Pesquisadores da Universidade Carlos III, de Madrid, na Espanha, estão coordenando um projeto internacional cujo objetivo é desenvolver um novo conceito de transmissão mecânica sem contato entre as partes.
Utilizando apenas forças magnéticas para transferir energia mecânica, a transmissão sem contato não terá atrito, evitando a perda de energia por calor e o desgaste das peças, eliminando totalmente a necessidade de
lubrificação.
Transmissão espacial
Embora o trabalho possa vir a ter impacto em inúmeros campos da indústria - basta lembrar o sistema de embreagem dos automóveis e todos os acoplamentos entre motores e engrenagens - o objetivo primário dos
pesquisadores é desenvolver uma transmissão sem contato para uso no
espaço.
"Este mecanismo, que é responsável pela transmissão de energia entre os vários elementos dentro de uma máquina, deverá ser capaz de ir para o espaço e funcionar durante anos sem qualquer tipo de avaria ou qualquer
evento similar," explicou o professor José Luis Pérez Díaz, coordenador
do projeto MagDrive.
Nas temperaturas criogênicas do espaço - cerca de -200 º C - os lubrificantes convencionais tornam-se duros como rocha e, ao invés de ajudar, começam a causar problemas, exigindo aquecimento - e consumo de
energia - quando é necessário movimentar partes dos satélites
artificiais e sondas espaciais.
"Além disso, se levarmos em conta que mais de metade da energia que consumimos é perdida por atrito, ter mecanismos que não apresentem tal perda será verdadeiramente significativo," diz o pesquisador.
Transmissão sem contato
As utilidades de uma transmissão mecânica sem contato, sem lubrificação e sem manutenção são praticamente inumeráveis.
Centrar o foco nas aplicações espaciais parece ser natural, uma vez que é quase sempre inviável ou inexistente o acesso a esses equipamentos para manutenção - uma vez quebrado, o veículo imediatamente
transforma-se em lixo espacial. E é um grande desperdício de recursos e
de tempo quando isso acontece por um prosaico problema em engrenagens.
Mas operar em temperaturas criogênicas habilita o dispositivo para uso imediato aqui na Terra também - por exemplo nos equipamentos de tomografia computadorizada e ressonância magnética, que já operam nessa
faixa de temperatura por exigência de seus magnetos supercondutores.
E futuras pesquisas poderão ampliar esses usos.
"Se a nossa transmissão puder ser extrapolada para a temperatura atmosférica ela poderá ser utilizada em qualquer sistema de transmissão que possa tirar proveito dessas propriedades," diz Pérez Díaz.
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