Nos últimos cinco anos, 121 empresas têxteis e de confecção encerraram as atividades no Estado de São Paulo. Para Alfredo Bonduki, presidente da Sinditêxtil-SP, representante da cadeia produtiva do setor, não resta dúvida de que uma desindustrialização está ocorrendo e ela começa em São Paulo.
— Estamos perdendo vários elos importantes da cadeia.
O tamanho da crise na indústria têxtil e de vestuário paulista também fica evidente pelo desempenho da produção física no Estado em 2013. O tombo foi de 11,3% na produção de vestuários e acessórios, enquanto a têxtil ficou estagnada, com um leve crescimento de 0,4%, de acordo com dados do IBGE.
As dificuldades do setor em São Paulo exemplificam os entraves enfrentados pela indústria no Brasil. Nos últimos anos, o desempenho tem sido ruim e o País tem perdido espaço na competição com outras nações. As queixas dos empresários vão desde o sistema tributário caótico, passam pelo câmbio valorizado — que retira a competitividade dos produtos — e terminam no chamado custo Brasil.
No caso do setor têxtil e de confecção, esse cenário levou a um aumento da importação de 23 vezes entre 2003 e 2013. As compras externas em todo o País passaram de US$ 100 milhões para US$ 2,375 bilhões. No ano passado, só em São Paulo, o déficit do setor foi de US$ 1,5 bilhão.
Segundo Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), "existem vários componentes que dão esse cenário ruim da indústria brasileira, que está estagnada".
— A indústria é o setor que mais sofre com a concorrência externa. No caso do setor de serviços, é possível repassar para os preços eventuais deficiências na infraestrutura do Brasil.
O ramo têxtil e de confecção começou a enfrentar a batalha contra os importados após o estouro da crise financeira internacional. Na época, os produtos asiáticos, que não encontravam mais espaços nas combalidas economias europeias e americana, passaram a entrar no Brasil com mais força por causa do nosso mercado em expansão - o País é o oitavo maior consumidor têxtil do mundo, segundo o Sinditêxtil-SP.
— Hoje, 75% das importações vêm da China. Nos últimos cinco anos, por exemplo, a China triplicou a produção de poliéster, e o Brasil foi um dos grandes destinos desse produto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.