Fonte:|Valor 0nline|
Scheherazade Daneshkhu, do Financial Times, de Paris
A casa de moda francesa Christian Lacroix, à beira da quebra financeira, receberá na próxima semana oferta de uma firma parisiense especializada em recuperação de empresas que diz pretender salvar a marca, considerada ícone da herança cultural francesa.
A Bernard Krief Consulting, de capital fechado, informou que apresentará sua proposta para a Christian Lacroix na segunda-feira, quando acaba o prazo para entrega de ofertas pela aquisição da empresa, que está sob administração externa depois de ter entrado em processo de recuperação judicial em maio para proteger-se contra credores.
A Bernard Krief está aproveitando a crise financeira para comprar empresas falidas ou em má situação, como a fabricante de autopeças Heuliez e o grupo têxtil DMC.
Louis Petiet, presidente do conselho de administração da Bernard Krief, disse que a oferta seria por toda a empresa, incluindo a linha de alta-costura.
Acredita-se que outros ofertantes não teriam interesse em manter as dispendiosas operações de alta-costura, que correm risco de ser encerradas.
O Falic Group, que tem sede na Flórida e controla a Christian Lacroix, anunciou que, se não aparecerem ofertantes até o fim de julho, proporá um plano de reestruturação para encerrar a linha de alta-costura e reduzir o número de funcionários de 124 para 12.
"A alta-costura é parte da herança cultural da França e Christian Lacroix é um dos maiores criadores contemporâneos do país", afirmou Petiet. "Queremos salvar a empresa."
O estilista Lacroix, que nos desfiles de moda em Paris realizados este mês recebeu ovação de pé de admiradores usando braceletes "Christian Lacroix para sempre", expressou receios de que a empresa seja vendida por quase nada.
Recentemente, Lacroix recebeu declarações de apoio de Frédéric Mitterrand, novo ministro de Cultura da França e sobrinho do falecido ex-presidente socialista François Mitterrand. O ministro comprometeu-se a "fazer algo" para evitar a perda da marca, que seria um "desastre cultural".
A empresa Christian Lacroix, outrora parte do grupo de artigos de luxo francês LVMH, nunca foi rentável em seus 22 anos de existência.
Em 2008, a companhia registrou prejuízo de € 10 milhões e receita de € 30 milhões, sendo que as encomendas para sua coleção de verão feminina 2009 prêt-à-porter, de produção industrial, caíram em 35%.
Os problemas mais recentes da empresa foram desencadeados pela crise financeira mundial, que levou a uma queda nos gastos dos consumidores.
Petiet afirmou que a Bernard Krief almeja quintuplicar as receitas da grife, para € 150 milhões em cinco anos, expandindo a distribuição das linhas de acessórios e alta-costura.
A Bernard Krief, especializada em recuperar empresas em dificuldades, esteve entre as ofertantes pela Morgan, a varejista de moda francesa que também entrou em recuperação judicial, em dezembro. Jean-Pierre Raffarin foi diretor de comunicações do grupo nos anos 80, antes de ser primeiro-ministro do país em 2002.
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