A indústria de Pernambuco vivencia uma situação quase contraditória. A construção civil e pesada está com forte crescimento e geração de empregos nas obras de megaprojetos, como a Fiat, em Goiana, ou a Refinaria Abreu e Lima, em Suape. Mas a indústria da transformação, a que já tem fábricas funcionando e produz alimentos ou têxteis, por exemplo, teve em 2011 o pior resultado pelo menos nos últimos cinco anos. Os números da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) mostram uma queda de 17%, um quadro tão ruim que não apenas anulou o crescimento nas vendas industriais após a crise de 2008, como ainda deixou um saldo negativo de 6,6% na comparação com o primeiro ano da turbulência global.
Em todo o Brasil, a indústria teve um 2011 ruim. “O que chama a atenção em Pernambuco é que a economia vive um novo momento, empresas investindo e a construção em alta, e a indústria já instalada com resultados negativos”, comenta André Magalhães, professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Mesmo em 2007, antes do abalo econômico mundial, a indústria pernambucana já havia caído 2,7%. Quando a crise chegou, em 2008, a queda foi maior, de 3,8%. A bonança veio nos dois anos seguintes, uma alta acumulada de 13%. Mas a maré boa não resistiu a 2011, uma redução que transformou o acumulado desde 2008 novamente em um número negativo.
As maiores influências no resultado vieram nos produtos têxteis (queda de 29%), confecções (redução de 26%) e até mesmo na área de alimentos e bebidas (retração de 19%), que vinha liderando a expansão industrial nos anos anteriores. O segmento de minerais não metálicos, embora tenha registrado um recuo de 48%, tem uma participação pequena no total do Estado.
Economista da Unidade de Pesquisas Técnicas da Fiepe, Danyelle Monteiro diz que houve reacomodação em grande parte dos segmentos, que haviam crescido muito em 2010. Mas ela diz que o resultado serve de alerta para o impacto da concorrência com produtos chineses, que chegam com preços baixíssimos por causa da mistura de câmbio, fabricação em larga escala e práticas consideradas desleais.
“Os têxteis e confecções são segmentos que sofrem com a concorrência desleal e a entrada irregular de produtos chineses”, comenta Danyelle.
Em dezembro, o setor têxtil deu até férias coletivas para seus funcionários, algo que não fez em anos anteriores. O presidente do Sindicato da Indústria Têxtil (Sinditêxtil), Oscar Rache, explica que a cadeia têxtil e de vestuário costumavam sentir as variações na economia com mais intensidade um crescimento robusto da economia ou uma grande queda. Se o crescimento era de 2,5%, por exemplo, havia estabilidade na cadeia têxtil e de confecções.
“Isso era há 10 anos. Mas o Brasil em 2011 deve ter crescido [o dado consolidado não saiu ainda de 2,5% a 3% e os segmentos tiveram uma grande queda. Se você vê as estatísticas, a importação de têxteis cresceu loucamente”, avalia Oscar Rache.
O açúcar é um componente importante do setor de alimentos e bebidas, outro que teve redução nas vendas em 2011. “As usinas representam, ao mesmo tempo, a área de alimentos e de energia”, explica o presidente do Sindicato da Indústria e do Álcool (Sindaçúcar), Renato Cunha. Ele ressalta que a atividade não se mede como os outros ramos da indústria, de janeiro a dezembro, e sim de safras que pegam parte de anos diferentes. A de 2011/2012, ressalta, apresenta aumento na produção.
“Mas se analisarmos só em 2011, o açúcar, negociado internacionalmente, teve uma matriz de preços mais contida. E como o etanol está associado ao preço da gasolina, nossa competitividade está comprometida por causa do controle de preços do governo”, diz Renato Cunha.
“Mesmo com essa situação contraditória, eu não seria pessimista. É uma questão de dinâmica da economia. A gente não pode querer que todos os setores cresçam”, avalia André Magalhães.
FONTE: JC ONLINE
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