Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Com nova alta de Selic, poupança deve continuar perdendo investidores

Com nova alta de Selic, poupança deve continuar perdendo investidores

SÃO PAULO – A alta de 0,25 ponto percentual da Selic (taxa básica de juro), anunciada na última quarta-feira (9) pelo Banco Central (BC), e um provável novo aumento na próxima reunião do colegiado do BC devem ocasionar mais um mês de captação negativa para a caderneta de poupança.

Segundo especialistas, isto pode acontecer porque os investidores têm procurado uma rentabilidade maior nos fundos de investimentos e em outras aplicações de renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto, que têm a rentabilidade influenciadas pela taxa básica de juros.

De acordo com dados do Banco Central, a captação da poupança no mês de maio ficou negativa em R$ 1,301 bilhão, resultado de R$ 107,404 bilhões de depósitos e R$ 108,706 bilhões de retiradas ocorridas no período de 2 até 31 de maio.

Os fundos de renda fixa, por sua vez, registraram captação líquida de R$ 3,354 bilhões no mesmo período, após 58,622 bilhões de depósitos e R$ 55,267 bilhões de retiradas, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Fuga para outros investimentos

Para a professora de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Myrian Lund, o maior número de retiradas da poupança nos últimos meses tem relação direta com o aumento da Selic e a fuga dos investidores para outras aplicações mais rentáveis.

“À medida que a Selic sobe, a poupança vai ficando 'descolada', já que ela possui uma taxa fixa de 6% ao ano, mais TR (Taxa Referencial), que é muito pouco significante”, diz Myrian. Então, as pessoas começam a ver que a rentabilidade está mais alta em outros produtos”, afirma a professora.

Entretanto, ela lembra que, em muitos casos, mudar para um investimento de renda fixa pode não ser a melhor opção, especialmente se o investidor não tiver intenção de aplicar no longo prazo e se o fundo tiver uma taxa de administração muito elevada.

“Não adianta ficar pulando de 'galho em galho'. É preciso fazer os cálculos em relação à tributação, cobrada nos investimentos de renda fixa de acordo com o tempo que o valor fica aplicado (varia de 15% até 22,5%). E também é preciso procurar por taxas de administração que compensem e, de preferência, que não ultrapassem 1% ao ano”, afirma a professora.

Menor poder de compra

O professor de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Gilberto Caetano, também vê a possibilidade da captação da poupança continuar negativa nos próximos meses. Para ele, além da 'migração' para outros investimentos mais rentáveis, outro fator que contribui para uma maior retirada do dinheiro da caderneta de poupança é o aumento da inflação e a consequente queda no poder de compra da população.

“Com os preços mais caros, as pessoas acabam tendo de buscar outras maneiras de adquirir produtos e buscam recursos investidos para poder continuar comprando”, diz.

Além disso, com o crédito mais caro e as taxas de indimplências elevadas, esses recursos também podem estar sendo utilizados para a quitação de dívidas, segundo Caetano.

Impacto no financiamento imobiliário

De acordo com os especialistas, esta captação negativa da poupança nos últimos meses não deve impactar no financiamento imobiliário com recursos de poupança.

“Não acredito que haja um impacto nos financiamentos imobiliários. Isto porque não estamos observando uma saída maciça da caderneta de poupança. Logo mais as pessoas que migraram para os fundos devem voltar para a caderneta de poupança, que não paga imposto e nem taxa de administração”, acredita Myrian.

O professor da PUC também não acredita neste impacto. “Tenho impressão que isso não acontecerá. Até porque, apesar dos empreendimentos imobiliários estarem crescendo, o ritmo do setor já não esta tão intenso como no ano passado, por exemplo, o que resulta em uma menor demanda por recursos. Além disso, tem bastante capital externo vindo para o Brasil para esta área”, ressalta Caetano

 

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