Apesar de ao longo dos anos o Brasil ter se mantido praticamente estável nos principais rankings de corrupção da Transparência Internacional, a ONG avalia que o país está em um caminho promissor para combatê-la.
Diretor de ONG elogia Ficha Limpa e fato de lei ser uma iniciativa que partiu da sociedade
"Estamos muito otimistas, mas também cautelosos, já que o Brasil avançou no combate à corrupção, mas ainda são pequenos passos", afirmou Alexandro Salas, diretor para Américas da Transparência Internacional.
Dois grandes avanços no Brasil são responsáveis pela visão promissora de Salas. O primeiro fator citado por ele é uma mudança na política e na legislação, cujos melhores exemplos são as leis da Ficha Limpa e do Acesso à Informação.
"Há algo incrível nas duas: uma (a do Ficha Limpa), por ter sido criada por uma iniciativa da sociedade, que inclusive já teve impacto nesta última eleição, e a outra, por equiparar o Brasil aos seus vizinhos, que já tinham uma legislação mais forte em relação ao acesso a dados", afirma Salas.
Mensalão e Fujimori
Quanto custa a corrupção*
24,5 milhões de alunos das séries iniciais do ensino fundamental
160 milhões de cestas básicas
918 mil casas populares do Programa Minha Casa Minha Vida II
Pagar 209,9 milhões de bolsas família (valor máximo)
Equipar e prover material para 129 mil escolas das séries iniciais do ensino fundamental
Construir 57, mil escolas das séries iniciais do ensino fundamental
* Dados da Fiesp
O segundo esforço citado pelo especialista diz respeito à vontade política, algo que crucial no combate à impunidade. Segundo Salas, no Brasil e em outros países da América Latina, os ricos e poderosos raramente pagam por seus crimes. Mas ele avalia que o julgamento do mensalão vem passando uma mensagem de que as coisas podem estar mudando.
"Normalmente, o que se vê nesses países é apenas um esforço para melhorar as leis, como no caso do México, mas os ricos seguem sem ir para cadeia", diz o pesquisador. "É importante ver punições, daí a importância do mensalão ou de experiências em países como o Peru, que puniu efetivamente o ex-presidente Alberto Fujimori."
É por o Brasil estar nesse momento-chave que Salas considera extremamente importante o país ser a sede nesta semana da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC), um evento bienal organizado pela própria Transparência Internacional e por sua representante no Brasil, a ONG Amarribo, e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Para Salas, a conferência vai mostrar o quanto o Brasil está sendo observado pelo mundo, colocando mais pressão no país e servindo de incentivo para intensificar o combate à corrupção.
Cautela
Se comparado a anos anteriores, o diretor da Trasparência Internacional diz que hoje os brasileiros estão mais conscientes sobre a corrupção. Mas se esse é outro motivo para otimismo, ele justifica a cautela com um alerta relacionado ao momento de euforia que o país vive, relacionado ao crescimento econômico e ao fato de o país receber grandes eventos como a Copa do Mundo.
"Quando um país começa a ter uma economia mais sólida, é mais fácil ver um cidadão comum perdoando atos corruptos, porque ele não faz um vínculo direito de como a corrupção o afeta", diz Salas. "Se agora ele tem um bom trabalho, um carro e se o ministro rouba, ele fica irritado, claro, mas acha que isso não o atinge diretamente."
Barômetro da corrupção*
Nos últimos 3 anos, a corrupção:
9% piorou
27% permaneceu igual
64% aumentou
Como é a performance do governo no combate à corrupção:
54% - ineficaz
29% - eficaz
17% - indiferente
* Transparência Internacional
No ranking de Percepção da Corrupção da ONG em 2011, o Brasil ocupou a 73ª posição, entre 183 países. Já no que lista o grau de proprinas pagas, o país ficou no 14º lugar - foram 28 países analisados.
O fato de o Brasil ocupar posições intermediárias nos rankings de corrupção e propina reflete bem, segundo Salas, o que está acontecendo no país: há muitos casos de corrupção, mas também muitas ações para combatê-la.
De qualquer jeito, o Brasil ainda tem muito o que avançar no índice da corrupção, para se aproximar dos países que ocupam os primeiros lugares, como Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia (empatados) e Suécia, e se afastar de seus 'vizinhos' no ranking, como Tunísia e China.
Combater a corrupção no país significa reduzir um custo estimado entre 1,38% a 2,3% do PIB, isto é, de R$ 50,8 bilhões a R$ 84,5 bilhões por ano, de acordo com um estudo feito pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) com base no PIB de 2010.
O menor valor daria para arcar com o custo anual de 24,5 milhões de alunos das séries iniciais do ensino fundamental ou comprar 160 milhões de cestas básicas ou ainda construir 918 mil casas populares.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121031_corrupcao_n...
Autora:Mariana Della Barba.
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