Para o investidor bilionário George Soros, China será determinante para crescimento global em 2014 (Wikimedia)
SÃO PAULO - O futuro da China é a "principal" fonte de incerteza que enfrenta a economia mundial no momento, conforme destacou o investidor bilionário George Soros em artigo para o Project Syndicate.
"A grande incerteza que o mundo enfrenta hoje não é o euro, mas a direção futura da China. O modelo de crescimento responsável pela sua rápida ascensão foi executada fora do vapor". Soros destacou que há contradições não resolvidas nas políticas de liderança atuais, o que traria consequências profundas para a China e para o mundo, se não forem tratados.
De acordo com Soros, a liderança chinesa estava certa ao dar prioridade ao crescimento econômico em relação às reformas estruturais. Isso porque as reformas estruturais, quando combinadas com a austeridade fiscal, acaba por empurrar a economia em uma "pirueta de deflação", ressaltou. Contudo, ressalta, há uma contradição não resolvida na atual política chinesa: reativar as fornalhas pode também reacender um crescimento exponencial de sua dívida, o que não deve ser sustentado por muito mais do que alguns anos.
Enquanto isso, o banco do Povo da China começou a tomar medidas para conter o crescimento da dívida em 2012, o governo afirmou a sua autoridade quando a desaceleração começou a causar desconforto na economia. A dependência da economia sobre o crédito foi ilustrada em um recente relatório publicado pela National Audit Office, que mostrou que a dívida do governo local tinha aumentado 67% desde o final de 2010.
O investidor George Soros destaca que uma transição bem sucedida na China provavelmente levará a reformas políticas, bem como econômicas, enquanto o fracasso minaria a confiança ainda difundida na liderança política do país.
Coincidências?
De acordo com o investidor, existem algumas "semelhanças sinistras", com condições financeiras na Ásia e as que prevaleceram nos EUA nos anos anteriores à crise de 2008. No entanto, ele reconhece que o controle do governo chinês sobre a economia é uma diferença-chave entre os dois países.
"Nos EUA, os mercados financeiros tendem a dominar a política. Já na China, o estado é dono dos bancos e da maior parte da economia, enquanto o Partido Comunista controla as empresas estatais", acrescentou.
Desta forma, a China pode tanto ter um colapso quanto levar a economia global para "as alturas". O desfecho final sobre a tensão da China - ou de reequilíbrio da economia com sucesso longe da dívida - terá consequências "profundas " para o mundo inteiro, afirmou Soros.
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