Os Tapetes "Rheingantz"

[Textile Industry]

O estabelecimento “Rheingantz”, através das diversas denominações jurídicas que teve em sua história mais que centenária, até encerrar suas atividades, em 1990, sob a chancela da Cia. Inca Têxtil e Industrial, deixou muitas lembranças na história econômica, social, trabalhista, assistencial e cultural do município do Rio Grande. Sob o ponto de vista de sua produção industrial ficaram famosos os tecidos cardados, de fio penteado, casemiras, cobertores, mantas, panos militares, capotes impermeáveis, capas, palas, japonas, camisas de lã, novelos de lã para confecções caseiras, passadeiras, tapetes, chapéus etc.

Fixando-nos na sessão de tapetes e passadeiras, ficou bem conhecida a marca “Rheingantz” pela qualidade e as inovações que apresentou no mercado brasileiro. Havia tapetes feitos à máquina e feitos à mão, sendo todo o setor dirigido pelo mestre Herbert Wartner, que nascido na Alemanha aportou em Rio Grande e ficou impressionado com as atividades da Cia. União Fabril (CUF) e se vinculou à mesma, trazendo o domínio de uma tecnologia aprofundada para a expansão daquela atividade.

A época mais destacada do setor de tapetes e passadeiras da CUF foi de 1930 à 1980 e entre os seus produtos eram os tapetes feitos a mão os que mais se destacavam no mercado. Havia três tipos de tapetes, denominados “Pekim”, “Meca” e “Smirna” e a sua diferenciação além dos padrões, dos motivos, era traço distintivo a quantidade de “nós” por metro quadrado, sempre excedendo a casa dos milhares por metro quadrado.

Cabia ao mestre Wartner produzir os desenhos, os padrões dos tapetes em papel milimetrado e que correspondiam a “maços” de lã de cores e, muitas vezes, de alturas diferentes, que eram passados para a capataz de cada grupo de tapeceiras que iam colocando os diversos “maços” em linha e compondo os desenhos do tapete conforme a diagramação estabelecida pelo mestre. Era um trabalho meticuloso e que, muitas vezes, se arrastava por vários meses, produzindo cada equipe em uma peça de tapete. O controle de qualidade era rigoroso.

Uma recordação que por certo ficou em muitas pessoas que visitaram a fábrica da CUF ou exposições industriais e mesmo nas primeiras “Festas do Mar” era a presença de uma equipe de tapeceiras executando a sua tarefa: um grande tear manual com os fios verticais estendidos em paralelo (tapume) e gradativamente sendo colocados os fios com nós estabelecendo-se o urdume na horizontal, dando forma ao tapete e surgindo flores, arabescos, desenhos abstratos etc, que podiam chegar a uma espessura de cerca de 3cm. Era um trabalho meticuloso e que a todos encantava.

Havia tapetes retangulares, quadrados, redondos, ovais, com desenhos dos mais variados e também com relevo, produzidos por alturas diferentes de espessura da lã que colaboravam para destacar os desenhos produzidos.

Entre os milhares de tapetes produzidos, que eram devidamente numerados e registrados iam decorar lares, hotéis, escritórios, clubes, embaixadas, alguns ficaram mais conhecidos pelas dimensões e beleza. Citem-se os exemplares destinados ao Palácio do Itamaraty (no Rio de Janeiro), do Hotel Quitandinha (Petrópolis – RJ) e do Clube do Comércio da Cidade do Rio Grande.

A alta qualidade dos tapetes “Rheingantz” lhe garantiam a utilização por muitos anos com uma beleza que faz jus ao dedicado trabalho das artesãs que os produziram.

Fonte:|http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=5...

[adalberto oliveira martins filho]

tive o privilegio de conhecer esta empresa em meados de 1982!!! deveriam transforma-la em um museu textil, pois pude ver passadores ( interseting )  de fibras longas, da década de 1924. Em filatorios com anéis minusculos e com tubetes de alça tb pequenas, se nao me engano com alças de 8".   Pouco se fabricava, mas fabricava-se ainda lã !!!! que eram direcionadas à tapetes, e japonas tipo tweed. deveria ser tombado como patrimonio historico!!!

[adalberto oliveira martins filho]

Erivaldo...parabens pela reportagem e lembrança!!!! lembro-me tb do Lanificio São Pedro, e da Cia Rio Guaiba!!! Renner.....e assim vai!!! bons tempos!!!