Governo não age para evitar a desindustrialização, diz Ivo Rosset
Um dos primeiros empresários a apoiar PT diz que não vê ação contra concorrência chinesaEmpresário afirma que nada foi feito em 20 anos para reduzir impostos; 'EUA choram hoje fim da indústria'
Rodrigo Capote/Folhapress
Ivo Rosset, dono da Valisére e da Cia. Marítima, em seu escritório no Bom Retiro
MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO
A indústria têxtil brasileira vive sua maior crise e, se nada for feito pelo governo no sentido de reavivá-la, 2,5 milhões de empregos correm o risco de evaporar em questão de poucos anos.
O alerta é de Ivo Rosset, proprietário do Grupo Rosset, que detém 65% do mercado de produção de tecidos no país e também as marcas Valisère e Cia. Marítima.
O elo fraco da cadeia que alimenta essa indústria, de acordo com ele, está no setor das confecções (corte e costura dos tecidos para a produção de roupas), que têm sofrido com a concorrência das mercadorias chinesas, mais baratas e nem por isso com qualidade inferior.
"Nada foi feito nos últimos 20 anos. O país está caminhando para a desindustrialização e o governo não está agindo", afirma.
Folha - Como vai a indústria têxtil no país?
Ivo Rosset - De um lado, temos a produção de tecidos, que também sofre com a concorrência chinesa. Como o segmento de tecido plano (produção de tecidos para camisas sociais, por exemplo). Várias fecharam em Americana, que é um grande centro de produção.
Existia também um mercado enorme para produtos como a viscose com fio elastano. Mas os chineses entraram a um preço que não dava para competir. Todos que produziam pararam. E as grandes malharias no Sul estão com problema, elas eram muito mais fortes do que hoje.
E as confecções?
A confecção é o polo que está mais focado na competição com a China. Se não resistir, vai atingir o setor como um todo, pois são as confecções que compram os tecidos que produzimos. Comparando a situação de uma costureira brasileira com a chinesa, a distorção é enorme. Aqui, um funcionário custa para o empregador 2,4 vezes a mais que o salário dele. Por isso propomos o regime do Simples -dessa forma as confecções pagariam 12% sobre tudo.
Por que só as confecções?
Conversando com a presidente, dei um exemplo. Uma empresa de confecção com 2.000 pessoas talvez fature o equivalente a 5% de uma indústria automobilística que também tem 2.000 pessoas. E a confecção não vai suportar a concorrência chinesa. É uma cadeia que emprega muita gente e está destinada a desaparecer caso não se faça algo com muita urgência. Estamos falando de 2,5 milhões de empregos diretos e um universo de 8 milhões.
Em que estágio estamos?
Crítico. Toda rede varejista importava de 5% a 10%, agora é de 35% a 40%.
Há gente quebrando?
O pessoal vai fechando. Muitos estão saindo do Brasil e indo para a China. Outro dia conversei com um fabricante de um outro setor, da Mundial, do Rio Grande do Sul. A ação dele disparou na Bolsa porque sua rentabilidade aumentou. Ele fechou tudo que tinha de produção no país e foi fabricar na China. Estamos matando emprego nosso e dando emprego pra chinês.
A Marcopolo [fabricante de ônibus] foi embora, está produzindo em outro lugar e mandando os ônibus para cá. Vai chegar um momento em que ou transfiro as atividades da Rosset para fora ou sei lá o que vai acontecer.
O que mais pode ser feito?
Nós estamos dentro de um modelo que não muda há 20, 30 anos e que só teve aumento de carga tributária. Na China, eles têm quase 80 milhões de pessoas empregadas nesse segmento. Não sou favorável ao método deles. Dão albergue e comida às pessoas, mas não pagam previdência. E o salário não passa de US$ 100, enquanto aqui é de US$ 1.000, fora a carga tributária. Nosso funcionário é mais eficiente que o chinês. Só que o sistema não ajuda.
O sr. está se referindo à moeda forte e à taxa de juros?
Estamos assistindo ao filminho sem fazer nada. Pior que isso, há Estados como Santa Catarina que incentivam a importação baixando o ICMS. Essa é a maior afronta ao Brasil que já vi.
O país está caminhando para a desindustrialização?
Total. A questão é: queremos ou não ser um país industrializado? Se sim, as medidas precisam ser imediatas. Se não, vamos nos tornar um país de serviços. Só que vamos pagar um preço muito alto lá na frente. Veja o que aconteceu com os Estados Unidos, com o desastre da indústria automobilística, por exemplo. O país agora chora os empregos perdidos e não consegue reempregar.
Existe abandono do setor pelo governo?
Não diria abandono, mas diria que o governo está sem saber direito o que fazer. Eles ouvem, mas não vejo ação. Não sei qual a dificuldade que existe, se é burocracia.
E o BNDES?
Não adianta dar cortisona, é preciso repensar o modelo. Aplicar o Simples a todas as confecções, sem limite de faturamento, é uma mudança radical. Daí, sim, o BNDES pode entrar. E não são grandes investimentos, é coisinha pouca, bem menos do que a fusão do Abilio [Diniz, do Pão de Açúcar].
Fonte: Folha de Sao Paulo
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A melhor analise de nosso setor que li até hoje.
Um empresário consciente do leão que estamos tentando enfrentar praticamente desarmados.
Parabens pela simplicidade na exposição dos principais problemas de nosso setor.
Agora temos que sair desta letargia!
Nossa colega Ivo Rosset na Folha de São Paulo foi simples e claro, objetivo e trouxe o que havia comentado no dia de ontem, "O que adianta falar em fazer, e NAO fazer".
Ele comentou o fato do aumento da importação para quase 40%, mas temos produtos sendo importados como Acessórios e não são acessórios, onde a cobrança de impostos deveriam ser de 60%, 70% entram a 3%, entrando também alem do produto, a concorrência desleal.
Realmente impossível é concorrer com a China, e onde esta as ações para barrar? Paradas onde? Na Burocracia? Ou no nosso mui inteligente Congresso Nacional? Ou na Mesa de nossa Caríssima Presidente?
Ridículo é nada ter sido feito aos Estados principalmente a Santa Catarina pelo beneficio do ICMS aos importadores, porque foi feito? Pois mercadorias que caiem em SC, só entram por causa do beneficio fiscal e saem pela ladeira.
O Governo de SC pensa em manter o seu caixa forte, enquanto as indústrias do seu próprio Estado quebram, que filosofia é esta!
Preocupa-me o fato de termos o exemplo dos EUA, e mesmo assim nenhuma atitude é tomada ainda.
Acorda Brasil !!!
Concordo com o empresário quanto à necessidade de criar competitividade para as indústrias nacionais, principalmente às pequenas e médias, mas também creio que está na hora dos brasileiros usarem mais criatividade, parar de só reclamar e ir à luta por novas formas de fazer negócios. Tem muita gente boa la fora querendo fazer negocio conosco e estamos enxergando eles apenas como concorrentes. Porque não vê-los também como potenciais aliados? Não se pode esquecer que sem a concorrência externa, os grandes produtores nacionais também fazem o mesmo com os seus patrícios internos principalmente com os pequenos, sobem seus preços e fazem sua mão de ferro pesar sobre os clientes da "reserva de mercado" verde a amarelo, como foi no passado no setor têxtil dos anos 70/80 e com a informática.Como os navios pesqueiros japoneses usam o cação predador, no tanque para manter vivos e em movimento o salmão capturado, para que cheguem frescos ao porto, assim os fabricantes chineses, indianos, paquistaneses, vietnamitas e tantos outros asiáticos ou não ajudam nossos empresários a se mexerem em busca de mais competência e não "dormir em berço esplêndido" soberbos por serem donos de um mercado interno maravilhoso que cresce como nunca. É verdade que temos que criar algumas regras e procedimentos que desonerem nossa produção, mas também acabar com o "Casino bancário" que cobra juros a taxas que afronta a lei da usura, por que estas leis também não são cumpridas nem mencionadas? Porque a função dos bancos não é mais emprestar dinheiro?
Edson Jaccoud
3Sale ITC Instituto Treinamento Corporativo
Ivo Rosset está certo, comedido e apontando um fato já ocorrente: A desindustrialização no Brasil.
Ha uma corrida industrial, começando, para fora do Brasil. Nos EUA a corrida veio desde os anos sessenta, com firmas se mudando para o Japão, depois para Taiwan, depois para Coreia, Paquistão, Malásia, Índia e China – e agora acabamos na Mérida.
Ah, comprar barato de miseráveis cria, de imediato, uma contenção ARTIFICIAL e MOMENTANEA da Inflação, gera barateamento de custos e por ai vai. Mas o alicerce social torna-se comprometido: um país desindustrializado, sem intelligentsia e com pouco investimento para pesquisas, esta fadado ao nadir - a ser uma “Banana Republic”, um Estado vassalo, mero produtor de matéria primas e pedinte.
Um dos problemas maiores do custo Brasil, bato na mesma tecla, é a CORRUPCẨO. Vocês nem imaginam em que nível estamos. Ẩ nível quase da NIGERIA. Dizem que o rombo do DNIT e de setenta e tantos milhões! MENTIRA: Esta em bilhões de reais. Essa figura dos setenta bi é enganosa: É o que encontraram numa mão cheia de firmas investigadas. Ha centenas de firmas que não foram e nunca serão investigadas. Também a investigação esta só na área do DNIT. Ha corrupção em TUDO no Brasil: Em hidroelétricas, em apropriações e desapropriação de terras, desmatamentos, reflorestamento, em criações de reservas, em fiscalização, em rodovias, em licenças, alvarás, em licitações, em juízos, em engavetamento de processos, em fornecimento, nos portos, em tudo.
Porque isso não ocorria antes? Porque não era tão visível? Porque havia CONIVENCIA e acomodação. O Pelocci foi crucificado por MICHARIA. Motoboys ligados a presidentes ficaram multimilionários e são “vacas sagradas” que NINGUEM tem os COJONES de investiga-los. Idem o pessoal que teve a relocação de seus poços petrolíferos para aguas rasas...Ha trilhões de reais de ganho nessa jogada, e as migalhas decorrente disso são altíssima. Mas ai anda outra vaca sagrada, - e cheia de bezerros intocáveis.
No Brasil somos como no Afeganistão. Uma nação de clãs, mas não clãs étnicos: São clãs coligados e amalgamados pela CORRUPCẨO. Um grupo de “PAULINEIA” se junta ao seu prefeito, unidos pelo fruto do roubo do dinheiro do povo. Outro enorme clã de “Maranhania” ou do “Ducado do Grão Para” está unido ao clã de safadeza local. O clã de “FLUMINUS e CAPIXABINA” esta firme em suas mamatas, e também os de “Paranalia e Gaucholandia”, todos envolvidos em uma campanha "honesta e criteriosa” de puxar as brasas para as suas respectivas sardinhas e DANE-SE o país.
Não somos uma pátria. Somos um CONCLOMERADOS DE CLẨS unidos pela safadeza, que já vem dos tempos colonias.
Dona Dilma esta passando por serias pressões. Claro tudo feito na base da “vaselina”, com falsos sorrisos e na espera da hora da cravação do punhal nas costas da Presidente.
Por quê? Porque ela foi uma revolucionaria de princípios. Eu não vou dizer aqui o que ela fez e não fez durante o período militar, mas a historia um dia o fara. Basicamente, não como eu, ela LUTOU. Por seguro era não foi uma mera DEMAGOGA e PANFLETEIRA. Como se diz por aqui "ELA FALOU A FALA, MAS ANDOU A JORNADA" – “She talked the talk but walked the walk”. Não posso dizer o que essa senhora sofreu: Isso é também para a historia o dizer, mas eu não queria que a minha filha passasse por um CENTESIMO DO QUE ELA sofreu.
Porque trago esse assunto a baila? Para distinguir o JOIO DO TRIGO. Politica é politica. É o tal joguinho de um fazer colocações, conchavos (agora chamado de "articulações") e alianças. E para ser a nossa presidente, ela entrou nesse jogo. E foi sabida. Fez-se de escadinha, enquanto cavalgava em cacundas gordas e por final, eleita, sem o meu voto, ( e que agradável surpresa!) ela pode fazer algo pelo pais.
A formação dela foi diferente: Seu pai tinha uma ideologia. Não era um oportunista nem miserável. Ela sempre teve uma ideologia, goste ou não, teve os seus princípios. Dentre eles está a HONESTIDADE. Vem de família. Ela não é rica, nem a sua filha, nem o seu ex-marido. E Todos tem rabo-soltos.
O novo mensalão do Brasil vem das grandes construtoras, firmas de mineração, petrolíferas etc. A grana e passada entra em FORMA DE CONSULTORIA! Todos sabem disso, mas “carajo”, ninguém abre a boca!
Porque nesse começo de gestão da Presidente (Da. Dilma, sei que a Sra. gosta do “denta” mas eu não.) já criou-se mais investigações do que em DUAS GESTOES passadas? Porque está em sua pauta o ATAQUE A CORRUPҪAO. Mas isso poderá ter um preço alto. Há milhares de clãs, grupos e matilhas de desonestos pelo Brasil afora se unindo para derruba-la e voltar ao “Malandrísmo” anterior. O tal “o bom negócio e o bom pra todo mundo”.
E enquanto os dirigentes destas facções desonestas, desses clãs de safados, estar manipulando os miseráveis, alimentando-os a migalhas a Nação CESTABASISTA o apoiara. Enquanto a EDUCACAO FOR NEGADA e MIGALHAS forem jogadas aos cidadãos mais vulneráveis do país, o populismo falara mais alto e o Brasil continuara ser um Afeganistão de Grupos esparsos exercendo o poder, não pela etnia, mas pelos seus respectivos covis e facções corruptas.
Voltando ao Lucido Ivo Rosset, essa é a “crux” do custo Brasil. Essa sangria é o que não nos permite abaixar o Custo Brasil. As suas indústrias, caro Ivo, têm que bancar muitos serviços sociais que o Estado não pode arcar por conta de desvio de verbas. Os seus impostos só chegam fracionados aos cofres do país. Voce tem que cuidar o 13º, 14º Salario de seus empregados - e de ajudas de custo, cestas básicas, tickets de viagem, tickets refeição, esta MIGALHAS que o industrial SOBRECARREGADO de impostos tem ainda de arcar. NOTE BEM: NÃO SOU CONTRA A AJUDAR OS EMPREGADOS. Mas se roubassem menos do empregador, esses benefícios estariam embutidos em nossos salários, sem necessidade de decretos paternalistas, de nossas mãos estendidas a pedir. Tudo seria ajustado pela lei de oferta e procura, como os pedreiros estão vendo e sentindo em seus bolsos agora!
Ah Ivo, voce é bom pagador de impostos de renda, mas voce tem ainda que competir com o contrabando, com a indústria de fundo de quintal, a maioria das “formais” que não paga imposto de renta – e só caixinha aos fiscais... Eh duro Ivo.
Se a corrupção não for “controlada” a níveis aceitáveis (já desistir de clamar pela sua extinção) a sua indústria se afundará, e com elas irão muitas outras. A nação CESTABASISTA não terá mais as suas migalhas para dar as massas empobrecidas, e seremos uma colonia da China, enquanto a nossa oligarquia safada já esta mudada para a LATRINE-AMERICA, a “America-Latrina”, como os americanos cultos chamam a Colonia de corruptos vivendo nas praias de Miami. Essa é a realidade.
Educação e trabalho dignificado podem ser algumas das soluções. O conceito de ética e honra e patriotismo também ajudaria. Também o conceito de nacionalismo, de sacrifício para por ordem na casa. Mas há forças ocultas que persistem em manter o Governo de Associação de diversos clãs políticos - e de corrupção. E o povo não poderá viver para sempre com as migalhas que eles nos atiram: O feijão e a cachaça a guisa de ”Pan et Vino”. Roma não pode continuar assim e nem o Brasil, vivendo de Pão (cesta básica e migalhas) e deCirco (futebol, bundas e novelas).
Ivo, eu não sei o que lhe dizer. A Dona Dilma certamente lerá essa. O nosso amigo Carlos Alberto, fará com que isso chegue as mãos dela, mesmo (e provavelmente) sumarizado, encapsulado.
E ai, Ivo querido, está o amago de nosso problema. Peço ao Grande Arquiteto que haja iluminação bastante para que a D. Dilma, possa ainda arrochar mais os parafusos e sobreviver a sua honestidade, navegando o seu barco de correção em manguezais pútridos.
Se eu estiver errado, serei humilde a pedir a todos os seus perdoes e a proteção de um julgamento brando. Mas se eu estiver certo, QUE DEUS NOS PROTEJA.
SdM
Autor do “PAPA BESOUROS”
“A UM PASSO DO VENETO”
“HOMENS DE RESPEITO” e outros.
O governo tem que baixar os impostos para ajudar ao empresário local e favorecer a industria nacional.
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