A ÚLTIMA VEZ QUE VI O KABOKO D’AGUA NOS EUA...
Foi bem debaixo da sacada do nosso flat na praia de Myrtle Beach, South Carolina que vi o Kaboko D’Água pela ultima vez . Eu não acreditava que ele pudesse resistir às águas salgadas do Atlantico Norte. Ele olhou para nossa varanda e deu adeus. A Silvia gritou apavorada: “Tche Caboclo, Tche Caboclo, te cuida que é água salgada” Mas o Kabokin era meio “mineirin” - e não entendeu o Gauches. Ele foi praia adentro em direção a água e gritei: “Kabokin é praia, é praia”. Mas ele deu os ombros, cansado, esgotado dos EUA, da vida rápida, do povo sem crença. Ele só olhou para mim com seus olhos de farol de bicicleta, e deu os ombros. Talvez ele sentisse falta de Mariana ou Barra Longa. Talvez ele só pudesse existir nas alterosas... Não havia nada que eu pudesse fazer para segurar o Kabokin, nem mesmo por uns minutos a mais. Ele deu um adeus com os braços pingando a água e se misturou as espumas das ondas que lambiam a praia. E sumiu. Myrtle Beach tornou-se pobre, fria, e a praia deserta: Deserta como uma paisagem lunar. Foi bem ai, bem ai debaixo da lua cheia que ele sumiu. A lua estava prateada e prenha, a brisa batia fria na sacada e deu um no na minha garganta. Triste, entrei na sala, peguei a minha Cannon, puxei no zoom e registrei a última noite, o ultimo local que o Caboclo D’Água pisou na America, e tirei essa foto. Pena que nela não saiu o monótono murmúrio do bater das ondas e o cheiro triste do mar noturno. E essa foto, registra a ultima aparição do Caboclo D’Água nos Estados Unidos. Povo de Minas: Deixe-o em paz...
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