Fonte:|opovo.com.br|
Renata Targino e Cristina Brito
De substituta da cama até se tornar artigo de decoração
Atire a primeira pedra quem nunca passou uma tarde a se balançar numa rede! A “cama” indígena, descrita pela primeira vez por Pero Vaz de Caminha em abril de 1500, se tornou um dos ícones da colonização após o “achamento” dos portugueses. Durante o Período Colonial, as camas convencionais eram raras nas terras brasileiras, chegando a ser um símbolo de status para os proprietários.
Grandes latifundiários também aderiram à mania de dormir em redes. Com o passar do tempo, novos usos surgiram. Adaptada com travesseiros e cortinas, foi usada como meio de transporte para senhores de escravos, as chamadas “palanquins de rede”. A rede serviu ainda para transportar doentes e para sepultar os mortos.
A mobilidade, praticidade e conforto das redes, além, evidentemente, do valor bem mais acessível que o das camas, impediram que caísse em desuso, especialmente no Nordeste. Ainda hoje, é difícil entrar numa casa nordestina cujos moradores não tenham pelo menos uma delas. Mas se houver uma rede armada na sala quando um “compadre” chega para uma visita surpresa, logo é desarmada e escondida em um dos quartos.
Entretanto, uma nova forma de encarar a rede está tornando ultrapassado o costume de escondê-la. É cada vez mais comum encontrar redes com varandas bem trabalhadas, ornadas com rendas e bordados, usadas como parte da decoração de casas, pousadas, hotéis e restaurantes. A rede não perde o caráter que lhe fez resistir durante séculos, o de oferecer um repouso prático e confortável, mas ganha cada vez mais espaço como objeto de decoração.
De substituta da cama, vendida pelos ambulantes no sertão nordestino (os “galegos”) até se tornar artigo de decoração com vendas na internet, a rede continua ícone da cultura brasileira. Ela ainda desperta o ócio gostoso, a vontade de ficar largado ao seu balanço, mas se adaptou, ganhando espaço na agilidade dos dias de hoje, nos quais cada objeto possui mais de um uso e múltiplos significados.
E-MAIS
Indústrias têxteis tradicionais, especializadas em redes de descanso, passam a investir neste novo mercado. A Ramalho Têxtil é uma delas. Através da Denaná, marca própria de redes de descanso e decoração, produz sete linhas voltadas para este segmento, exportando para diversos países da Europa, Ásia e América do Norte. A procura pelas redes aumentou de tal forma que a Ramalho passou a vender os produtos Denaná na internet. Mas as pessoas podem encontrar também redes a partir de R$ 37 na linha Petite.
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