Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Quando as elites se alinham aos analfabetos… Ou: Os banqueiros e o PT

Tudo joia, colega? Pode acreditar em mim que adoro ou trouxa!

Acabei de publicar um texto sobre a simbiose entre analfabetismo e populismo. A correlação é evidente: quanto menos educação, mais voto no PT. Mas como meus leitores sabem, sou um crítico ainda mais ferrenho das nossas elites, dos nossos supostos formadores de opinião. Se as massas são manipuláveis, boa parte da elite se mostra alienada.

Tenho um amigo, por exemplo, que é um empresário bem-sucedido, e que defendia Dilma no passado. Hoje a critica, mas parece não ter aprendido nada: pretende votar em Marcelo Freixo, do PSOL, para deputado estadual. O que dá nessa gente? O que tem na cabeça? Titica de galinha?

É o caso até de banqueiros! Em entrevista para Geraldo Samor na Veja.com, o banqueiro Ricardo Lacerda demonstra uma espantosa ingenuidade em relação ao PT e ao que uma reeleição de Dilma representaria ao país. Lacerda, que foi da Goldman Sachs e do Citibank, acha não só que Dilma será reeleita, como que isso não será um desastre, pois seu segundo mandato seria bem mais pragmático. Diz ele:

“Em condições normais a tendência é sempre pela reeleição e tirar alguém do poder é uma tarefa árdua. É preciso um motivo forte para não reeleger um governante. Não vejo esse motivo no cenário atual. Criou-se muita riqueza no país nos últimos 20 anos e, a despeito de um quadro mais adverso a partir de 2013, os principais indicadores econômicos ainda estão em níveis razoáveis. O desemprego ainda é baixo e persiste uma sensação de bem estar na população. Certamente veremos uma disputa acirrada, mas minha leitura é que no frigir dos ovos a maioria vai optar pela continuidade do atual governo.

[...]

Não é possível que não haja denominador comum entre uma presidente reeleita e o mercado. Tem que haver um jeito de trabalhar junto. Vejo como altamente viável uma reaproximação da presidente Dilma com o setor privado após a reeleição. Basta um nome de credibilidade no comando da economia e uma política fiscal séria para as coisas voltarem aos eixos.

[...]

É evidente que o intervencionismo teve um efeito pernicioso e criou um clima de desconfiança, prejudicando o investimento. Mas nada que não seja reversível ou ajustável. O governo precisa abandonar seu viés ideológico e confiar mais na iniciativa privada.

[...]

A reeleição da Dilma não é o fim do mundo. Confesso que não vejo na presidente o bicho papão em que o mercado financeiro insiste em transformá-la. Talvez estejam todos dando uma importância excessiva ao [seu] estilo. A reeleição não significa que o governo estava certo em tudo. Muitos erros estão hoje evidentes. O desejo de mudança está claro em todos os sinais emitidos pela população. Acho que a presidente saberá entender essa mensagem e prevalecerá o bom senso.

[...]

Ingenuidade é imaginar que um país com as complexidades do Brasil pode adotar uma política econômica absolutamente ortodoxa, como nós do mercado financeiro gostaríamos. Não há nada mais distante da realidade do que essa pretensão. Temos um país com enormes diferenças e uma dinâmica política que exige inúmeras acomodações. Nesse contexto, não há muito o que fazer a não ser aprender com nossos erros.”

É ou não é um espanto? Como alguém consegue esperar bom senso de Dilma ainda, depois de tudo o que ela fez e disse? Como alguém pode achar que vai prevalecer a racionalidade? Como alguém pode achar que um nome que goza da confiança dos investidores aceitaria participar de seu segundo mandato? Como alguém pode fechar os olhos para o que aconteceu na Argentina e na Venezuela e pensar que o Brasil está completamente blindado contra tal risco?

Talvez seja apenas um otimismo infundado fruto do desejo, pois há muitos investimentos em jogo feitos por sua empresa. Talvez seja um caso típico de colocar as emoções à frente da razão. Ainda assim não deixa de ser incrível um banqueiro adotar tal discurso negligente, quando o país caminha a passos largos rumo à desgraça. Não falo somente da economia, o que já seria grave o suficiente, mas também do autoritarismo bolivariano.

Outro banqueiro, Daniel Dantas, resolveu dar mais de um milhão de reais para a campanha do PT. André Esteves, do BTG Pactual, doou vários milhões para a campanha do partido. E por aí vai. Mesmo dando um desconto de que Dilma ainda tem chances razoáveis de vitória e que, no Brasil, ficar bem com o poder é muito importante para os negócios, essa postura é execrável e demonstra como falta às nossas elites uma visão de longo prazo de nação.

Rodrigo Constantino

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 26 setembro 2014 às 16:32

  Outro banqueiro, Daniel Dantas, resolveu dar mais de um milhão de reais para a campanha do PT. André Esteves, do BTG Pactual, doou vários milhões para a campanha do partido. E por aí vai.

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