São novos tempos para a China, o gigante asiático que se tornou o grande player mundial no final do século XX e transformou, desde então, a configuração dos negócios em nível planetário.
Para falar sobre este e outros aspectos ligados à área de moda, a pesquisadora Christine Tsui está em visita ao Brasil, a convite da NAU, agência de Design de Experiência, Branding de Aculturação e Economia de Compartilhamento. A estada aqui, que vai até 15 de setembro, incluiu escala em São Paulo, onde Christine realizou encontro com a imprensa para falar sobre o assunto que mais atrai, encanta e intriga criadores e fabricantes ocidentais: o mercado de moda chinês.
A pesquisadora, com base em Hong Kong, é docente da Universidade de Hong Kong, tem vasto currículo que inclui docência na Parsons School, de Nova York, e em outras instituições renomadas. Ela também tem importante experiência na área de negócios em empresas chinesas, bem como é autora de vários livros ligados à moda.
Gerações 1, 2, 3
Chrstine Tsui chama a atenção para o que intitula gerações da moda chinesa. A primeira geração, segundo ela, despontou no final dos anos 1980. Formada por criadores nascidos nas décadas de 1950 e 1960, ganhou exposição na mídia a partir dos muitos concursos de designers que surgiram então. “A moda era, para esses criadores, um grande show, entretenimento”, comenta. Moda teatral, mesclava elementos da cultura local com atributos em voga na cena ocidental. Apesar da exposição nos meios de comunicação, esses nomes da moda chinesa permaneciam restritos ao âmbito local, e poucos tiveram vez nas passarelas internacionais. No campo da distribuição e vendas, as limitações também se faziam presentes: poucas lojas próprias, franquia quase inexistente, produção limitada, sob risco de pirataria…
Chegou a vez da segunda geração, composta pelos nascidos entre as décadas de 1960 e 1970, representando hoje a principal fatia do mercado de moda na China atual. Nomes como Exception, Wu Yong by Ma Ke, ZucZug, Tangy nitidamente surgiram sob impulso de propostas que marcaram época no Ocidente, tais como: o belga Martin Margiela, o cipriota Hussein Chalayan, o britânico Alexander McQueen e até mesmo o japonês Yoji Yamamoto.
As referências indicam, por si mesmas, os rumos tomados por essa geração chinesa de talentos: modelagem desestruturada, ampla e solta, atenta ao conforto extremo e às origens orgânicas da roupa, de sua matéria-prima e de possíveis intervenções sobre esses elementos. Christine Tsui assinala que é uma moda relacionada com a vida e o cotidiano das pessoas. Segundo a pesquisadora, são proposta que resgatam “a alma chinesa, a partir da silhueta ocidental”.
O ponto de venda dá continuidade à ideia original. “O visual merchandising deixa de lado o uso de metais e artigos sintéticos para compor-se de madeira e reforçar a proposta de sustentabilidade e de moda orgânica”, assinala a pesquisadora chinesa. Ela ainda destaca a proposta da marca Tangy que em sua comunicação visual utiliza elementos da típica pintura chinesa, “feita em preto e branco, com traços delicados que dão efeito de flutuação por meio da imagem”.
Nesse modelo de negócios, as marcas ganham as cidades e espalham-se por meio de franquias. Estabelecem comunicação com o público feminino entre 30 e 50 anos, composto por executivas e intelectuais, por pessoas que viajam e apreciam a cultura chinesa. “Esse é o melhor momento para os designers chineses, que expandem suas lojas e são procurados pelas redes também”. Mesmo assim, segundo Tsui, esses criadores têm como desafios o e-commerce, a “pirataria” e mesmo a luta para manter a proposta de design, ainda que seja sob a pressão feita pelo dono do capital investidor…
A terceira geração chegou com a década de 2010 e, segundo Christine Tsui, é formada pelos filhos únicos da sociedade chinesa. São bem-nascidos e estão antenados com as propostas de moda independente que brotam no Japão, Bélgica e França. “Ganham impulso por meio das mídias sociais, conquistam espaço em semanas de moda internacionais – como a London Fashion Week – e sabem trabalhar com a venda online”, observa, afirmando que, para estes, a moda leva a “etiqueta do individualismo”. Essa geração apresenta como nomes: Uma Wang, Boundless, Wang Haizhen, Digest by Doling Jiang, a moda divertida de Sankuanz e de Yang Du.
Segundo Christine Tsui, a venda online cresce. “Há marcas que trabalham exclusivamente com designers chineses, enquanto outras recrutam talentos de várias origens para um público eclético”.
Em matéria de negócios, os novos criadores chineses não brincam em serviço. Suas peças custam de 100 a 500 dólares e são amplamente distribuídas pelo imenso território chinês. O faturamento é alto, dado confirmado pelo chamado “Dia dos Solteiros”, algo parecido ao nosso Dia dos Namorados, comemorado no dia 11 de novembro. Em 2012, a data representou um faturamento de 3,08 bilhões de dólares.
“A meta dos designers chineses é conquistar o mercado internacional”, adverte a conferencista.
Por Eleni Kronka - fotos: divulgação
http://worldfashion.com.br/wfdaily/category/tendencias-e-informacoe...
Tags:
“A meta dos designers chineses é conquistar o mercado internacional”, adverte a conferencista.
As referências indicam, por si mesmas, os rumos tomados por essa geração chinesa de talentos: modelagem desestruturada, ampla e solta, atenta ao conforto extremo e às origens orgânicas da roupa.
“Esse é o melhor momento para os designers chineses, que expandem suas lojas e são procurados pelas redes também”.
Preferia quando Mao mandava.
Nossa industria textil era uma das maiores do mundo.
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por