Carlos Newton
Quando o artista plástico e animador cultural americano Andy Warhol previu que as pessoas passariam a ser famosas por apenas 15 minutos, nem imaginava que um dos maiores líderes da ditadura militar brasileira, o general Golbery do Couto e Silva, aproveitaria a frase genial para criar outra: “A memória das pessoas dura apenas 15 dias”.
Paradoxalmente, quem agora segue essa filosofia do criador do Serviço Nacional de Informações (SNI) é o PT, que se empenha em passar a borracha na sua conturbada trajetória, para tentar esculpir uma imagem imaculada diante da História contemporânea.
Sem esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal, o PT prepara a volta triunfal de José Dirceu e dos outros companheiros que mancharam o nome de um partido que tinha tudo, mas tudo mesmo, para tornar-se um exemplo e se consagrar como uma opção limpa e sem os vícios que marcam todos os demais partidos políticos existentes no país.
Isso mesmo, não há partidos imaculados no Brasil. E no resto do mundo (com as indefectíveis raras e honrosas exceções), também não. De uma forma ou outra, a política está sempre envolvida com a lama. Se você entra na política ou com ela se envolve, acaba enlameado ou, no mínimo, respingado.
Até mesmo o Partido Verde, com bandeiras tão saudáveis e inocentes, está contaminado. Sua direção nacional vive às custas do PV, ou melhor, às custas do erário público, através do generoso Fundo Partidário mantido pelos impostos. Até as contas pessoais do presidente nacional do PV (luz, água, gás telefone) eram pagas pelo partido.
As contas apresentadas à Justiça Eleitoral pelo PV eram bisonhas e mostravam até formação de quadrilha para dilapidar os recursos. E o que aconteceu? Nada. A direção do PV apenas reconheceu a existência das irregularidades e restituiu o dinheiro. Usando, é claro, os recursos do Fundo Partidário. Que Justiça Eleitoral é essa?
O PCdoB, que também devia ser imaculado, é um cabide de empregos públicos, virou um PMDB em menor escala, que apóia quem estiver no poder. Mas o que esperar de um partido onde até hoje os funcionários e filiados se tratam de “camaradas”? É muito ridículo esse tipo de tratamento, na época em que vivemos.
Agora, vem o PT fingindo que o mensalão não existiu. Mesmo acusado pelo procurador geral da República de ter sido o “chefe da quadrilha”, o companheiro José Dirceu já está mais do que recuperado. È ele quem manda hoje no partido, o presidente José Eduardo Dutra não passa de um fantoche. O PT nem se preocupa mais com o julgamento que haverá no Supremo, abrangendo 40 réus, como Dirceu e Delubio. O partido acha que o escândalo já caiu no esquecimento, quer sepultá-lo de vez..
Além de Dirceu, o tesoureiro Delúbio Soares, que foi expulso pelo PT, também será recebido de volta. E vem aí Silvio Pereira, o ex-secretário-geral, que se desligou em 2005, quando foi comprovado que recebeu favores de uma empresa que mantinha contrato com a Petrobras, inclusive uma camioneta Land Rover zero quilômetro.
Pouca gente se lembra que Silvinho, para se livrar de condenação no escândalo do mensalão, foi condenado a prestar serviços voluntários . Agora que sua pena está no final e os 15 minutos de memória popular já passaram, ele está confiante de que voltará aos quadros da legenda, junto com o amigo Delúbio Soares.
E a direção concorda, apenas teria sido orientado Silvinho a aguardar alguns meses para dar entrada no processo, de forma a evitar desgaste no trabalho de solidificação do governo de Dilma Rousseff.
“Não chegou na
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