Fonte:|finissimo.com.br|
A Talentos do Brasil volta a se apresentar na Capital Fashion Week na sexta-feira 14 às 19h. A marca é uma parceria entre o Ministério de Desenvolvimento Agrário, grandes designers e cerca de duas mil artesãs de todo o Brasil.
As peças são uma prévia da coleção que será desfilada no Prêt à Porter de Paris. Patrícia Mendes, coordenadora do da Telentos do Brasil, conta que o desfile da CFW é uma chamada, uma pequena prévia, do trabalho que foi elaborado pelo grupo.
A coleção batizada de “Mãos que [re] fazem o mundo” traz roupas e assessórios criados com a orientação dos estilistas Ronaldo Fraga, Renato Loureiro, Tereza Santos, Yuri Sarmento, Virginia Borges, Jum Nakao, Heloisa Crocco e Virginia Scorti.
Organizados em cooperativas de 12 estados brasileiros, os grupos desenvolvem peças com a matéria prima local para explorar a riqueza da região e incentivar a sustentabilidade.
Materiais como couro de peixe, juta, sementes, sisal, babaçu, sobras de madeira, látex, lã de carneiro, crina de cavalo e pedras preciosas foram trabalhados nas mãos diversas formas. “Ronaldo Fraga usou a fauna e a flora do Rio Grande do Sul como inspiração para bordados. Renato Loureiro criou a partir do Buriti e utilizou a geometria”, explica Patrícia.
O projeto Talentos do Brasil, além de desenvolver e divulgar uma moda artesanal brasileira, tem como objetivo de promover a organização de comunidades rurais, para incentivar os pequenos grupos a buscar sustento tendo o artesanato como oportunidades de trabalho e renda. Além da orientação de criação, os grupos recebem auxilio em áreas gerenciais e de acompanhamento nos serviços jurídicos, mercadológicos, marketing, assistência social, participação em feiras e eventos.
Confira a história e a prévia de cada grupo:
Amazonas - São 39 artesãs de duas comunidades às margens do Rio Madeira e outra de Manicoré, cidade a 390km de Manaus. Materiais utilizados: fibra de juta, cipó ambé e tiririca, sementes, sobras de madeira e de látex, com um toque de coloridos detalhes em chita. Os homens atuam na coleta de látex, usado na produção de borracha, mas reaproveitado na confecção nos acessórios concebidos de modo artesanal.
Tocantis - Cerca de 90 artesãos participam de empreendimentos coletivos formais e informais na região do Bico do Papagaio – municípios de Aguiarnópolis, Tocantinópolis, Nazaré, Luzinópolis, São Bento e Araguantis. Produtos: Bolsas de pastilha de babaçu e bijóias. Jogos americanos, cestaria e esteira de palha.
Pará - No total, são 40 artesãs de Muaná, ilha de Marajó. O tururi (palmácea) é utilizado nas bolsas, chapéus, sacolas, presépios e bonecas.
Maranhão - Cerca de 250 artesãs de Barreirinhas e Tutoia. Entre os materiais usados estão fios da palha de buriti — tratado e tingido com urucum, salsa, cebola e gengibre. Destaques: o crochê, o “ponto batido” — tecelagem manual usada na confecção de redes —, o macramé com ponto “cascudo” (nome derivado do desenho das espinhas do peixe cascudo), e o uso do côfo, instrumento artesanal no preparo da mandioca.
Piauí - Município de Pedro II, aproximadamente a 190 km de Teresina. Garimpeiros distribuídos em 10 grupos de garimpos autorizados de opala e outras pedras. O grupo reúne 100 pessoas na ourivesaria e lapidação para criação de colares, brincos, gargantilhas, pulseiras e anéis em prata com o toque da opala.
Paraíba - 50 artesãs de Alagoa Nova, Ingá, Riachão do Bacamarte, Serra Redonda e Juarez Távora. Destaque para os bordados, labirinto e renda renascença. Entre as peças, bonés, bolsas e peças de vestuário na linha urbana feminina e de moda praia, utilizando atualmente a seda pura e o crepe de algodão e de seda.
Bahia - Artesãs de dois grupos no litoral norte e um no sertão baiano. Técnica do trançado da piaçava para acessórios, cestos, jogos americanos, objetos simples para o dia-a-dia e tapetes. Fitas bordadas para almofadas e cortinas, bolsas e echarpes. Técnicas artesanais utilizando cores sempre vivas e vibrantes.
Pernambuco - Projeto Bordados que Brotam, desenvolvido com Mulheres Bordadeiras na comunidade de Varjadas, situada na zona rural do município de Passira/PE — semiárido brasileiro a 112 km da capital do estado, Recife. Técnicas de bordados em roupas e acessórios marcam a região.
Mato Grosso do Sul - 60 artesãs trabalham com pele e couro dos peixes pacu e tilápia. Entre os procedimentos, o curtimento de couro bovino, frisados e tingimento para confecção de bolsas e mantas.
Rio de Janeiro - 12 mulheres capacitadas nos princípios de comércio justo e solidário. O Grupo Tranças e Tramas, formado por pescadores e esposas de pescadores, localizados no distrito de Barra do Furado, a 250 km da cidade do Rio de Janeiro, vive do artesanato feito em taboa, que tratada e trançada com arte, produz pufes, bolsas, colares e utilitários.
Minas Gerais – O estado é representado por um grupo de artesãs da Cooperfashion Sertão Brasil de Salinas, Novorizonte e Barrinha (Grupos Linha do Horizonte e A Cara do Sertão) e outro que reúne artesãs de 6 municípios do Triângulo Mineiro (Grupo Palavras Bem Ditas). Seus destaques são os bordados de linhas e pedras, crochê e trançados. O bagaço de cana é usado em para bijuterias como colares e pulseiras.
Rio Grande do Sul - 4 municípios das regiões da Fronteira do Oeste, de São Borja, São Gabriel, Santana do Livramento e Uruguaiana, compõem o Grupo Lã Pura. Entre os materiais mais usados estão a lã de ovelha da raça Crioula, usada na confecção de mantas e xales e a crina de cavalo, utilizada em bijuterias e bolsas.
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI