“Quando se fala de nanotecnologia, a primeira coisa a se fazer é mudar a escala com a qual se vê o mundo. Não se trata somente de mudar a forma como os olhos veem as coisas. O que deve ser feito é mudar a maneira como o cérebro trabalha. Assim, essa é a melhor forma de entrar no pequeno grande mundo da nanotecnologia”, aponta a cartilha sobre nanotecnologia da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Apenas para se ter uma ideia, um nanômetro equivale a 10-9 metro, ou seja, um bilionésimo de metro. Esse tamanho é aproximadamente 100 mil vezes menor do que o diâmetro de um fio de cabelo, 30 mil vezes menos que um dos fios de uma teia de aranha ou 700 vezes menor que um glóbulo vermelho.
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Cerca de 100 empresários acompanharam o Workshop de Nanotecnologia na ABIT
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Visando explorar o panorama atual e traçar um planejamento com as perspectivas para os próximos anos em relação ao desenvolvimento de novas tecnologias e funcionalidades, aplicação comercial, marco legal e tendências do segmento nanotecnológico, a ABIT, em conjunto com a Secretaria de Inovação do MDIC, com a colaboração da ABRAFAS e apoio da ABDI, realizou um workshop sobre o assunto. O seminário aconteceu no dia 09 de dezembro, na sede da ABIT, em São Paulo, e contou com a presença de três especialistas na área: Antonio Braz Costa, diretor do Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal (Citeve),
José Manuel Ribeiro, também do CITEVE e Edson Bittencourt, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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Sylvio Napoli, gerente de Infraestrutura e Capacitação Tecnológica da ABIT
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A nanotecnologia no setor têxtil tem características específicas e se aplica basicamente em dois processos distintos: diretamente na produção das fibras ou nos insumos têxteis utilizados durante a fase de beneficiamento do tecido. O gerente de Infraestrutura e Capacitação Tecnológica da ABIT, Sylvio Napoli, abriu o Workshop e informou que em ambos os processos a “roupa passa a ser um condutor de vantagens tecnológicas”.
O tecido pode ficar, por exemplo, mais resistente a sujeiras e manchas e conter protetores contra raios ultravioletas. “É possível ter a aplicação da nanotecnologia buscando benefícios que conferem qualidade à roupa, proporcionando mais conforto, permitindo transpiração menor e até mesmo, usando material fino, podem proteger contra o frio”, exemplifica o gerente. “A discussão sobre regulamentação e o acesso à informação sobre nanotecnologia é fundamental para a indústria têxtil brasileira buscar formas de agregar valor aos produtos produzidos aqui e fortalecer a cadeia de exportação”, acrescentou.
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Edson Bittencourt, professor da Universidade Estadual de Campinas
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Em seguida foi a vez de Edson Bittencourt expor a apresentação ‘Estágio Atual da Nanotecnologia no Setor Têxtil Brasileiro’. “Existem atualmente mais de mil produtos, de carros a cosméticos e alimentos, que incorporam partículas com menos de 100 nanômetros. A indústria têxtil tradicional no Brasil, considerando o setor não envolvido com tecidos técnicos, tem condições para desenvolver especialidades que incorporem tecnologias emergentes, como a nano”, destacou.
Funcionalidades
Segundo o professor, atualmente a nanotecnologia pode ser aplicada em diversas frentes, como por exemplo em tecidos que absorvem odores do corpo, que liberam fragrâncias, que mudam de cor com a luz ou com a temperatura, tecidos resistentes a manchas, dobras e líquidos, tecidos que bloqueiam raios UV, que ajudam a controlar temperatura do corpo e até mesmo tecidos que apresentam propriedades microbicidas. “Em termos de inovação, o Brasil tem muito o que avançar, pois o mundo é globalizado, não podemos ficar para trás, senão perderemos competitividade”, justificou o professor.
Tendências europeias
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Antonio Braz Costa, diretor do Citeve
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Logo depois, Antonio Braz Costa e José Manuel Ribeiro ministraram a palestra “Tendências da Europa em Nanotecnologia”. O diretor do CITEVE contou que o emprego da nanotecnologia precisa cruzar três dimensões: os desejos do consumidor, o que a tecnologia permite e, por fim, o que o mercado admite. “Em 2004 os produtos baseados em nano atingiram menos de 0,1% da produção global. Já em 2014, os bens produzidos devem alcançar aproximadamente 15% da produção global”, informou.
Segundo Braz Costa, no continente europeu, o que se vê é o emprego da nanotecnologia em diversos setores econômicos. Confira abaixo alguns segmentos citados pelo diretor do CITEVE.
BuildTech (arquitetura e construção) – conceito nano ajustado à estética, funcionalidade, durabilidade e sustentabilidade dos materiais têxteis. Aplicações que exigem baixo peso, robustez e resistência a fatores como a deformação, à degradação ácida e alcalina, poluição do ar, chuva, radiação UV, ou até mesmo a resistência a outros materiais.
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José Manuel Ribeiro, do CITEVE
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MedTech (área médica e de higiene) – aplicação da nanotecnologia para a produção de artigos têxteis e vestuário para proteção e cuidados medicinais, dispositivos externos como próteses e pensos, implantes cirúrgicos e material de sutura, dispositivos de equipamentos, como os filtros de sangue e têxteis de higiene para absorção de produtos corporais.
MobilTech (transportes) – conceito nano visando a estética, conservação, conforto e sustentabilidade conferida pelos materiais têxteis utilizados nos autos. Incorporação de fibras condutoras para comunicação com dispositivos eletrônicos.
ProTech (proteção pessoal e de bens) – nanotecnologia aplicada ao vestuário funcional (respirável, impermeável, termorregulador), para diferentes tipos de proteção, como a agentes químicos, biológicos e outros; proteção ao fogo, balística e corte; alta-visibilidade e flutuação.
SportTech (esportes e lazer) – o segmento dos equipamentos esportivos movimenta 14,2 bilhões de euros ao ano, com elevado potencial de crescimento. A Nanotecnologia pode ser aplicada aos materiais esportivos, como pisos e redes, ou ao vestuário multifuncional para o segmento sênior (34% dos homens, 55-79 anos de idade, praticam atividade física com regularidade; Senhoras 33%).
Ainda durante o Workshop, Braz Costa apresentou a palestra “Marco Legal de Nanotecnologia no Setor Têxtil”, onde exibiu as normas já publicadas no segmento e também as em desenvolvimento.
Apresentações
Para fazer o download da apresentação de Edson Bittencourt, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
clique aqui.
Já para conferir a apresentação de Antonio Braz Costa, diretor do Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal (Citeve),
clique aqui.
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