Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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E HOJE É O BLACK FRIDAY...

Hoje é BLACK FRIDAY, A Sexta Feira Negra que vem imediatamente depois do Thanksgiving.

O Dia de Ações de Graças (Thanksgiving Day) cai sempre na última Quinta do Novembro. É o dia de comer espigas de milho cozidas, torta de batata doce, presunto e a America entra no Peru (com “e”). 

“E porque essa alimentação esdrúxula, perguntaria um”? Para emular comemorativamente a refeição feita entre colonos e indígenas. Explico melhor: Quando os refugiados religiosos que chegaram (auto-apelidados de “Peregrinos”)  a costa Nordeste dos EUA,  depois de uma colheita fracassada, já sem provisões para aguentar o severo inverno que chegava, os índios locais, compadecidos, tiraram os colonos de religião estranha da míngua, trazendo-os perus selvagens,  batata doce e milho; e os colonos contribuíram com o resto da farinha de trigo que ainda tinham (daí a torta de batata doce, “sweet potatoes pie”) e presunto – e comeram todos juntos um farto banquete - daí foi o Genesis uma aliança entre esses povos tão distantes e alheios que se tornaram amigos e ate aliados por muitos anos.

Sem esta misericórdia indígena, esses Colonos não sobreviriam o inverno rigoroso do Norte. Daí, esquecido os índios, ate hoje o país comemora esse dia, esse ato de amizade dos nativos e a America, em forma de um feriadão, tenta se lembrar, comemorar e reviver como ocorreu no primeiro “Thanksgiving”.

 Alguns de nos tentamos contar as bênçãos recebida ao longo do ano e elevar os nossos pensamentos aos céus, nesse dia tão simbólico, e agradecer por tê-las recebido. Algo de semelhante ao Peisach Judeu, onde as famílias se reúnem, e circunspectos, mas alegres agradecem a Deus por ter-lhes liberto do cativeiro no Egito; e nessa época comem certas comidas e ervas evocativas do sofrimento dos Israelitas vagando por décadas pelo deserto - e o subsequente encontro da Canaan.

Ah, mais o “Black Friday” é uma estória diferente do dia anterior do Thanksgiving. Aí entra o Capitalismo “en force”. As seis da manhã da Sexta depois do Thanksgiving, as lojas começaram a abrir oferecendo tremendos descontos e seus produtos e começando a campanha de consumismo ate o Natal. Bem, depois deste haverá uma ultima liquidação pόs-Natal para esticar a gastança ate o Primeiro de Janeiro.

Para essa ultima esticada de consumismo,  ainda não cunharam um nome, mas aqui o cunharei como o futuro “BLACK CHRISTMAS” Sales, Vendas do “Natal Negro”.

Mas voltemos ao BLACK FRIDAY: À medida que a economia ficava mais apertada essa horário de abertura das lojas na Sexta Feira, passou a retroceder, ao ponto das portas começar a abrirem-se a Zero Hora da Sexta. Ai, um estouro de boiada humana invade as lojas, munidos de cupom, se acotovelado, pisando-se para adquirir as suas barganhas. Creio que em 2008, um vendedor do Wall Mart  foi morto pisoteado pela multidão ao abrir as portas.

Em realidade o princípio do Black Friday é venda de altos volumes, com um lucro marginal e alguns produtos encalhados, fora de linha ou ate descontinuados, sendo vendidos bem abaixo do custo. Também há alguns bons produtos, EM QUANTIDADE LIMITADA que são vendidos baratíssimos para atrair a turba. No final das contas há muitas vendas, muita divida em cartões de credito, muito lucro, algumas alegrias momentâneas - mas no final do dia, o que perdura é irritação, dores, cansaço e frustração.

Para irritar o segmento mais tradicional da sociedade Americana, esse ano, propelido pelo aperto da economia, o comércio rolou ainda mais para trás o começo do Black Friday - entrelaçando-o com a Quinta Feira do Dia de Ações de Graça. Esse ano muitos negócios começaram as vendas as 09h00min da noite de Quinta, com o povão ainda digerindo o farto jantar de a comilança do Thanksgiving.

Acho tudo isso ridículo. Há pessoas que desde Quarta Feira se acampam em filas adiante de lojas, munidos de cupons e defendendo caninamente suas posições na fila e os seus “territórios” adquiridos em frente das lojas. Há intervenção policial, altercações, enfim um verdadeiro “cú de boi”, cena feia, patética onde a humanidade apresenta a sua face pior.

Eu já decidi há vários anos não participar dessa farsa, desta tragicomédia. Primeiro por questões de pragmatismo. Quando jovem, não importava o quão cedo acordava, havia sempre nas lojas uma multidão que não dormia em frente de mim.

Depois notei que sempre depois do Black Friday, havia ainda bastante mercadoria disponível, e se eu procurasse diligentemente nos sites de descontos da rede eu os encontraria facilmente, sem degradação, acotovelamentos e levando porradas.

Por exemplo, perfume caro tem os seus preços elevados durante as vendas -  e um desconto grande é oferecido depois do Black Friday e vendas de natal. Mas depois dessas épocas, especialmente depois do natal e ano novo, maiores descontos ainda são ofertados, para gerarem capital de giro ate as grandes vendas no longínquo Dia das Mães.

Enfim o bicho homo sapiens ainda é muito primitivo e não há nada que possamos fazer para acabar com esse festival de baixarias, violência, inveja, burrice e vontade de passar a frente dos outros, de algum modo. Assim somos nós

Ah, para você patrício Brasileiro dizendo: “Aqui não temos isso”... Acho ate graça. Se não tem, terá sim. Teremos nós, terão os Indianos e terão os Chineses os somos BLACK alguma coisa..

Sou do tempo em que em minhas visitas ao Brasil, esfregado era em minha cara o tão decantado “Consumismo Americano”... Bem, acabamos de tirar o pé da merda no Brasil, e já estamos do mesmo jeito. Os Chineses também ficarão assim – e seguirão os Indianos se o povão puder ver a cor do dinheiro.

Agora os Brasileiros estão estourando também os seus cartões, comprando carros em sessenta meses e casas a serem pagas durante um período de vida. E não paramos. Jogamos as contas  em cheques especiais, em pré-datados e  assim vai se formando a bolha econômica consumista, como aconteceu aqui nos EUA. Os Bancos lhes amam. Cobram um juro real aos Brasileiros dos mais altos do mundo... E a bola de neve aumenta.

Bem isso e problema para o Ministro Mantega e a Presidente Dilma. Como disse, nós teremos também algum tipo de “Black Friday” e quando a bolha estourar, também teremos algum tipo de “Black Economia”. De dias negros. Mas por enquanto tudo é Thanksgiving, é a aquisição do básico, ou do que julgamos ser básico, e tudo THAKSGIVING por termos uma mulher honrada  a direção do pais e um mundo que busca avidamente as nossas matérias primas.

Quando aprenderemos a diferenciar o “Necessitar” do “Querer”? Quando aprenderemos a gastar o que temos? E pela CNN, em espanto vejo a multidão se matando, se empurrando e se enfartando.

Um feliz Black Friday para todos voces, e eu ligarei depois a TV Satélite para ver um bom jogo de futebol – ou mesmo um filme preto e branco antigo. De uma época mais dissimulada, talvez ate mais gentil, mas seguramente com muito mais classe. Parafraseando o meu amigo Itaguassú Ferreira, um mundo ate “de mais berço”. Ciao a todos.

 

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