A pandemia da Covid-19 provocou mudanças significativas no varejo de vestuário. Entre elas, o aumento das vendas on-line. As adaptações, entretanto, não foram suficientes para conter o prejuízo. A crise econômica atingiu em cheio gigantes do setor como Riachuelo, Lojas Marisa e C&A, que registraram quedas significativas de receita no último ano.
Ao todo, o varejo de moda fechou 42.091 postos de trabalho em 2020, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Para especialistas, os números tendem a piorar devido à demora do país na imunização contra a Covid-19, única medida que pode ajudar na retomada da atividade econômica.
A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na semana passada, captou o desalento. Os empresários se disseram cada vez menos otimistas com o aquecimento da economia.
“As dificuldades do governo em acelerar a vacinação em massa e a saturação do sistema de saúde trouxeram de volta as medidas de isolamento social. Como consequência, a retomada da economia, que já dava sinais de arrefecimento no início do ano, será substituída por uma nova queda da atividade nos meses de março e abril”, resumiu a entidade.
Não é exagero. A Guararapes Confecções, dona da Riachuelo, registrou em 2020 prejuízo de R$ 27,154 milhões, revertendo o lucro de R$ 592,6 milhões de 2019. A pandemia também afetou a C&A. A empresa encerrou o ano passado com prejuízo de R$ 166,3 milhões, contra um lucro de R$ 9,72 milhões em 2019. Os resultados não foram melhores para a Lojas Marisa. No quarto trimestre do ano passado, o prejuízo foi de R$ 28,9 milhões, revertendo um lucro de R$ 34,2 milhões um ano antes.
O CEO da Marisa, Marcelo Pimentel, disse ao Metrópoles que a empresa vem investindo em novas ferramentas para o canal de vendas digital como forma de driblar a crise econômica do país. “Focamos em reforçar nossa operação on-line. Em 2020, com um consistente trabalho da companhia, o digital cresceu 63,9%, representando 9,2% das vendas de varejo”, afirmou o executivo.
A Marisa também lançou uma nova versão do seu aplicativo e, com isso, conseguiu aumentar em 109% o número de downloads. “Hoje, o app já conta com mais de 4 milhões de downloads e representa mais de 40% do share das vendas digitais”, revelou o executivo.
Pimentel afirmou não enxergar a política de lockdown, adotada por várias cidades do país para tentar controlar a pandemia, como uma vilã, mas sim algo “necessário para o combate ao novo coronavírus” e afirma que as medidas impostas pelas instituições ligadas à saúde, governos e municípios são seguidas à risca pela empresa.
Sobre a possibilidade de comprar imunizantes para vacinar seus funcionários, o CEO comentou que está observando as próximas determinações do governo. “Essa é uma questão ainda em discussão na esfera pública, que vamos acompanhar de perto. Temos um compromisso com nossos colaboradores e as nossas clientes e, com mais clareza, faremos uma avaliação e seguiremos com o que for melhor para a sociedade”, afirmou.
Na última semana, a Justiça Federal do DF derrubou uma lei que obrigava as empresas pri... enquanto todos os grupos prioritários não fossem vacinados. A medida ainda pode ser revertida, mas enquanto perdurar abre caminho para o acesso as empresas comprarem imunizantes.
O Metrópoles procurou os CEOs da Riachuelo e C&A, mas não houve retorno.
O consumo digital
Uma pesquisa feita pela IEMI Inteligência de Mercado sobre o comportamento consumidor pós-pandêmico apontou que 40% dos entrevistados afirmaram que preferem realizar compras pela internet. O e-commerce para o setor de vestuários já vinha crescendo antes mesmo do isolamento social. Em 2019, o segmento faturou R$ 4 bilhões de reais, mas ainda perdia consideravelmente para o varejo físico, que faturou R$ 227,3 bilhões, segundo o estudo.
Para o consultor de varejo, Alexandre Machado, o setor não estava preparado para o universo virtual. “O segmento de vestuário ficou sempre entre os últimos. Agora em 2020, perdeu apenas para turismo, bares e restaurantes em prejuízo. Isso aconteceu porque o varejo não estava preparado para o formato on-line com tanta força”, disse. “As medidas para conter o avanço da pandemia também fizeram as lojas proibirem o uso de provadores. Como comprar uma roupa sem experimentá-la? Isso comprometeu muito”, complementou.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, acrescentou que com o fim do auxílio emergencial, cerca de 22 mil estabelecimentos de vestuários e calçados foram fechados. “O on-line ainda não é predominante no nosso setor e representa apenas 5% dele”, disse ao Metrópoles.
Segundo ele, a demora do governo em retomar medidas para ajudar na crise econômica provocada pela pandemia impacta todo o segmento. “Precisamos do retorno do auxílio emergencial, que deu uma injeção de recursos para as pessoas poderem comprar roupas e calçados, mas também de uma retomada de outros programas, como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM)”, afirmou.
No começo do mês, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou o retorno do BEM, mas a forma como o programa será financiado acabou gerando discussões e empacou a medida. “Conseguimos não só não perder nenhum emprego, como gerar 140 mil novos empregos. Vamos renovar esse programa”, disse Guedes. De acordo com o ministro, o programa foi um dos mais bem-sucedidos do enfrentamento à pandemia de Covid-19 e evitou a demissão de milhões de trabalhadores.
https://www.metropoles.com/brasil/economia-br/lockdown-e-necessario...
Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI
Tags:
Particularmente discordo mas se a marisa tem capital pra manter as facções paradas pode ate ser que pra eles valha de fato a pena, mas nem um magazine que dependa de produção terceirizada concorda com isso.
Afinal a conta sai do boldo do prestador de serviço, eu não sei mas o que mais vejo é empresa em busca de profissional mas a maioria dos bons não submetem ao preços oferecidos.
Ta na hora dessa magazines fazer como tem sido feito nos paises orientais que estão vendo a mão de obra se dispersar .... Eu não sei de onde esses CEOs tiram isso so se for com avaliação do capital da empresa mas eu gostaria de ver os pátios fabris delas pra entender a visão deles.
Aconteceu com a Renner que em primeira instancia queriam produção rápida, mas o que vem acontecendo agora?
Também com a Reserva que declarou fazer um bom negocio ao ser vendida , porem a verdade é que não tinham alem do investimento.
Ou seja , estão todos loucos porque empresa alguma se mantem sem produtos e produtos não se faz sem produção , e produção precisa de mão de obra e tempo de desenvolvimento e vendas.
Quero ver se ele mantem a postura por mais um ano e se mantem o mesmo nivel de produção...
Acho que estou velho afinal sempre percebi tudo isso como eficiência , qualidade e produção e não com parada de atividades.
Uma celula de costura pra se formar produtivamente é no mínimo de 6 meses a meu ver, ate engrenar mas se sair um toda a celula é comprometida imagina varias células? Esse é o meu ponto de vista
Luiz esse assunto é muito complexo pra determinar se devemos ou não fechar ou abrir.
Pandemia se tornou um assunto complicado, porque coloca o pequeno e médio empresário como responsável por todos os custos.
Mas eu gostaria que esse CEO mostrasse a sua produção e os seus funcionários de produção parados em casa e com suas contas em dia... Fácil pra Marisa falar vamos fechar as lojas, e pagar os vendedores ...
Na verdade quero ver eles manterem os fornecedores e fabricas que se comprometem a trabalhar pra eles ...
No inicio vimos a Renner pregar a ideia de produções rápidas, mas conheço um monte de seus fornecedores que estão no Vermelho a mais de um ano e depredando patrimônios e fechando portas, pra ele pode ser facil para de comprar aqui vai comprar na china e ta tudo certo... Por isso marcas brasileiras estão a mingua CEOs que desconhecem produção e que se quer sabem avaliar perdas .Como vc disse , o CNPJ ja era consolidado antes dele assumir e o CPF dele não esta na linha de frente , não consegue ver o tamanho da improbabilidade de suas palavras e se quer sabem nada dos custos da produção, muitas vezes calam o profissional desses seguimento para impor suas teorias, e se der errado basta mudar de empresa
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por