Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Neste mês de abril, o brasileiro José Drummond Jr., que ficou três anos e meio no comando da Whirlpool na América Latina, arrumou as malas e partiu para Comério, cidade localizada na região da Lombardia, no Norte da Itália. De lá, vai comandar os negócios da maior fabricante de eletrodomésticos do mundo na Europa, Oriente Médio e África. Drummond substituiu o americano Bracken Darrel, que deixou a Whirlpool.

Essa movimentação ilustra uma realidade cada vez mais comum. Talentosos executivos brasileiros são, hoje, mais reconhecidos e demandados no exterior. Relatório produzido pela consultoria de recrutamento Boyden sobre o Brasil mostra que há uma forte procura por profissionais brasileiros para ocupar cargos do alto escalão em empresas sediadas em mercados mais maduros. "A demanda por executivos do país atualmente é a maior que já tive conhecimento", afirma John de Marmon Murray, diretor geral da Boyden em São Paulo. "Há casos de empresas americanas exigindo a apresentação de pelo menos um profissional do Brasil nas indicações para os conselhos", revela.

Murray explica que muitas multinacionais estão focando suas atenções para o mercado latino-americano. Desse modo, ter um brasileiro no comando ou em posição estratégica facilita a decisão de investimentos nessa região. Além disso, o consultor ressalta a sólida formação acadêmica e profissional dos executivos do país. É cada vez mais comum, por exemplo, ver profissionais do país falando inglês com fluência e indo estudar no exterior. "Nós últimos dez anos, houve um grande salto de qualidade no perfil dos brasileiros que atuam no comando de organizações. Eles desenvolveram novas habilidades e se tornaram muito mais completos aos olhos do mercado", diz Murray.

O relatório da Boyden revela que, nas últimas décadas, os executivos do país foram "forçados" a fazer suas empresas crescerem, adaptando as estratégias do negócio a circunstâncias econômicas extremas de altos e baixos. Isso resultou em experiência, flexibilidade e capacidade de mudar rapidamente. "Essas características não são compartilhadas pela maioria de seus pares europeus e americanos", conclui o estudo.

Outra qualidade do profissional brasileiro mencionada no relatório estaria relacionada à necessidade de aprender a transitar pelo complexo sistema tributário e pela burocracia governamental do país. De certo modo, ter de lidar com isso acabou tornando nossos executivos bastante eficientes ao assumirem cargos de gestão em multinacionais no exterior.

Mauro Schnaidman, presidente da Sara Lee Coffee and Tea no Sul da Europa, é outro exemplo de brasileiro no comando de uma grande empresa no exterior. Depois de começar sua carreira no Brasil, aos 33 anos teve sua primeira experiência profissional além das nossas fronteiras. Foi na Argentina, onde aceitou um convite para ser diretor de vendas na operação de alimentos da Unilever. Lá, ficou três anos e meio. "Sempre gostei da ideia de ser um executivo global e não atuar apenas localmente", diz Schnaidman. "Deixei claro nas empresas pelas quais passei a vontade de ter uma vida mais internacional", lembra.

Esse desejo pessoal, aliado aos bons resultados apresentados, fizeram com que Schnaidman deixasse a posição de diretor comercial na Sara Lee Brasil para presidir a unidade espanhola da multinacional em 2008. Dois anos depois, subiu mais alguns degraus na hierarquia da organização, até chegar ao comando da empresa no Sul da Europa. "É importante falar abertamente dentro da empresa que se quer atuar no exterior. Para conquistar esses postos, no entanto, é preciso mostrar muito serviço", alerta.

O executivo, que traçou a carreira em diferentes empresas como Unilever, AOL, Revlon e PepsiCo, acredita que a experiência diversificada contribuiu para que ele chegasse onde está hoje. Em sua opinião, trabalhar em empresas de países e indústrias diferentes é essencial para um executivo se tornar global.

"Isso faz você viver em diferentes culturas e ter desafios diversificados, fatores essenciais para quem quer crescer e ter a solidez necessária para assumir um cargo de CEO", aconselha.

Ao contrário de Schnaidman, Fabio Prado traçou sua carreira em uma única empresa, a Unilever. Ali, entrou ainda trainee, em 1987, e desde 2010 é presidente da operação mexicana da companhia. Antes disso, ocupou outros cargos relevantes na multinacional - foi presidente da região Andina e América Central e vice-presidente sênior para as Américas. Além disso, ocupou a cadeira de VP de marketing de cuidados pessoais nas Américas e de cuidados pessoais e alimentos no Brasil.

Prado acredita que o executivo brasileiro, dado o histórico de volatilidade econômica, tem como característica mais marcante uma flexibilidade muito grande. "Quando trabalhei na África do Sul, eles não entendiam como era possível gerenciar um negócio com inflação tão alta", conta. Para ele, também pesa a favor o fato de os nossos profissionais estarem acostumados a viver com diversidade de raças e religiões.

Agora, com o Brasil no centro dos investimentos internacionais, Prado afirma que os gestores daqui tomam emprestado um pouco dessa atenção. "O executivo brasileiro já era respeitado, mas passou a ser ainda mais."

De acordo com ele, para ser um executivo cobiçado globalmente é preciso mais do que simplesmente ter "sobrevivido" no complicado cenário econômico nacional de outros tempos. "O que funciona e é bom em um país pode não ser em outro", diz.

Assim, além da sólida experiência profissional, Prado afirma que para ser bem-sucedido no exterior é essencial ter a capacidade de diagnosticar alavancas de crescimento, estar alinhado com a cultura local e identificar como pensa o consumidor. "Quanto mais rápido um gestor conseguir entender esse ecossistema, melhor", garante. (Colaborou Vívian Soares).

Fonte:http://www.valor.com.br

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