Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Fonte:|portugaltextil.com|

As associações nacionais e europeias ligadas à indústria têxtil e de vestuário mantêm-se preocupadas com as negociações de abertura do mercado europeu aos produtos paquistaneses, uma situação que tanto a ATP
como a Anivec/Apiv consideram inaceitável e prejudicial para Portugal

A ITV portuguesa e europeia continua em alvoroço com as negociações entre o Conselho Europeu e o governo paquistanês para a abertura do mercado aos produtos têxteis e vestuário provenientes deste país asiático (ver Paquistão recebe ajuda da UE).

Em causa está uma proposta de isenção de direitos para 81 produtos paquistaneses exportados para a UE, dos quais 60 são produtos têxteis e vestuário, incluindo fios, tecidos, têxteis-lar e vestuário em malha e tecido durante um período de três anos.

«Somos contra qualquer medida que ultrapasse o limite de um ano. Esta duração de três anos só reforça a nossa ideia de que a Comissão já decidiu (autonomamente, sem qualquer consulta às entidades e organizações habitualmente ouvidas) conceder o estatuto do SPG+ ao Paquistão, alterando os critérios de vulnerabilidade na próxima revisão em 2014. Esta mudança vai agravar ainda mais a diferença entre os países
mais vulneráveis e os países mais competitivos, naturalmente a favor destes últimos», aponta em comunicado Paulo Vaz, director-geral da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.


Estas preocupações não são apenas portuguesas, mas também de outros países europeus e até de outros que beneficiam de uma relação privilegiada com a UE, como a Turquia, Tunísia e Marrocos.

Em comunicado, o presidente da Anivec/Apiv – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção, afirma que «pese embora a defesa cerrada dos interesses de Portugal e dos países europeus com importante
indústria têxtil por parte dos MPE Portugueses, dos próprios MP Europeus (alertados pelos Portugueses e pelo Euratex) e pelo Comissário da Indústria Europeia, as probabilidades de mais este golpe sobre a nossa Indústria e sobre as nossas exportações se concretizar, são muito grandes».


Com efeito, o Presidente da EURATEX, Peter Pfneisl, já manifestou ao Presidente do Conselho Europeu, Van Rompuy, ao Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e à Presidência Belga do Conselho da União
Europeia, Y. Leterme, que a indústria considera inaceitável que a UE esteja disposta a sacrificar a sua ITV em resposta aos pedidos despropositados de um dos players mais poderosos e dominantes do mercado mundial.


Para a ATP, os números mostram como a indústria têxtil e vestuário portuguesa poderia ser gravemente afectada caso esta medida entre em vigor. «85% das exportações portuguesas de produtos têxteis e vestuário
tem como destino o mercado comunitário, pelo que qualquer concessão dada ao Paquistão que promova as suas exportações para esse mercado, terá consequências directas nesta indústria que tem uma importância
fundamental na economia e sociedade portuguesa, pela riqueza que gera e pelos empregos que directa ou indirectamente sustenta. As exportações da ITV portuguesa representam 11% do total das exportações portuguesas, é um dos principais sectores exportadores e um dos poucos com um superavit comercial.


Qualquer medida que ponha isto em causa, só piorará a situação económica e social de Portugal, já de si bastante fragilizada», aponta Paulo Vaz.

Alexandre Pinheiro, por sua vez, mostra-se pouco optimista na resolução deste assunto: «O epílogo seguir-se-á em breves dias. Não estamos optimistas dados os interesses em jogo – os interesses de natureza geo-política e os interesses da grande distribuição e dos importadores, afinal os mesmos que, tal como aconteceu com a China, vêem aqui mais uma oportunidade para “comprar no Paquistão a preços de lá e vender na Europa a preços de cá”.Tal como Herr Pfneisl, prevemos mais uma onda de desemprego na fileira têxtil europeia».

Para o director-geral da ATP, uma coisa é certa: «Não podemos continuar a ser o sector de troca nas negociações com países terceiros. Não há qualquer argumento económico ou político racional que possa
justificar o prejuízo sistemático dos interesses e sensibilidades de um sector».


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