SÃO PAULO - O setor têxtil deverá, neste ano, igualar o recorde de 2008 no que se refere a volume de investimento. A previsão é que seja aportado cerca de US$ 1,5 bilhão em modernização, maquinário e projetos
de sustentabilidade. Até setembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) desembolsou para o segmento R$ 1,5 bilhão e
deve encerrar o exercício com liberações da ordem de R$ 2 bilhões. Nos
últimos 10 anos, o setor investiu, em média, US$ 1 bilhão por ano. O
maior volume foi aplicado em 2008: a soma foi de US$ 1,5 bilhão. No ano
seguinte, um dos efeitos da crise financeira, a drenagem do crédito,
ocasionou a redução dos investimentos, que ficaram apenas em US$ 983
milhões.
O incremento agora é, em boa parte, resultado de uma abertura do BNDES. Segundo o superintendente da área industrial do banco, Júlio Raimundo, o
que ocorreu, nos últimos anos, foi um “silencioso processo de acesso ao
crédito”. As operações do BNDES para o setor têxtil somaram 700 em
2005. Em 2009, já atingiram 14.300 e, neste ano, somente de janeiro a
setembro, chegaram a 18.700 liberações.
Embora não revele dados sobre o ganho de produção gerado pela injeção
financeira, o diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil
(Abit), Rafael Cervone, informa que os recursos visam a suprir a demanda
interna, em primeiro lugar, para que, posteriormente, o setor tenha
condições de penetrar em mercados internacionais. “Temos que atender o
consumo interno, que cresce muito e foi quem nos sustentou durante a
crise. No cenário externo, também temos pretensões de voltar a
representar, pelo menos 1,5%, do mercado. Hoje somos menos de 1%”,
observa.
Ele, que participou do International Textile Manufacturers Federation (ITMF), encerrado ontem, em São Paulo, destaca, no entanto, que as
oscilações cambiais podem interferir nas projeções. As máquinas e
equipamentos do setor são praticamente 100% importadas. Conforme
Cervone, a busca de artigos no exterior ocorre em função da falta de
produção no país de máquina de tear, de beneficiamento e outras.
Meta é fortalecer parque industrial nacional
Uma parcela representativa dos investimentos – no ano passado, foram US$ 600 milhões – são alocados por estrangeiros. O objetivo da Abit é
fortalecer o parque industrial nacional em sua posição de porto seguro
para a sociedades no médio e longo prazo. “Para isso, após o salto
tecnológico que já conseguimos, precisamos de um salto de
sustentabilidade”, afirma Cervone. A sociedade com estrangeiros também é
vista como uma forma de combater a invasão de produtos asiáticos, que
impedem um crescimento mais vigoroso do setor no país.
Mesmo com o Brasil se diferenciando de outros países, por possuir, em território nacional, toda a cadeia de produção da indústria têxtil,
gargalos fiscais e burocráticos inviabilizam uma maior competitividade.
Um dos pleitos da Abit, que, segundo Cervone, está em discussão com os
presidenciáveis José Serra e Dilma Rousseff, é a elevação do teto de
faturamento do Simples Nacional, regime de tributação simplificado, para
o setor. Hoje, na avaliação do diretor da Abit, a elevada carga
tributária impede uma produção em escala e a realização de exportações
pelos pequenos produtores. Outra reivindicação antiga e que continua na
pauta é a desoneração da folha de pagamento, que comprometeria a
empregabilidade.
Até mesmo os grandes se queixam dos gargalos do setor. O presidente da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), Josué Gomes, relata que
a empresa tem apostado no mercado doméstico para compensar as perdas
com a redução dos embarques internacionais. “A economia ainda está
enfraquecida nos Estados Unidos, e o desemprego alto”, aponta ele, após
proferir palestra ontem, na Superminas, em Belo Horizonte.
A Coteminas registrou recuo no faturamento das exportações no primeiro semestre de 2010. Já no mercado interno, as vendas aumentaram 30,6% no
período. “No primeiro semestre, o crescimento foi mais intenso, porque a
base de 2009 era fraca. Devemos fechar o ano com expansão acima dos 20%
no mercado interno, o que nos deve permitir um pequeno crescimento
global”, avalia. Hoje, segundo Gomes, o mercado doméstico absorve 55%
das vendas da empresa.
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