Durante 8 anos trabalhei em uma indústria têxtil. Antes de entrar nesse universo não fazia ideia de quanta química há por trás de cada uma das etapas. Desde a extração das fibras até a confecção das peças, há muito trabalho para os químicos que trabalham nessa área. E mais, esse assunto pode ser abordado em disciplinas de Química Orgânica do Ensino Médio.
Hoje os materias têxteis podem ser classificados em
têxteis convencionais utilizados em nosso vestuário, cama, mesa e banho; ou têxteis técnicos (e-têxteis) que contém desde cosméticos em nanopartículas até células orgânicas que armazenam energia solar.
Mas vamos iniciar pela definição do componente fundamental.
Fibra têxtil é a matéria-prima fundamental para a produção de artigos têxteis. É um termo genérico para vários tipos de material, naturais ou artificiais, que formam os elementos básicos para fins têxteis.
As primeiras fibras têxteis eram feitas de materiais muito grosseiros como gramíneas, junco e cana. Utilizadas desde os tempos pré-históricos para fazer telas, cestos, redes de pesca, tapetes e cordas. Posteriormente, foram desenvolvidas técnicas para utilizar materiais naturais considerados mais sofisticados como o linho, a juta e o pelo animal. Somente por volta do terceiro milênio antes de Cristo, fibras como o algodão, lã e seda passaram a ser exploradas.
Nesse anúncio de lingeries femininas publicado no ano de 1916 em Londres, podemos observar que as fibras utilizadas eram pura lã (inclusive para o verão) algodão e seda. Imaginem usar uma lingerie de pura lã e ficar o dia inteiro com aquela sensação de roupa "pinicando"... Mas essa era a realidade.
Somente no final do século XIX, surgiram as primeiras fibras manufaturadas, os “
raions”, obtidos a partir da celulose natural. Na década de 30, desenvolveram-se as
fibras sintéticas, baseadas em
polímeros, como
poliamidas,
poliésteres e
acrílicos.Quando a poliamida foi lançada em 1937, pela
Dupont o fio invisível, resistente e durável desencadeou uma revolução. O sucesso foi confirmado com filas nas portas das lojas e
mulheres brigando por um par de "
meias invisíveis". Atualmente as fibras têxteis são classificadas da seguinte forma:
As fibras têxteis possuem diferentes propriedades químicas, físicas e biológicas, e cada tipo de fibra também possui uma composição química distinta: As
fibras animais (lã, seda, cashmere) são formadas por substâncias à base de
proteínas, as
fibras vegetais ( algodão, linho, juta, sisal) são formadas por substâncias à base de
celulose. As
fibras minerais (
amianto) tem como base os
silicatos e atualmente, são proibidas em vários países, por serem consideradas altamente tóxicas. As
fibras não naturais artificiais ( viscose, modal, liocel, acetato) assim como fibras vegetais são formadas por substâncias à base de
celulose, só que nesse caso são processadas quimicamente. Todas as
fibras sintéticas ou "fibras químicas" (poliéster, acrílico, poliamida) são formadas por substâncias à base de produtos petroquímicos.Ainda existem as superfibras sintéticas que são mais usadas em aplicações industriais do que em vestuário.
No site da
ABRAFAS - Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas, encontramos ilustrações que descrevem resumidamente a obtenção de fibras não naturais.
O primeiro esquema é sobre as fibras artificias acetato e viscose, obtidas a partir da celulose.
O segundo esquema mostra um resumo sobre a produção de fibras sintéticas.
Aguardem mais posts sobre o assunto!