Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Lançada Plataforma Inova Moda Digital, gerando conhecimento, em sinergia com Summit 4.0

A plataforma é um canal a serviço da indústria da moda onde pessoas se conectam e materializam inovações. Apresenta insights e tendências globais de moda, comportamento e consumo para impactar a transformação dos profissionais e negócios de todo o setor moda, confecção e têxtil a partir da sinergia entre insiders e players.

Se pararmos para pensar, a Quarta Revolução Industrial vinha sendo anunciada há muito tempo – como ficção científica. No entanto, o gigantesco avanço na relação entre homem e máquina no processo produtivo elevou o ideal de automatização a um patamar muito acima do que se poderia supor. Conceitos impensáveis há três décadas, como conectividade, inteligência artificial, big data e machine learning, entre tantos outros, passaram a fazer parte do nosso dia a dia. Hoje, a indústria 4.0 transforma a maneira como as máquinas utilizam informações para otimizar o processo de produção, tornando-o mais econômico, ágil e autônomo. E conferimos o lançamento da plataforma Inova Moda Digital, criada pelo SENAI CETIQT, em um evento em sintonia com o Summit SENAI 4.0, realizado no Fashion Lab, ambiente de criatividade onde se conectam os três pilares de atuação: educação, tecnologia e inovação. A novíssima ferramenta, fruto de mais de um ano de trabalho e pesquisas, promete causar uma revolução. No mínimo, vai mexer profundamente com o jeito de se fazer moda no Brasil. E chega em um momento em que, mais do que nunca, a aceleração exacerbada da vida é tema urgente de debates. Um momento em que as pessoas buscam o seu autoconhecimento para saber compartilhar solidariedade. Se o movimento global aponta para tantas revoluções tecnológicas, inteligência artificial e uma conscientização sobre “quem produziu minha roupa”, “de que forma foi produzida” e “como foi o impacto dessa produção no meio ambiente”, nós também estamos vivenciando um novo tempo na moda e no comportamento humano. Estamos na Era da Empatia ou na Revolução da Empatia. Tempos de se fazer uma reflexão e se unir com o próximo. Tempos do respeito, da inclusão, da diversidade, da resiliência, de se sentir confortável com quem você é.

Ao apresentar o resultado desse trabalho importantíssimo, o diretor executivo do SENAI CETIQT, Sérgio Motta, ressaltou o pioneirismo do projeto: “Já nasce nacional. Somos pioneiros no setor moda em relação a vários outros setores”. Motta acrescentou que se trata de uma necessidade verificada, na prática, pelos empresários. “Essa plataforma foi uma demanda da indústria. O SENAI desde a década de 90 já apoiava a iniciativa que era impressa”.

Mas o que a plataforma agrega ao trabalho de quem lida como a indústria fashion no dia a dia? De acordo com Sérgio Motta, informação e de forma ágil e de alto conhecimento – qualidades imprescindíveis ao sucesso nos dias que correm. “Apoiamos totalmente o desenvolvimento desse trabalho. Antes, ele era impresso. Tínhamos o Caderno de Inspiração, que virou Caderno de Tendências, onde publicávamos tudo sobre primavera, verão, outono e inverno. Esses cadernos renascem, agora, com a Inova Moda Digital trabalhando com base no mundo digital. A plataforma nasceu e é muito fácil de ser utilizada”, ressaltou, lembrando da importância da parceria com o Sebrae na construção do produto: “É importante ressaltar que esse processo contou com um parceiro essencial, o Sebrae. Agradeço muito e parabenizo essa equipe tão motivada para aprovar junto ao Sebrae Nacional”. E a coordenadora de moda do Sebrae Nacional, Anny Santos, falou sobre o olhar para todos os empresários, do micro aos grandes.

A Inova Moda Digital vinha sendo desenhada há mais de um ano por uma equipe multidisciplinar. Para chegar o mais próximo da perfeição foram ouvidas diversas vozes no mercado. As pesquisas foram feitas em cinco estados com participação de todos os envolvidos no setor moda, incluindo pequenos, médios e grandes empresários. “Um espaço democrático onde todos podem opinar sobre o que gostariam de ter no Inova Moda Digital, num trabalho feito por e para pessoas. Um canal digital a serviço da moda”, afirmou a consultora do SENAI CETIQT Christina Rangel, que colaborou uma vida inteira com os cadernos.

Então, o que a plataforma tem? O que traz de novo? Com ela dá para compartilhar conhecimento construído pela comunidade da moda – fator fundamental para conectar criadores que se ressentiam da falta de troca de informações sobre tendências e novidades. O recurso da inteligência artificial torna as pesquisas mais completas e dinâmicas, fazendo com que o tempo de trabalho nas coleções seja otimizado. O usuário também encontra exemplos inspiracionais de cores, texturas e insights, além de ferramentas e metodologias para promover a economia circular e sustentável. Há também um espaço colaborativo onde todos podem participar com artigos, ideias, relatos de casos que inspirem outras empresas e profissionais.

Eu colaborei com o artigo “A Sinergia da Moda com a Era da Empatia e a Sustentabilidade”, em que comento o avanço da tecnologia aliado ao desenvolvimento consciente, as propostas de inspirações plurais, que respeitam o DNA de cada um, de cada indústria, de cada label. A moda do futuro é o agora em sinergia com a Revolução da Empatia + Sustentabilidade.

A verdade é que, na era digital, o pensamento é outro. Linear? Nunca mais. “Sejamos honestos: quem assiste a um filme da Netflix do começo ao fim sem se perguntar, por exemplo, ‘Mas aquela menina não estava no último do Harry Potter? E ela não namora o ator de ‘Vingadores 3’?’ Nesses momentos, o que fazemos? Paramos o filme, damos um Google, procuramos saber tudo sobre a tal atriz, descobrimos quem é o namorado dela e voltamos para o que estávamos assistindo. Sem perceber que nosso raciocínio deixou de ser linear”, analisou Angélica Coelho no talk Transformação Digital na Moda.

Assim, começamos a sentir que temos mais liberdade, mais acesso. A tecnologia traz essa sensação. Estamos mais conectados. Tornamo-nos multidisciplinares. Não faz muito tempo, éramos especialistas em uma única função. Hoje podemos afirmar que somos multifacetados, que temos mais de uma qualidade, mais de um skill. E passamos a fazer a mesma coisa de diversas maneiras e de formas sempre imprevisíveis.

Durante o Summit SENAI 4.0, pouco antes do lançamento da plataforma Inova Moda Digital, foram apresentados cases empresariais de sucesso dos quais o SENAI participou como provedor de soluções para o desenvolvimento industrial. A instituição foi convidada para implementar a otimização dos processos produtivos, a requalificação de funcionários, a inovação e o estímulo à competitividade em diversas empresas. Em dois momentos, os representantes de algumas dessas indústrias conversaram com o público sobre os métodos e os resultados das parcerias, que visam a viabilizar a obtenção do “selo” 4.0.

O gerente de Tecnologia e Inovação do Instituto SENAI de Tecnologia em Têxtil e Confecção do SENAI CETIQT, Fabian Diniz, comentou e detalhou o programa Jornada Indústria 4.0, criado pelo SENAI Nacional para traçar cada passo da rota que uma indústria de qualquer setor deve trilhar para vivenciar a chamada Quarta Revolução Industrial – ou Indústria 4.0. Afinal, é sempre importante lembrar que participar desse novo universo não se resume apenas a ter fábricas mais inteligentes. Trata-se de um mundo inédito em que a interação do consumidor na compra de produtos e serviços é cada vez maior e a interconexão entre os artigos traz grandes mudanças na venda, na produção, na forma de entrega e no próprio uso das mercadorias. Não há como se inserir na revolução 4.0 sem repensar profundamente processos, custos, projetos, qualidade e maneiras de negociar.

Diniz explicou como o Jornada Indústria 4.0 se articula. “São quatro fundamentos complementares entre si. O primeiro é o enxugamento de processos produtivos. É preciso entender esses processos, ver quais são suas ‘dores’ e, a partir do diagnóstico, otimizá-los. Com um processo mais enxuto e eficiente, as indústrias conhecem suas necessidades de melhoria antes de implantar a digitalização. O segundo fundamento é a requalificação de trabalhadores e gestores. Se não tivermos pessoas qualificadas, não teremos inovação e não vai ter indústria 4.0. O terceiro ponto é que a inserção na indústria 4.0 deve se iniciar por tecnologias já disponíveis e de baixo custo. Trata-se de inovação. Durante anos, preço e qualidade foram os diferenciais competitivos de uma empresa. Não são mais”, disse, enfatizando que a equação “bons produtos a preços módicos” não é mais essencial para se manter a liderança de mercado: “Atualmente, para se diferenciar tem que inovar. A inovação é a mola-mestra da manutenção da empresa no mercado. E inovar é buscar a implantação de fábricas inteligentes, flexíveis, ágeis e conectadas com sua cadeia de fornecimento”.

E, finalmente, o quarto fundamento: pesquisa. “A indústria precisa investir mais em pesquisa, desenvolvimento e inovação. O SENAI vem investindo nesse trabalho há 20 anos. Tratam-se de pessoas e são o principal agente de transformação digital nas organizações. A requalificação ou a qualificação dos funcionários para entenderem o que é a indústria 4.0 e como isso leva a um posicionamento melhor da empresa, é fundamental. É de suma importância motivar quem trabalha para sua empresa para alcançar o ambiente ideal 4.0”.

Para demonstrar na prática a eficácia da consultoria na implantação de mudanças efetivas, o antropólogo e pesquisador de tendências, comportamento e consumo Marcelo Ramos conversou com representantes de quatro indústrias sobre casos de sucesso partir de consultorias realizadas pelo SENAI CETIQT com base nos fundamentos do programa Jornada Indústria 4.0: a San Marco Confecções, que, com 50 anos de atuação no mercado, buscou a otimização para melhorar seus processos produtivos; a De Millus, que apostou na requalificação de seus funcionários; a Ambiente Íntimo, que implementou a digitalização; e a Fur You, que investiu em inovação em produto e sustentabilidade.

De acordo com a gerente da San Marco, Camila Camara, a maior dificuldade foi fazer com que pessoas com muitos anos de atuação na empresa formal mudassem sua forma de trabalhar para encarar os desafios da indústria 4.0. “Mas conseguimos obter resultados e, principalmente, conseguimos que deixassem de trabalhar individualmente. Hoje trabalhamos em equipe e temos um acesso melhor à nossa produção. Temos um acompanhamento em horas de cada processo que a gente faz”, observou.

Na DeMillus, com 73 anos de existência e líder no mercado de lingerie, faltava requalificação diante das exigências de um mercado cada vez mais tecnológico. “Há alguns anos a gente vem modernizando nossos equipamentos e nossas fábricas. Nesse ínterim, sentimos a necessidade de também valorizar nossos profissionais. A parceria com o SENAI CETIQT é um processo. Estamos na quarta turma de requalificação de líderes para proporcionar as habilidades necessárias para esse novo momento. Temos lideranças com 30 anos de casa. Quando essas pessoas entraram, conviveram com outras gerações. Agora, quando recebem a nova geração, muito ligada à informática, informação e celular, precisam ter o preparo para os novos tempos”, explicou Ronaldo Henriques, gerente de Produção e Confecção da DeMillus, e ex-aluno do SENAI CETIQT. “A gente tem visto evolução e engajamento nas turmas, que estão entendendo melhor qual é o negócio e qual é o futuro desse negócio. Já estamos pensando num próximo trabalho com matrizes de habilidades, ou seja, quais seriam as habilidades que cada profissional de cada área da nossa empresa precisaria para exercer um cargo de liderança. As pessoas são as mais importantes nessa inovação. Você pode comprar um aparelho high tech, mas há um ser humano por trás e deve entender toda a cadeia produtiva e não só apertar um botão”.

A demanda da Ambiente Íntimo Confecções era digitalizar para acelerar processos. Mas não digitalizar por digitalizar, como explica o sócio diretor Marcelo Porto. “A digitalização não é fim. É meio. É preciso transformar dados em informação e aí entra a capacidade das pessoas”, observa o empresário. “Precisamos de muita gente boa, e isso não é dinheiro jogado fora. A partir do momento em que conseguimos utilizar a inteligência, transformamos empresas e pessoas em joias que fazem a diferença. O mercado exige que a gente perceba em tempo real o que está acontecendo. O que está acontecendo nas gôndolas, por exemplo. Nesse caso, a ideia é fazer rapidamente a reposição trabalhando com estoques cada vez menores e a capacidade de integração é vital”. Ou seja: estamos em tempos de mobilização, sensibilização e fazer com que pessoas se conscientizem sobre esse futuro que já é agora.

Com a inovadora proposta de usar pelo da tosa de cachorros para a criação de acessórios, a startup Fur You buscou o SENAI CETIQT para criar um projeto de inovação. “O pelo canino é uma fibra natural. Selecionamos seis raças de cães para escolher a fibra e criar um fio. O projeto está em andamento, mas apenas com a parceria com o SENAI CETIQT já conseguimos desenvolver um fio e analisar suas características físico-químicas”, conta a engenheira têxtil e pesquisadora Dori Medeiros, professora da Universidade Federal de Goiás e representante da Fur You. Ela lembrou que, quando o projeto foi apresentado nos Estados Unidos, houve muita falta de compreensão sobre como seria levado adiante: “O questionamento lá era ‘Vai matar o cachorrinho para tirar o pelo?’ Tivemos que explicar que iríamos utilizar resíduo de tosa, que era um produto eco friendly e cruelty free. Ainda estamos trabalhando a questão da comunicação para explicar como será desenvolvido o acessório que trata de reaproveitamento e sustentabilidade”.

A segunda roda de debates foi mediada por Fabian Diniz e contou com depoimentos de representantes de três empresas: Rede Globo (requalificação), Dellas, de moda íntima (digitalização) e Biodiversité, de cosméticos (inovação). Diniz chamou a atenção para o fato de a Globo ser associada à produção de séries e novelas, mas muita gente se esquece do setor de confecção da emissora: “A gente entende, a Rede Globo faz série, faz tanta coisa… Mas existe uma fábrica lá dentro. Existe uma fábrica com cem costureiras”. A representante da emissora, Lia Abreu, resumiu o caso: “A gente não podia mais ficar falando de uma porção de costureiras aleatoriamente e não falar de uma indústria, de produto. Nós vendemos produto, não diretamente, como vocês, mas indiretamente. O SENAI CETIQT já colaborou com layout, já fez treinamento. A gente está no mundo digital da modelagem. Já ganhamos muito com esses primeiros passos”.

Para quem busca informações sobre a indústria 4.0, Summit SENAI foi uma espécie de enciclopédia, abrangendo todos os aspectos sobre o tema. Um universo fascinante que ainda vai surpreender muita gente. A caminhada está só começando. Após ouvirmos os cases empresariais, resultantes da jornada SENAI 4.0, que promovem o SENAI como provedor de soluções para o desenvolvimento industrial, requalificação, inovação e estímulo à competitividade da indústria brasileira, os empresários participantes receberam prêmios criados no Fashion Lab do SENAI CETIQT.

Gostou? Acesse aqui a plataforma Inova Moda Digital:

https://inovamodadigital.com.br/

https://senaicetiqt.com/

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 434

Responder esta

Respostas a este tópico

Eu acompanho a pagina acompanho as postagens e vejo o esforço de manter a pagina .

Quando recebi o convite a vir participar achei que teria debates coerentes nas postagens quanto a assuntos têxteis.

Portanto vou deixar parabéns aos administradores da pagina agradecendo os temas que vejo colocar em destaque, e como não vejo muitos comentários.

Vou deixar minha opinião no intuito de promover   novos pontos de vista.

Falamos de industriais 4.0?

Em um pais como o nosso essa é uma proposta inovadora?

Com a inovadora proposta de usar pelo da tosa de cachorros para a criação de acessórios, a startup Fur You buscou o SENAI CETIQT para criar um projeto de inovação. “O pelo canino é uma fibra natural. Selecionamos seis raças de cães para escolher a fibra e criar um fio. 

Eu pergunto vamos investir em pentear fibras, fiar ,  tecer, tingir e fazer tecidos disso?

O senai falou pra ela o custo desse aproveitamento?

Se falou eu nem entendo tal mentalidade acho que se precisamos desse tipo de fibra a melhor lucratividade seria a criação de ovelhas é mais barata, tem um potencial de fibras melhores e um mercado consolidado. 

Em que isso é inovador?

Temos muitas fibras bem mais viáveis  de se produzir , do que separar fibras de tosa de cachorro.

Pra mim isso beira a loucura, imagina um mercado baseado em fibras de cachorro logo vai aparecer criadores de cachorro para venda de fibras e depois vai aparecer a sociedade protetora dos animais para condenar os produtores de fibras advindas de exploração animal.

Eu paro leio essas coisa e penso, quando de fato vamos ver o atual Senai mostrar uma proposta objetiva e realmente inovadora?

Acho que o senai deveria investir em capacitação de mão de obra essa é a sua real função.

Quanto a industria 4.0 acho que falta é mão de obra capacitada a acompanhar a produtividade esbrinçaria para se operar e desenvolver novas tecnologias.

So uma pegunta ao senai?

Como vamos separar essas fibras?

Por raças? 

  

  

   Após ouvirmos os cases empresariais, resultantes da jornada SENAI 4.0, que promovem o SENAI como provedor de soluções para o desenvolvimento industrial, requalificação, inovação e estímulo à competitividade da indústria brasileira, os empresários participantes receberam prêmios criados no Fashion Lab do SENAI CETIQT.

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço