Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fonte:|planetasustentavel.abril.com.br|

Grifes européias aderem ao conceito de sustentabilidade e abrem as primeiras lojas onde se pode vender e comprar peças usadas da própria marca. O cliente economiza e sai com a consciência limpa. É vida nova para a roupa velha. No Brasil, essa moda ainda não pegou, mas os brechós virtuais se alastram

O imediatismo e as mudanças rápidas estão cada vez mais freqüentes no mundo da moda. Em poucas semanas há uma nova coleção nas prateleiras: a cliente nem curtiu ainda a compra do mês passado e já há mais novidades para consumir. Mas essa característica passageira e descartável é custosa não só para o consumidor, como também para o meio ambiente.

Um exemplo disso é a quantidade de roupas descartadas nos Estados Unidos, sem dúvida nenhuma, um dos países mais consumistas do mundo. Segundo dados da EPA - Agência de Proteção ao Meio Ambiente Americana, só em 2007, foram jogadas fora quase 7 mil toneladas de roupas e sapatos. Na década de 80, eram pouco mais de 2 mil toneladas. Do que é descartado atualmente, apenas cerca de 15% é recuperado para reciclagem. Ainda em 2007, os americanos colocaram no lixo 900 mil toneladas de toalhas, lençóis e fronhas.

A indústria têxtil é considerada uma das maiores economias do mundo, dada sua intensa atividade. Usa, como matérias-primas básicas, fibras naturais (lã, seda, linho, algodão) e artificiais (acrílico, poliamida, poliester, elastano, lycra). As últimas, feitas de petroquímicos, são mais baratas e práticas. Mas, infelizmente, mais poluentes durante o processo de produção e, também, porque levam anos para serem recicladas (o nylon, por exemplo, precisa de 30 a 40 anos para se decompor).

Um estudo da Universidade de Bangalore, na Índia, acompanhou todos os processos de produção de uma roupa e mostrou como ele é poluente tanto para o ar como para a água. As etapas de tingimento e impressão utilizam muita água e químicos e emitem uma enorme quantidade de agentes voláteis na atmosfera, particularmente tóxicos para nossa saúde.

Gradualmente, nos últimos anos, a indústria têxtil tem investido em pesquisas para diminuir o impacto ambiental de sua produção e também encontrar novas soluções, como o uso de tecidos e fibras que durem por um tempo maior e sejam produzidas de forma mais natural.

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Mas não basta a indústria investir em novos padrões, se o varejo e o consumidor final também não estiverem antenados com a necessidade de mudança. Tecidos, como o algodão biológico, por exemplo, ainda custam caro, se comparados às matérias-primas tradicionais.

Mas é da Suécia o exemplo que pode minimizar a culpa do mundo fashion. Várias marcas decidiram abrir lojas de segunda mão – Second Hand Stores. A marca de sportswear Filippa K inaugurou a sua, em Estocolmo, no ano passado. Nela, o cliente pode vender peças de coleções antigas (que obviamente são avaliadas e tem o preço estipulado pela loja) ou, então, levar uma roupa da marca – usada ou muitas vezes, quase nova – para casa. “Foi muito legal abrir uma loja com essa proposta. Ficamos orgulhosos de poder trabalhar com sustentabilidade de uma nova maneira”, afirma Filippa Knutsson, fundadora e sócia da marca. A reação dos clientes tem sido muito positiva. “Eles veem a loja como um lugar onde se pode tomar decisões conscientes tanto ambiental como economicamente”.

[img01] E não é de agora que a Filippa K se envolve com questões ambientais. Apóia várias ações do WWF - World Wildlife Fund e tem um código de conduta bastante rígido com fornecedores com base em direitos humanos. Além disso, produz coleções contemporâneas e com qualidade para durar com o passar do tempo. Agora, com a Second Hand, o objetivo é lembrar que antigo não é necessariamente fora de moda. A grife, que tem lojas em várias cidades da Europa, Estados Unidos, Rússia, Japão e Austrália, não descarta a possibilidade de abrir outra Second Hand Store no futuro.

A também sueca Boomerang, que tem outras filiais na Escandinávia (Finlândia, Noruega e Dinamarca), sempre investiu na chamada moda Preppy, menos esportiva que a americana e menos formal que a britânica. São roupas casuais, confortáveis, modernas, mas duráveis. E foi com base no comportamento, ou melhor, no tempo de vida das roupas infantis que a marca apostou na venda das roupas usadas. “As crianças crescem tão rápido que, muitas vezes, as roupas perdidas ainda estão praticamente novas. Com a nova loja, a nossa roupa ainda tem muito mais vida pela frente”, diz Catti Unenge, diretora criativa da Boomerang.

O cliente da grife pode levar as peças antigas até a loja e ganhar um desconto de 10% na próxima compra ou, então, doar esse valor para instituições de caridade. A roupa usada é lavada, reformada (se necessário) e vendida como second hand. A iniciativa fez tanto sucesso que a Boomerang decidiu ampliar a novidade para toda a linha, não somente a infantil. Roupas masculinas e femininas usadas também podem ser “devolvidas” nas lojas. “Futuramente queremos ter um espaço para roupas usadas em todas as nossas lojas”, revela Catti.

As peças entregues na Boomerang, mas que não estão mais em condições para serem reutilizadas não vão para o lixo. São reaproveitadas como matéria-prima em artigos para casa e decoração, como colchas, tapetes e toalhinhas de mesa e cozinha.

Reciclagem também é a palavra-chave na Acne Studios. O projeto chamado Acne Archive (Arquivo da Acne) transforma peças de antigas coleções, usadas em desfiles ou showrooms ou, ainda, algumas que nem chegaram nas lojas. Todas são vendidas a preços mais baixos. Na abertura da loja em Estocolmo, havia fila de clientes esperando para garimpar algum achado da marca. Para o diretor criativo da Acne Studios, Jonny Johansson, “é maravilhoso saber que essas peças estão ganhando vida nova”.

BRECHÓS VIRTUAIS
Infelizmente, parece que a onda das lojas de marca que vendem peças de segunda mão se restringe à Suécia. No resto do mundo, ainda proliferam-se as lojas multimarcas ou os outlets, que vendem por preço mais barato roupas ou produtos de coleções passadas das grandes grifes. Mas tudo novo, sem uso.

Fora isso, uma febre está tomando conta da internet: os brechós online. A maioria deles, sem dúvida nenhuma, é liderada por pessoas que querem ganhar algum dinheiro vendendo roupas antigas ou se desfazer do velho guarda-roupa para ir às compras novamente.
Mas, no meio desse gigante mundo virtual, há também gente preocupada com a questão do consumo excessivo. A médica carioca Fernanda Vieira, de 26 anos, decidiu criar o site O que é meu pode ser seu no ano passado. Estava sem receber salário há três meses e o dinheiro das vendas ajudava um pouco no orçamento. Com o tempo, as coisas melhoraram e o brechó virou um hobbie.

Além das roupas da própria Fernanda, doações da mãe, da avó, da irmã e das amigas aparecem na vitrine da loja virtual. “Uma das coisas mais maravilhosas dos brechós é que, quando se compra roupa usada, não se está pagando por uma nova confecção, que requer nova matéria-prima e mais impacto no meio ambiente. O que fazemos é dar longa vida ao que já foi produzido, poupando um pouquinho o ecossistema”, comenta Fernanda.

O blog Enjoei foi criado em abril deste ano e já tem cerca de 2.500 acessos diários. Ideia de um grupo de amigos, tem layout produzido e texto divertido, bem-humorado. Vende e compra roupas e sapatos. Com o crescimento do site, a equipe já pensa em abrir um espaço – que chamará “Quero doar” – para dar dicas aos clientes que queiram repassar suas peças antigas para instituições de caridade. Esta é a hora e a vez das roupas usadas!

E você? Conhece outras propostas bacanas, tanto de lojas que recomprem suas próprias roupas, mas usadas, como de brechós virtuais?

O imediatismo e as mudanças rápidas estão cada vez mais freqüentes no mundo da moda. Em poucas semanas há uma nova coleção nas prateleiras: a cliente nem curtiu ainda a compra do mês passado e já há mais novidades para consumir. Mas essa característica passageira e descartável é custosa não só para o consumidor, como também para o meio ambiente.

Um exemplo disso é a quantidade de roupas descartadas nos Estados Unidos, sem dúvida nenhuma, um dos países mais consumistas do mundo. Segundo dados da EPA - Agência de Proteção ao Meio Ambiente Americana, só em 2007, foram jogadas fora quase 7 mil toneladas de roupas e sapatos. Na década de 80, eram pouco mais de 2 mil toneladas. Do que é descartado atualmente, apenas cerca de 15% é recuperado para reciclagem. Ainda em 2007, os americanos colocaram no lixo 900 mil toneladas de toalhas, lençóis e fronhas.

A indústria têxtil é considerada uma das maiores economias do mundo, dada sua intensa atividade. Usa, como matérias-primas básicas, fibras naturais (lã, seda, linho, algodão) e artificiais (acrílico, poliamida, poliester, elastano, lycra). As últimas, feitas de petroquímicos, são mais baratas e práticas. Mas, infelizmente, mais poluentes durante o processo de produção e, também, porque levam anos para serem recicladas (o nylon, por exemplo, precisa de 30 a 40 anos para se decompor).

Um estudo da Universidade de Bangalore, na Índia, acompanhou todos os processos de produção de uma roupa e mostrou como ele é poluente tanto para o ar como para a água. As etapas de tingimento e impressão utilizam muita água e químicos e emitem uma enorme quantidade de agentes voláteis na atmosfera, particularmente tóxicos para nossa saúde.

Gradualmente, nos últimos anos, a indústria têxtil tem investido em pesquisas para diminuir o impacto ambiental de sua produção e também encontrar novas soluções, como o uso de tecidos e fibras que durem por um tempo maior e sejam produzidas de forma mais natural.

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Mas não basta a indústria investir em novos padrões, se o varejo e o consumidor final também não estiverem antenados com a necessidade de mudança. Tecidos, como o algodão biológico, por exemplo, ainda custam caro, se comparados às matérias-primas tradicionais.

Mas é da Suécia o exemplo que pode minimizar a culpa do mundo fashion. Várias marcas decidiram abrir lojas de segunda mão – Second Hand Stores. A marca de sportswear Filippa K inaugurou a sua, em Estocolmo, no ano passado. Nela, o cliente pode vender peças de coleções antigas (que obviamente são avaliadas e tem o preço estipulado pela loja) ou, então, levar uma roupa da marca – usada ou muitas vezes, quase nova – para casa. “Foi muito legal abrir uma loja com essa proposta. Ficamos orgulhosos de poder trabalhar com sustentabilidade de uma nova maneira”, afirma Filippa Knutsson, fundadora e sócia da marca. A reação dos clientes tem sido muito positiva. “Eles veem a loja como um lugar onde se pode tomar decisões conscientes tanto ambiental como economicamente”.

Filippa Knutsson, fundadora e sócia da Filippa K, gosta da ideia de trabalhar com sustentabilidade de uma nova forma, através de seu negócio
E não é de agora que a Filippa K se envolve com questões ambientais. Apóia várias ações do WWF - World Wildlife Fund e tem um código de conduta bastante rígido com fornecedores com base em direitos humanos. Além disso, produz coleções contemporâneas e com qualidade para durar com o passar do tempo. Agora, com a Second Hand, o objetivo é lembrar que antigo não é necessariamente fora de moda. A grife, que tem lojas em várias cidades da Europa, Estados Unidos, Rússia, Japão e Austrália, não descarta a possibilidade de abrir outra Second Hand Store no futuro.

A também sueca Boomerang, que tem outras filiais na Escandinávia (Finlândia, Noruega e Dinamarca), sempre investiu na chamada moda Preppy, menos esportiva que a americana e menos formal que a britânica.

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Comentário de jose claudio frança em 26 setembro 2009 às 9:40
realmente já assisti várias matérias e os brechós no Brasil tá bombando

claudio frança

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