A Agência de Notícias da Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou nos últimos dias reportagens e entrevistas interessantes para quem lida com o comércio exterior no dia a dia. Diretores da Confederação, economistas e especialistas em outros segmentos debatem meios de melhorar a política industrial brasileira e contextualizam a nossa realidade com o atual panorama global.
Para o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi, o Brasil precisa saber direcionar os investimentos chineses para onde há mais carência em território brasileiro, como as concessões de infraestrutura. “A agenda da indústria para a China tem três pontos: aumentar o acesso dos produtos brasileiros no mercado chinês, fomentar os investimentos de empresas chinesas em projetos estratégicos no Brasil e manter os instrumentos de defesa comercial”.
Segundo o diretor da CNI, a expansão das exportações da China no mundo é um fato sem precedentes, com impactos diretos na economia brasileira. Atualmente, um em cada cinco produtos manufaturados importados é chinês. Em 2015, o Brasil comprou US$ 30 bilhões em bens acabados daquele país. A forte presença chinesa impactou, principalmente, os setores eletrônicos, máquinas e equipamentos, calçados, vestuário e têxtil. Abijaodi explicou que, nos eletrônicos, o coeficiente de importação do Brasil para a China aumentou de 3,4% para 17,6% entre 2012 e 2015. Para o setor vestuário, subiu de 1,1% para 7,5%.
A CNI mapeou 11 segmentos de produtos que o Brasil possui vantagem competitiva para exportar, da indústria e da agroindústria, e que sofrem com barreiras para entrar na China. São eles: carne de aves, carne bovina, carne suína, café torrado, suco de laranja, soja (grão e óleo), vinhos, couros e peles, celulose e papel, produtos químicos, máquinas e equipamentos médico e hospitalares.
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Em entrevista à Agência de Notícias da CNI, o economista Marcos Troyjo observa que o Brasil não faz parte do grupo de países que privilegiou o comércio exterior como principal plataforma de crescimento econômico. "Toda a estratégia brasileira de compras governamentais, oferecimento de benefícios fiscais e tentativa de criação de cadeias de produção do setor industrial estiveram associadas ao papel das estatais e dos governos, como grandes formadores da demanda para que essas empresas de outros países viessem ao Brasil e aqui estabelecessem suas operações produtivas, portanto gerando empregos e impostos locais".
Troyjo considera que o Brasil necessita priorizar a produção de acordos setoriais e que, nesse sentido, seria importante firmar um acordo bilateral com os Estados Unidos. "As várias modalidades de acesso privilegiado a um grande mercado comprador foi algo que nós não trabalhamos, não priorizamos".
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Já o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Paulo Mól, critica a chamada “pulverização de recursos” no setor de inovação industrial. Segundo ele, o já reduzido volume do dinheiro para a pesquisa, que hoje não ultrapassa R$ 4 bilhões, é usado em projetos pequenos e ligados à academia. Iniciativas de abrangência nacional e relacionadas à política industrial representam apenas 7% das verbas. "A tendência em investir em projetos menos robustos diminui as chances de se produzir conhecimento novo e de dar saltos tecnológicos".
De acordo com o superintendente do IEL, em 2017, há previsão de contingenciamento de 55% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A arrecadação prevista é de R$ 5,2 bilhões, mas R$ 2,9 bilhões não deverão ser efetivamente gastos. Outra preocupação de Mól é o desvio de finalidade de recursos do fundo, que têm sido usados para manutenção do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Mais avaliações sobre o tema inovação estão documentadas neste texto.
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