Representantes da indústria do vestuário de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul definiram agenda única a ser defendida pelos três estados.
Estancar o processo de desindustrialização pelo qual passa o setor têxtil e do vestuário, buscar soluções para questões trabalhistas que dificultam a atuação das empresas e aumentar a representatividade e a união do segmento. Essas são as prioridades conjuntas que a indústria de confecção da região Sul do país deve adotar para aumentar sua competitividade nos próximos anos. A agenda única de demandas foi definida por empresários de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que na última sexta-feira (11) se reuniram no primeiro fórum do setor da região, realizado na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba.
O coordenador do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário da Fiep, Marcos Koslovski, classificou a união dos empresários dos três estados como um fato histórico para o setor. “Estamos aqui por uma causa justa, por conta das muitas dificuldades que estamos enfrentando. Creio que hoje a região Sul cria uma massa construtiva para a defesa do nosso segmento”, declarou.
A opinião é a mesma do vice-presidente da Fiep, Hélio Bampi, que representou o presidente da entidade, Edson Campagnolo, no encontro. “O Sul do Brasil tem que se unir em torno das causas comuns. Espero que esta iniciativa tenha continuidade para o fortalecimento do setor e que seja um exemplo para o associativismo no país”, disse Bampi.
Durante o 1º Fórum Sul do Setor Têxtil e do Vestuário, os empresários apontaram as dificuldades e demandas de cada um dos estados e chegaram a 13 questões prioritárias comuns a todos. Delas, foram eleitas as três que precisam de soluções mais emergenciais para garantir a competitividade do setor.
“O que nos preocupa muito hoje é a grande importação de produtos não apenas da China, mas de outros países asiáticos”, afirmou o empresário Sérgio Pires, presidente da Câmara Têxtil da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). “No Brasil, temos qualidade, equipamentos, mão de obra e matéria prima suficientes. Mas os custos de produção deixam a indústria têxtil brasileira pouco competitiva”, acrescentou.
Com isso, nos últimos anos o país abriu as portas para uma verdadeira enxurrada de artigos têxteis de vestuário importados. Segundo levantamento do Departamento Econômico da Fiep, a importação de têxteis subiu de R$ 1,2 bilhão registrado em 2005 para os R$ 3,9 bilhões já alcançados em 2011. No caso dos artigos de vestuário, o valor das importações cresceu de R$ 259 milhões para R$ 1,6 bilhão no mesmo período.
O empresário João Paulo Reginatto, diretor do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Fitemasul), afirma que esta situação já fez com que fosse iniciado um processo de desindustrialização do setor no Brasil. “A indústria têxtil e de vestuário é a segunda que mais gera empregos no Brasil, mas nos últimos 5 anos já perdemos de 300 mil a 400 mil postos de trabalho no segmento”, disse Reginatto.
Prioridades
Por conta desse cenário, o combate ao processo de desindustrialização do setor foi eleito como a principal prioridade que deve ser alvo da mobilização dos empresários. A intenção é cobrar soluções para que a indústria brasileira possa competir em igualdade de condições com os concorrentes estrangeiros. Entre as sugestões está a adoção de políticas efetivas de defesa comercial, com a criação, por exemplo, de medidas compensatórias para as empresas nacionais.
Além disso, os empresários consideram fundamental encontrar soluções para questões trabalhistas que prejudicam as empresas. Uma das principais demandas diz respeito à regulamentação e simplificação das normas para contratação de trabalhadores terceirizados.
Os representantes de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também elegeram como prioridade o fortalecimento da união dos empresários do setor. “Nós, da região Sul, somos grandes produtores e nossa união vai dar maior visibilidade às reivindicações do setor”, afirmou Sérgio Pires, da Fiesc. “Precisamos ganhar força para mobilizar não só o governo como as entidades representativas para a defesa do setor”, acrescentou.
Além de apontar as questões prioritárias para o setor, os empresários dos três estados debateram ações práticas que devem ser adotadas pelo Fórum Sul para que se alcancem as mudanças necessárias. Uma delas diz respeito a uma maior aproximação com a Frente Parlamentar da Indústria do Vestuário no Congresso Nacional e também com os deputados e senadores de cada estado.
FONTE: AGÊNCIA FIEP
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