Fonte:|portugaltextil.com|
A procura por custos de produção baixos é uma constante no modelo de negócio dos retalhistas americanos. Nem a deslocalização massiva da sua produção para fornecedores chineses parece ter sido suficiente. Agora, equacionam abandonar as fábricas daquele país, à procura de preços ainda mais baixos.
Alguns dos retalhistas de moda mais importantes dos EUA estão a equacionar a retirada das suas produções da República Popular da China. Segundo o Wall Street Journal, a anunciada saída de algumas empresas americanas do maior país do mundo em termos de população e de produção de têxteis e vestuário visa a continuidade da procura de preços baixos.
Esta notícia vem trazer um exemplo prático da ideia generalizada de que é sempre possível encontrar alguém a negociar por um preço mais baixo e surge como resposta ao aumento de preços que está a acontecer na China na sequência do desenvolvimento económico que este país tem vindo a conhecer.
Entre as hipóteses equacionadas pelos retalhistas norte-americanos aparecem países como o Vietname, o Cambodja e o Bangladesh, que conseguem oferecer custos laborais bastante inferiores àqueles encontrados actualmente no mercado de trabalho chinês. O único ponto que está a levar a que estas empresas pensem duas vezes é o previsível aumento dos custos logísticos e de transporte que esta “transferência” poderá acarretar.
Entre os retalhistas americanos que se encontram a ponderar esta deslocalização estão nomes bem conhecidos como Ann Taylor Stores Corp, Guess Inc e Coach Inc. Esta “deslocalização” para países produtores de têxteis e vestuário mais competitivos em termos de custos irá acontecer de forma faseada, não sendo expectável que se venha a verificar a transferência integral da produção que estas empresas actualmente contratam junto de empresa chinesas.
«Estamos a analisar a transferência da nossa produção para geografias de mais baixo custos, onde se incluem países como o Vietname e a Índia», revelou, ao jornal nova iorquino, Mike Devine, director financeiro da Coach. O retalhista de acessórios de moda de luxo já produz parte das suas colecções naqueles países, mas prevê aumentar a sua presença em ambos. Já para o director financeiro da Guess, os planos passam pela deslocalização para o Vietname, Cambodja e Indonésia, onde estão a tentar construir uma base de aprovisionamento sólida. As recentes subidas verificadas no salário mínimo chinês aumentaram os custos laborais naquele mercado entre os 5% e os 15%, segundo referiu Rick Darling, presidente da Li&Fung USA.
Apesar das vantagens obtidas com os menores custos laborais de países como o Bangladesh, a sua presença fora das principais rotas da marinha mercante levará a um aumento dos custos logísticos e de transportes associados. No caso do Vietname, os custos laborais reduzidos são prejudicados pela inexistência de produtores de matérias-primas e de tecidos, o que obrigará à importação desses componentes. Para o presidente da Li&Fung USA, «a única alternativa viável à China é a própria China». A sua empresa encontra-se, por isso, a procurar alternativas produtivas para os seus clientes em regiões chinesas onde os custos laborais permanecem relativamente baixos.
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