Está em cartaz no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, a exposição Ibirá-Flora. Consiste em uma homenagem ao aniversário da cidade de São Paulo e retrata, em 1800 metros de tecido artesanal, a flora de um dos maiores orgulhos paulistanos - a do próprio Parque. Quem está por trás do projeto (que pode ser visto no Pavilhão até julho, junto com um vídeo que explica o processo de produção do tecido) é o designer e tecelão Renato Imbroisi.
Assim como em todos os projetos de Imbroisi, o trabalho de Ibirá é feito em associação a comunidades - esse caso, a do bairro de Muquém, na cidade de Carvalhos, Minas Gerais. O que o designer faz, em conjunto com associações como o Sebrae, é rodar o Brasil em busca de técnicas de artesanato locais e auxiliar comunidades a aproveitar essas técnicas de modo comercial e ao mesmo tempo sustentável. Imbroisi já foi parar até em Moçambique e São Tomé e Príncipe, com projetos parecidos.
O artesanato é uma das formas de representação cultural mais significavas no Brasil, e uma oportunidade de geração de renda e inclusive de exportação e afirmação da eterna busca por uma "identidade brasileira" no design. Ao contrário do processo industrial, ele não valoriza apenas o produto final, mas também o processo e a origem.
Segundo o próprio Renato, em entrevista ao site do A Casa (Museu do Objeto Brasileiro), a grande dificuldade de tornar o artesanato rentável e que gere empregos é passar para comunidades e associações locais conhecimento para que elas próprias possam lidar com gestão (desde problemas de logística até atender a demanda). É aí que os processos de incentivo devem entrar para que o estímulo ao artesanato não fique só na filantropia. Imbroisi também aponta, em bate-papo do Seminário de Economia Criativa do Senac, a importância (e a falta) de antropólogos que possam fazer a ponte entre a cultura local e o que projetos e empreendedores podem exigir dela.
Vivian Berto
tendere.blogspot.com.br
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