VOLTANDO A UM PASSADO VIVO
Saio Domingo para Figueiras de Castropol, Astúrias. Ah posterguei essa viagem por tantos anos. Correndo para lá, para cá, mudando de pais, fazendo guerra, estudando, casando, criando filhos, enterrando, escrevendo, plantando, bebendo, secando e colhendo. E nisso se passaram seis décadas. O tempo e fugaz pode ate não existir, mas a cinética da vida causa erosão. Onde anda o menino que escutava atento A Tia Damiana Castaño Cavallini? E o avó Benito Castaño? Ele já e avo também... E as estórias da Vila de Figueiras? O pitoresco Rio Eo e a sua linda Ria, adentrando-se a Baia de Vizcaya, vendo-se a Franca e mais ao longe o Rabo da Inglaterra e Irlanda... Porque a irmã mais velha do avo Benito, a Tia Damiana, veio para o Rio de Janeiro com o seu amdo Leonello Cavallini? La conheceram Ricos Italianos do ES, plantadores ca Cafe que os convenceram a vir para Vitoria. Casaram-se no dia onze de Abril de 1912, às quatro horas da tarde, cem anos atrás. Ela com vinte anos e o Tio Leonello com trinta e oito... Tudo isso devidamente registrado nas folhas 156 e 157 do Cartório Jaguarão, tendo Joao Pinto do Nascimento e o Coronel Fernão Machado Bittencourt Mello como testemunha... Depois veio o Comercio. O Leonello também teve o seu vinho premiado numa exposição em Vitoria. Mas seu coração era fraco e subiu o Vale do Canaã para a Linda cidade de Santa Tereza. Nao tendo o casal filhos convidam o menino Benito Castaño a vir para o Brasil a ajudar o cunhado. No dia 17 de Julho de 1912, O Juizado de Castropol entra com o recurso imigratório para um menino de treze anos, o avô Benito Castaño. Em poucos meses estava ajudando na fabrica de refrigerantes e licores de Santa Tereza... Poucos anos depois um ataque de coração fulminante, num inverno chuvoso, mata o Leonelo em frente da lareira da sala sua bela casa nas montanhas, e deixa a Tia Damiana em exilio perpetuo da vida. Viveu o resto de sua vida entre velas, imagens de Santos (Santo Antonio de Padova era o seu preferido), e flores viçosas e decaídas, sempre ao lado das fotos do Tio Leonello. Aos noventa e poucos anos, antes de morrer, queimou todas as suas fotos, seus documentos num fogão de lenha, que vomitou fumaça branca, como no Vaticano, prenunciando a morte e outras etapa. Já o Benito Castaño, casa-se com a viúva bonita do Giuliano Curto, A Avo Maria Vescovi Cozzuol, filha do Giovani Cozzuol e Libera Vescovi, “Tutti Italiani del Veneto”, gente das cercanias de Treviso en Vila Fiori. Ah toda essa tragédia foi detalhado no conto A UM PASSO DO VENETO, o carro chefe de meu próximo livro, uma coletânea de Contos... A minha mae, Yolanda Pilar Castaño tornou-se De Mattos, do ramo dos Jose de Mattos, apostatas do judaismos, da família Teixeira de Mattos da Holanda, que por birra e por assimilação ao Cristianismo, tornaram-se os Yusef de Mattos e depois os Jose de Mattos do Para, do Rio, das Minas Gerais sendo que o Raymundo Jose de Mattos, bateu com os costados no ES, e se tornou “comerciante forte” na Rua (atualmente chamada) Sete de Setembro, fornecendo navios e a Policia Militar de Vitoria. Seu filho Silvino, tocando a Estrada de Ferro Vitoria-Minas, ele encontrou e casou-se com uma Teuto – Holandesa, apostata do Judaísmo e Luteranizada. Seu Pai, o Bisavo Leonardo, tocava a Estrada de Ferro Bahia-Minas. A avó Maria Elizabeth Von Pfuhl Kaale, filha de Clelia Neumann Von Pfuhl e do Holandes Leonardo Hoogendorp Kaale, de Carlos Chagas e o Avo Silvino Jose de Mattos, ficaram por Joao Neiva, ES, ele administrando a maior Oficina de Reparos de locomotivas e vagões da Vitoria- Minas, e lá morreram... Agora temos Kales, em diáspora por Niterói, Rio, Cachoeiro, Vila velha e Vitoria, poucos deles sabendo que o nome se traduz do Holandes por CALVO , e dai careca estou ficando. Mas voltando ao avo Benito, em seu casarão do Paesetto Italiano de Pendanga, desde os tempos do Bilhar e das compras de café e cristais ele me ensinava o Espanhol e contava as histórias da Figueras e da família. Seu pai tinha um lindo cavalo árabe chamado Pingo... Tornei-me o historiador da família. Fugindo do Brasil em 1970, na Argentina fui amparado pelos descendentes dos Castaños, da tia Pillar, a Manoela e seus esposos que não se aclimatando ao clima dos trópicos, foram para o Sul. Agora em Buenos Aires somos Fernandes, Persechinis e outros nomes, mas no Brasil cresce os Castaños. Em 1980 e 85 a Tia Alayde Josephina, irmã da mãe, visitou os parentes das Astúrias. Os endereços deles eu os tinha e facilitei o encontro. Agora a Tia Josephina morre aos noventa e tres anos, cercada dos filhos no Balneário de Camburi onde vive – e eu tenho que preparar o caminho para meus filhos e netos, retornarem as Astúrias. Então, agora sigo eu. Na Segunda Feira próxima, pousarei com a minha esposa Silvia em Barajas, Madrid. Depois seguremos para a terra Celta-Basca de Olviedo. De lá a Carmen Castaño, Mera, minha prima segunda, filha de Tio-avô Manuel Castaño, me levara para Figueras. Figueras esta separa pelo Rio Eo. Este rio e lindo e pristino. No face Book a uma pagina intitulada CUADROS DE LA RIA DEL RIO EO, que deve ser visto. Cruzando-se uma ponte sobre o Eo, estamos na Galícia, na vila de Ribadeo, chamada no tempo de meu avo de Riba D’Eo, ou margens do Rio Eo. Ali encontrarei essa gente amiga e inimiga do mar. Gente que enfrentou e ainda enfrenta o Atlântico Norte em pesqueiros - e a maioria deles volta a Figueiras e Ribadeo. Outros não. Também encontrarei com meus amigos do Face Book, o Juan Trenor, ex Fuzileiro Naval, e tantos outros do grupo AMIGOS DEL RELOJ DE VILA FIGUERAS, que estão ha anos brigado com a Lajes Engenharia e os “Alcaldes” de Figueiras, pois querem que o “Reloj” de Figueiras tenhas as peças originais de cem anos atrás. Para isso pagaram mais de 50,000 Euros. Os Celtas e Bascos são gente de Cabeça Dura. Tao dura que os Mouros decidiram a não tomar o Principado das Astúrias... Com esse dinheiro do Reloj da Vila, poderíamos ter dez carrilhões elétricos: mas em Figueras se briga pelas esferas antigas, movimento cinético, vagaroso, inofensivo, que parece imitar o Universo Aristotélico das esferas siderais, rolando num universo diáfano, escuro e com algumas nebulosas diáfanas que parece nos pegar gentilmente pela mão, no final da jornada, e nos conduzir a Deus. Sim, tentarei ver algo de cativante, algo que possa ser dividido nesse nicho de amigos da Indústria textil. Mas minha cabeça estará longe dos teares, das maquinas, das grandes cidades, imersa num passado vivo, continuo - e que se recusa a morrer. Por aqui fico eu. Para Usteds una buena Viajen.
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