de Dilma ao Brasil até agora: não criou a nossa mediocridade, mas com ela, o país passou a celebrar resultados medíocres! Isso mesmo: a atividade econômica “cresceu” 0,1%, tirando oficialmente o país do quadro de recessão técnica (dois trimestres consecutivos de queda), e isso passa a ser visto como um alento. Ufa, crescemos 0,1%!!!
Penso no filme “Entrando numa fria maior ainda”, em que o personagem de Robert De Niro, espantado ao ver que os pais de seu futuro genro guardavam todas as suas “conquistas” escolares, incluindo um sétimo lugar em alguma competição qualquer, atira: “Vocês celebram a mediocridade”. Sim, Jack Burns era o “vilão” da história, em um filme, afinal, “progressista”. Mas como negar a boa tirada?
É como vejo o Brasil de hoje, cada vez mais medíocre, e pior: achando a mediocridade cada vez mais aceitável. A jornalista Miriam Leitão, em sua coluna de hoje, disseca os dados do PIB e mostra como representam o esgotamento do modelo adotado pela presidente, assim como um final melancólico para o experimento da “nova matriz macroeconômica”:
Há magros, miúdos, motivos de ânimo nos dados da economia no terceiro trimestre. A feia palavra recessão saiu de cena, já que o PIB ficou em 0,1%. Indústria e investimento subiram um pouco. No geral, o quadro é desolador. A taxa de poupança é a mais baixa em 14 anos. O consumo das família provou que o modelo de crescer incentivando o endividamento se esgotou.
Trocando em miúdos: o país parou no ano de 2014. Não é culpa do mundo. É resultado das escolhas da política econômica que persistiu no erro com uma insistência que não se curvava nem aos fatos da vida. O ministro Guido Mantega, que ainda está no exercício de suas funções, achou que o país cresceria pelo consumo das famílias estimulado pelo endividamento. Ontem mesmo ele repetiu que um dos problemas é a baixa concessão de crédito por parte do sistema financeiro. Mas a verdade é que as famílias tomaram empréstimos, comprometeram seus orçamentos e agora pagam as contas. Orçamento não é elástico e, felizmente, as famílias sabem.
[...]
A taxa acumulada de crescimento nos últimos quatro trimestres desacelerou de 1,4% para 0,7%. A expectativa do mercado é que chegue ao final do ano com um crescimento de apenas 0,2%. Ao mesmo tempo, a inflação ficará em torno de 6,4%.
A nova matriz macroeconômica falhou: derrubou o crescimento e alimentou a inflação. A comemoração do miúdo 0,1% é seu melancólico final.
Eis o triste resultado de Dilma + Mantega após quatro anos. E o mais espantoso: os eleitores (ou as urnas eletrônicas) escolheram mais quatro anos… disso! Quem assim o fez realmente não se importa com a mediocridade. Deve ostentar na parede do quarto, todo feliz, aquele décimo lugar na corrida da escola, quando doze participavam da disputa.
Em sua coluna na Veja desta semana, J.R. Guzzo afirma que só trocando a própria Dilma o Brasil poderia melhorar de verdade, e diz, da forma mais cordial possível, que a limitação cognitiva de nossa presidente está por trás dos resultados lamentáveis:
Insatisfeitos ficamos todos nós, que esperamos mais do Brasil, que sabemos de seu potencial, que temos plena convicção de que perdemos inúmeras oportunidades incríveis que não voltarão mais. Nossa economia poderia estar crescendo, facilmente, uns 5% ao ano. Não está crescendo nada! Nossa inflação poderia estar, tranquilamente, na meta de 4,5% ao ano. Está acima de 6,5%, e há anos nesse patamar.
É muita mediocridade mesmo. E uma mediocridade que assusta ainda mais quando começa a ser enaltecida…
Rodrigo Constantino
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