Para fugir da crise, Lula tira 12 dias de férias
Fonte: Brasil 247
A crise aberta pela Operação Porto Seguro, que vasculha ocorrências na representação da Presidência da República em São Paulo e pode levar para a cadeia, entre outros, a ex-secretária Rosemary Noronha, será vista, nas próximas duas semanas, pelo retrovisor – e à grande distância – pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a todas as especulações sobre sua proximidade com Rosemary, que o acompanhou, enquanto presidente, a vinte e duas viagens internacionais, Lula resolveu atender a compromissos "agendados anteriormente", segundo sua assessoria. Essa agenda internacional terá 12 dias, e começa na segunda-feira 2. Catar, Paris, Berlim e Barcelona serão as capitais em que Lula irá aterrissar. Na primeira delas e na Cidade Luz, fará palestras remuneradas a um público cuja lista não foi revelada. Na praia catalã e na moderna capital alemã, ele receberá, respectivamente, o Prêmio Catalunha, para personalidades de destaque no cenário internacional, e uma homenagem do sindicato dos metalúrgicos da Alemanha, considerado um dos mais ricos e poderosos do mundo.
Com o périplo, que deverá ter a participação da ex-primeira dama Marisa Letícia, Lula dá um largo passo para deixar para trás, ao menos fisicamente, todas as pressões que o cercam a partir da detenção de Rosemary Noronha e o desbaratamento, pela Polícia Federal, do esquema de troca de favores que ocorria a partir da sede da Presidência em São Paulo. Já se sabe que esse esquema envolvia diretores das agências nacional de Águas e da Aviação Civil e, fortemente, o agora ex-advogado geral adjunto da União. A presidente Dilma Rousseff já avisou que não se importará nem um pouco se todo o grupo passar por desgastantes e complicados depoimentos ao Congresso Nacional.
Logo após o desfecho das eleições municipais, nas quais Lula obteve uma retumbante vitória política com a eleição de Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente recebeu no Instituto Lula, de onde despacha, o advogado e ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos e, em seguida, os condenados pelo mensalão José Dirceu e José Genoíno, ex-presidentes do PT. Aos dois, a partir de avaliações feitas com Bastos, recomendou silêncio absoluto sobre todos os problemas na Justiça e, agora, na Polícia Federal, que os integrantes do partido estão enfrentando. Ao afivelar suas próprias malas para sair, ao menos
momentaneamente do olho do furacão, Lula dá o exemplo, à sua maneira, de que, da sua boca, nada de relevante sobre os casos em curso irá sair.
"Ele não deve nenhuma explicação sobre esse caso", disse o advogado Marco Aurélio Carvalho. "Não há nenhuma investigação contra ele, não tem o que comentar". Para ele, o ex-presidente não deve explicações nem mesmo sobre as 22 viagens internacionais feitas por Rosemary na comitiva presidencial, durante seu governo. "Era prerrogativa do cargo dela, não há nenhuma irregularidade nisso".
Fundador do PT e famoso por sua defesa de bandeiras éticas, o jurista Hélio Bicudo pensa, digamos, um pouco diferente: "Lula ajudaria muito no esclarecimento dos fatos se falasse a respeito do que sabe sobre o uso da máquina pública por funcionários graduados de seu governo".
Agora, porém, para o ex-presidente, o que está na agenda são a torre Eiffel, o portal de Brandenburgo, as praias barcelonesas e os encantos do mundo árabe.
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