O arrefecimento da demanda por algodão no Brasil e a entrada da safra trouxeram os preços do produto no mercado interno para os menores níveis desde 22 de setembro do ano passado. Pelo segundo dia consecutivo, a pluma fechou a R$ 2,05 por libra-peso, de acordo com levantamento da Safras & Mercado.
Desde que os preços atingiram níveis recordes no mercado doméstico - puxados pela guinada das cotações internacionais -, as fiações e tecelagens vêm tendo dificuldades de repassar a alta de seus custos e, por isso, vêm reduzindo o ritmo de atividade.
Por conta desse cenário, as indústrias desse segmento já preveem voltar ao patamar de consumo da pluma registrados em 2003, na casa dos 800 mil toneladas.
Como o crescimento maior de produção no Brasil - a estimativa da Conab é de aumento de 71% -, a correção dos preços para baixo foi mais intensa no mercado interno do que na bolsa de Nova York, explica o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento.
Desde que o movimento de recuo dos preços começou - por volta de 1º de abril -, a retração já alcançou 44% no mercado interno. No mesmo intervalo, as cotações na bolsa americana recuaram bem menos, 32,44%.
Ainda segundo a Conab, a área plantada com algodão no Brasil, que começa a ser colhida neste mês, cresceu 66,4% para 1,39 milhão de hectares. Na média mundial, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), essa área crescerá 14,5%.
Ao mesmo tempo em que a produção cresce a níveis recordes no Brasil, ainda não se sabe se a demanda interna vai crescer ou sequer repetir o desempenho do ano passado, observa Bento.
A Conab prevê que o saldo entre produção e consumo no Brasil será de 986 mil toneladas, um dos mais altos da história. O número considera uma produção recorde de 2,05 milhões de toneladas e um consumo interno de 1,065 milhão de toneladas.
Mas a indústria têxtil, após os elevados custos de aquisição de matéria-prima nos últimos 12 meses, pode não conseguir manter o robusto consumo de 1,065 milhão de toneladas da fibra, avalia Ivan Bezerra Filho, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).
Ele estima que o consumo da pluma este ano ficará no patamar de 800 mil toneladas, 24,8% abaixo do estimado pela Conab. A última vez que as indústrias têxteis nacionais tiveram esse nível de demanda foi em 2003. Assim, o saldo entre oferta e demanda pode saltar para 1,2 milhão de toneladas.
As exportações de algodão também devem ser recordes e atingir 600 mil toneladas, ante as 450 mil toneladas de 2010, segundo a consultoria. Mas, ainda assim, os estoques finais da pluma devem aumentar, das 106 mil toneladas da temporada 2009/10 para 602 mil toneladas na safra 2010/11, caso o consumo seja de 1,065 milhão de toneladas, como estima a Conab.
Mas se a demanda da indústria, de fato, ficar em 800 mil toneladas, o estoque de passagem pode subir para 802 mil toneladas, o que deve influenciar os preços no Brasil.
Bezerra explica que atualmente dez fiações, do total de quarenta existentes no país, estão em férias coletivas, algumas já pelo segundo mês consecutivo. "Atualmente, a libra-peso no mercado interno está na casa dos R$ 2, mas chegou a bater R$ 4. Esses preços muito elevados deixaram muitas indústrias em dificuldades financeiras", afirma Bezerra.
O encolhimento ocorre em toda a cadeia têxtil, desde a fiação, afetada pela alta do algodão, até a confecção, fortemente impactada pelo câmbio e facilidades de importação, afirma Bezerra.
Fonte:|valoronline.com.br|
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