Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os esforços da Greenpeace para eliminar substâncias químicas perigosas da cadeia de aprovisionamento têm vindo a ganhar mais apoio por parte de marcas e retalhistas de moda, como a H&M e a Primark, mas vários desafios têm de ser ultrapassados para atingir essa meta em 2020.  

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Fora com os químicos - Parte 2

A H&M foi uma das primeiras a assinar a campanha da Greenpeace e, tal como a Adidas (ver Fora com os químicos - Parte 1), aponta os desafios de eliminar químicos perigosos da cadeia de aprovisionamento. «As principais dificuldades na eliminação de PFCs foram as contaminações no processo de produção e problemas com certos tipos de têxteis», refere Anna Eriksson, uma porta-voz da H&M. «Os PFCs espalham-se facilmente e é difícil limpar completamente as máquinas. Por isso, muitos acabamentos sem PFCs têm de ser produzidos em linhas de produção independentes daquelas onde são aplicados acabamentos com PFCs», acrescenta. E, refere, «nem todos os tipos de têxteis podem ser usados com acabamentos sem PFCs, uma vez que o revestimento de superfície não pode ser aplicado em certos tipos de fibras. O desenvolvimento está em curso e mais tipos de fibras podem ser usados a cada momento».

Eriksson acredita que a chave para uma eliminação bem sucedida de PFCs para a empresa tem sido «uma boa colaboração» com a indústria química.

Esta é uma visão partilhada por Silvia Raccagni, diretora de comunicação de sustentabilidade da Adidas, para quem a gestão de químicos em cadeias de aprovisionamento complexas exige que «muitos atores», incluindo governos, tenham um papel na criação de soluções eficazes e sustentáveis. «É por isso que colaboramos com parceiros para melhorar a nossa indústria», acrescenta, sublinhando que o facto do grupo fazer parte do Apparel & Footwear International Restricted Substances Management Working Group, que foi cofundado em 2004 com outras seis marcas internacionais.

Em 2011, também se juntou a um grupo de marcas que desenvolveu um roadmap conjunto para chegar a descargas zero de químicos perigosos na cadeia de aprovisionamento até 2020. «À medida que trabalhamos para termos zero descargas de químicos perigosos até 2020, lutamos para empurrarmos as fronteiras ao longo de toda a cadeia de aprovisionamento e com todos os parceiros com quem trabalhamos», explica Raccagni. «Ao mesmo tempo, é um facto que alguns países como a Noruega estão a apertar a legislação que proíbe também a utilização de outros químicos. Vamos, claro, continuar a monitorizar a evolução da legislação e dar o nosso input através de associações empresariais relevantes», acrescenta.

A Greenpeace tem pressionado nos decisores políticos da União Europeia e da China para tomarem medidas para implementar legislação há algum tempo, restringindo todos os grupos de PFCs.

Ilze Smit, que faz a campanha Detox na Greenpeace Internacional, afirma que, atualmente, está a receber o maior apoio da UE para este pedido. «O processo da UE para adotar este tipo de legislação irá demorar algum tempo mas espero que antes de 2020 esteja feito. Foi por isso que pedimos à França para tomar medidas agora. A poluição está em curso e não devíamos esperar que os legisladores implementem leis porque isso vai demorar muito tempo», refere.

Anna Eriksson, da H&M, afirma que a gigante do vestuário dá as boas-vindas a que a legislação seja implementada «num prazo razoável para criar um padrão comum e sinergias no mercado».

A legislação, contudo, pode não ser a resposta total, a não ser que seja aplicada mundialmente, segundo Sandra Meijer, diretora de desenvolvimento de negócio no Centro Reach, uma consultora que ajuda as empresas a cumprir as suas obrigações sob o Reach (Registo, Avaliação, Autorização e Restrição de Químicos) e outras regras mundiais de substâncias. «Pode implementar-se muita legislação na Europa em relação ao que se pode e não pode ter em têxteis, mas em último caso os têxteis não são feitos cá. Essa é apenas uma pequena parte do problema. Muitas vezes o problema maior são as descargas para o ambiente e exposição dos trabalhadores a químicos nos locais onde estes têxteis são produzidos. É mais a montante na cadeia de aprovisionamento», explica.

Há também a questão do custo e em encontrar uma alternativa acessível. Vão os consumidores enfrentar uma escolha simples entre produtos inferiores ou grandes aumentos de preços se quiserem que as suas roupas sejam 100% livres de químicos potencialmente perigosos?

Talvez não. Embora a Adidas não revele informação sobre as implicações financeiras desta eliminação de químicos perigosos, a H&M afirma que o custo dos acabamentos sem PFCs é «praticamente o mesmo» dos que têm PFCs.

Ainda assim, Meijer aponta que pode ser difícil para as marcas assegurar que não são usados químicos e difícil para marcas independentes terem a influência suficiente para levar a sua avante. Mas, enfatiza, «quando a indústria trabalha em conjunto pode ter um impacto».

Ilze Smit, da Greenpeace, acredita, no entanto, que embora a colaboração seja positiva, o ónus está nas marcas mundiais de moda tomarem responsabilidade individual para os seus produtos e cadeias de aprovisionamento. «Não somos contra a colaboração na indústria, mas é importante que não substitua a responsabilidade individual. É isso que o mundo corporativo deve fazer – assumir a responsabilidade e ser responsável pela sua cadeia de aprovisionamento», acrescenta.

E sustenta que a responsabilidade está também do lado do consumidor. «Os consumidores devem perceber que os têxteis não são um produto descartável. Devem fazer a escolha por um produto mais sustentável. Este movimento está agora a crescer devido a campanhas como a nossa, mas também as marcas estão a comunicar mais em relação a produtos sustentáveis. O que espero para 2020 é que os consumidores não tenham de fazer uma escolha, quando estão numa loja, entre jeans ecológicos ou não ecológicos», afirma.

A retalhista britânica de preços baixos Primark tornou-se a mais recente empresa a assinar o compromisso e a Greenpeace está agora a apelar aos primeiros signatários Nike e Puma para acelerarem as suas medidas.

«Talvez seja a desvantagem de ser o primeiro», refere Ilze Smit em relação à Nike. «Mas vamos andar por perto para ter a certeza que estas marcas estão no caminho certo», acrescenta. «A Adidas deu passos muito concretos e isso mostra que é possível na indústria de desporto. Vamos encorajar toda a indústria a seguir o programa Detox e assegurar que tomam responsabilidade. Estamos a trabalhar para 2020 e estou convencida que isso irá eventualmente levar a rios mais limpos na China e no Bangladesh», conclui.
 http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/43798/xmview/...

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Caros,

Vamos voltar a alvejar com leite e luz do luar como faziam os antigos egípcios e também usar sabão de cinza para lavar.

PS. Se quiserem a receita do sabão minha sogra tem, é só pedir

O GREENPEACE usa a boa fé de muitos que acreditam num mundo melhor sem a interferência dos seres humanos. Não vou repetir aqui as inúmeras denúncias de mal uso dos recursos financeiros por seus principais dirigentes.

Mas a hipocrisia do movimento é clara quando fazem protesto contra o uso de produtos químicos nas industrias têxteis vestidos de vermelho brilhante!

Se é para "limpar" o mundo que fossem nus ou vestidos com sacaria!!!

Quem tem telhado de vidro não deve jogar pedra no telhado do vizinho. 

E tingir com minério de ferro,fazendo que a roupa dure um quinto do tempo.

 Então vamos deixar de  consumir  algodão , cujo plantio destroi o meio ambiente, e que envolve fertilizantes, muita  água, agrotóxicos , e especialmente considerando o  que  individuos ecologicamente irresponsaveis fazem nas  lavanderias? Eu não  compro mais  Jeans.

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